Capítulo 16

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🔫 AVISO: PODEM HAVER ERROS DE DIGITAÇÃO🔫

 

Damian

— Coma logo isso, Freya. — resmunguei impaciente, tomando o resto do suco em meu copo.

Freya apenas revirou os olhos, e continuou cutucando a comida. A única coisa que ela havia feito desde que chegamos aqui.

— Não tenho fome. — bufou.  — Nem mesmo sei porquê estou aqui.

— Sinto te dizer, mas não tinha escolha quanto a isso.

O olhar que ela me lançou era raivoso. Continuava sendo a prepotente e distante Freya, porém seus olhos tinham algo a mais. Estava debilitada, e mesmo que tentasse esconder, não conseguia. Eu já havia visto muitas pessoas com esse mesmo olhar. O pânico, o medo. Ela havia sido machucada, podia ver. Sua frieza atípica deixava isso claro. A garota não tinha amigos, não saia para baladas, nem frequentava restaurantes; não ia visitar museus, nem comprar roupas no Shopping, ou fazer qualquer coisa normal de qualquer pessoa.

É fato que não somos exatamente normais. Quando se é um criminoso, nem sempre é fácil levar uma vida relativamente comum. No entanto, ainda tentávamos. Muitos tinham família, saiam com seus filhos e mulheres. Mesmo dentro da máfia, procurávamos confraternizar. Algumas saídas para barzinhos, alguns jantares. Mas a questão é: Freya não tenta.

Sei disso, pois a tenho vigiado nesses dias. Sim, eu sei. Estou sendo invasivo, mas que se foda. A mulher me intriga totalmente, e sei que algo de muito errado a envolve. E ao perceber a solidão em que ela se encontra, fiquei ainda mais abismado.

Raciocinem comigo: A garota é nova e bonita. Em qualquer lugar que está, chama a atenção. Mesmo assim, prefere ficar sozinha e isolada de todos. O único momento em que ela interage com outras pessoas, é quando está fazendo algum serviço para Roger. E isso não conta.

Por isso, resolvi mandar alguém ficar de olho nela. Em cinco dias, Freya havia saído duas vezes, sem contar nas ocasiões em que ia para A Toca. Toca é o lugar onde a máfia se reúne para tratar de seus assuntos. Obviamente, o nome não faz jus ao local. É apenas uma das transnacionais laranjas  produtora de eletrônicos, comandada por Roger. O nome veio de Joanne, que claramente é péssima para a coisa. Ela adora histórias de super-heróis, e viu esse nome em alguma de suas HQS. Ninguém deu atenção quando ela começou a chamar o lugar assim, mas de tanto Joanne falar, o nome pegou.

Sorri ao pensar na loira. Joanne era mais nova que Eleonora apenas três anos. Eram parecidas fisicamente. Ambas loiras, bonitas e altas. Donas de brilhantes olhos azuis. Contudo a semelhança terminava aí. O que Joanne tinha de bondosa, meiga, extrovertida e amiga, Eleonora possuía de maléfica, traiçoeira e antipática. Nós nunca nos demos bem. Ao saber do acordo patético que Roger e meu pai tentavam fazer, eu quase morri de rir. Queriam me casar com aquela vadia, porra. Havia muita coisa errada nesse acordo.

Primeiro, quem ainda tenta arranjar um casamento em pleno século XXI? Segundo, tenho quase trinta anos, não posso casar com alguém escolhida por meu pai. Terceiro, não me casaria com Eleonora nem por todo o domínio do mundo. Não aguentaria um dia vivo ao lado dela. Ela é tão venenosa que até o ar que respira pode ser tóxico. Pode parecer exagero, mas não é. Essa mulher é uma das mais ardilosas que já pude conhecer. Ela venderia minha cabeça a qualquer um de meus inimigos caso pudesse conseguir algo com isso.

Apesar de me opor totalmente a ideia, eu sabia que Roger e meu pai ainda arquitetavam um jeito de me casar com a Délperier. Ainda mais quando ela se mostrava tão interessada nesse matrimônio. Tão interessada que não pensou duas vezes para meter o pé na bunda de Oliver. O idiota ficou desolado. Desde então me odeia com veemência. Pensei em deixar claro que sua mulher em nada me interessava, porém vê-lo tão descontrolado era divertido.

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