Capítulo 2

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🔫 AVISO: PODEM HAVER ERROS DE DIGITAÇÃO.🔫

Charlie

Minha garganta ardia, em decorrência das várias doses de uísque que já havia tomado desde o final da reunião. Eu sabia que estava me arriscando, mas precisava fazer aquilo. Tinha feito uma promessa, há muitos anos, e vou cumpri-la. Sou um homem de palavra, e farei jus ao seu nome.

"O vento que batia nos cabelos de Charlie, desgrenhava todos os fios extremamente loiros do rapaz. Em outra ocasião, o homem reclamaria, porém, na situação em que se encontrava aquilo não significava nada. Estava puto. Como podiam ter feito aquilo com ele? Como ela podia ter feito aquilo? A amava tanto, e olha o que havia ganhado em troca. Fora traído de todas as formas. Não podia aceitar. Ela o havia trocado por aquele idiota? E o pior, seu pai permitira aquilo. Quebrara nosso acordo, por aquela união esdruxula.

- Maldita! - esbravejou Charlie, batendo os punhos no volante. O tempo fora de seu carro parecia passar em câmera lenta, tamanha era a velocidade em que dirigia.

Mal havia parado o carro, e em segundos já se encontrava do lado de fora, subindo rapidamente os degraus daquela maldita igreja. Lá dentro o padre pronunciava seu discurso, e o loiro sorriu de forma um tanto medonha quando viu que havia chegado na parte certa.

Padre: Vós que seguis o caminho do Matrimónio, estais decididos a amar-vos e a respeitar-vos, ao longo de toda a vossa vida?

Os noivos: Estou, sim.

Padre: Estais dispostos a receber amorosamente os filhos como dom de Deus e a educá-los segundo a lei de Cristo e da sua Igreja?

Os noivos: Estou, sim.

Padre: Antes de receberem as bênçãos do matrimônio, há alguém neste recinto que seja contra esse casamento? - nessa hora todos os convidados ficaram em silêncio, e Charlie, que agora já estava no topo da escada, rio internamente. Estava protagonizando uma típica cena de filme, onde ele, ao ver de todos, seria considerado um vilão - Fale agora, ou cale-se para sempre- o padre ordenou. A igreja ainda estava totalmente silenciosa, e essa foi a deixa de Charlie.

-Eu tenho. - a voz do homem era grave, e no mesmo instante em que se pronunciara, todos os rostos apavorados dos convidados se viraram para ele, que tinha um sorrisinho sarcástico no rosto, mascarando assim a dor que estava sentindo.

Eugénie estava com uma expressão assustada no rosto, mas assim que viu Charlie, ela se transformou em uma carranca de ódio, assim como a de Jean, que o encarava como se pudesse matá-lo apenas com um olhar. Oras, então eles estavam com raiva? Quem deveria estar com raiva era ele, fora ele quem tinha sido abandonado, ele quem tinha sido traído, ele quem tinha sido deixado, sem qualquer tipo de consideração, ELE quem tinha perdido o amor de sua vida. Mais uma vez, o único digno de ter ódio ali era ele.

- Meu Deus, Charlie. O que você pensa que está fazendo? - Eugénie exclamou exasperada.

- Vim ao seu casamento, meu amor. Fiquei muito decepcionado por não ter sido convidado - o sorriso de Charlie era um tanto quanto doentio, e um calafrio passou pela espinha de Eugénie, ela não tinha um bom pressentimento.

- Você só pode ser maluco, cara! Some daqui agora! - Jean esbravejou, tentando inutilmente manter o controle sobre si.

- Ué, mas essa não é a casa de Deus? Somos todos bem-vindos nela, não é mesmo, padre? -todos ali estavam tremendo, sabiam o que havia acontecido, e sabiam que os Walkers não eram homens de deixar algo como aquilo passar. Todos temiam o que viria a seguir. -O que você quer, meu jovem? Por que parou o casamento? -a voz do padre era baixa, ele nunca havia presenciado algo como aquilo, em todos os seus anos de seminário.

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