Corrida parte I.
🔫AVISO: PODEM HAVER ERROS DE DIGITAÇÃO.🔫
*Na foto, carro usado pela Freya.
Damian
Já era final de tarde, e a exaustão era palpável no ambiente. Estavam todos visivelmente acabados, e desgastados. Os que chegaram até ali realmente eram os melhores. Dos mais de vinte, restavam apenas metade. Já haviam concluído quase todas as etapas, mais um pouco e aquilo tudo chegaria ao fim, para meu alívio. Eu também estava cansado, havia participado de tudo, explicando as provas e demonstrando.
Respirei fundo, e olhei no cronômetro novamente. Tempo esgotado. Olhei para a mulher a minha frente. Ela parecia compenetrada no que estava fazendo, olhava o motor como se conseguisse falar com ele, como se o entendesse. E eu sabia que ela podia. Seus olhos transbordavam a paixão que sentia por aquelas máquinas; e quando se ama algo, quando se gosta do que faz, não é preciso esforço para entender, é como se vocês tivessem uma ligação, falassem um idioma próprio; se comunicassem sem palavras. Eu conseguia enxergar isso enquanto a observava trabalhar. A primeira coisa que havia feito, ao abrir o capô, foi o contemplar, sem fazer qualquer movimento. Quem a visse daquela forma, pensaria que ela não sabia o que estava errado, porém, naquela hora, não era seu raciocínio que agia, e sim sua sensibilidade. Eles estavam se comunicando; e quando ela de repente foi direto ao defeito no motor, que eu mesmo havia causado, constatei a veracidade de meus pensamentos.
Levantei de onde estava sentado, e caminhei até ela, que me encarava com um ar orgulhoso. Sabia que havia conseguido cumprir a lição, apenas por olhá-la.
— Seu tempo acabou. Conseguiu concertar o defeito? — perguntei a ela. Freya apenas balançou a cabeça em concordância. — Sabe que se tiver qualquer coisa errada no carro, além do defeito que te mandei arrumar, você está fora, e terá que pagar o concerto, não é? — minha voz era grave, e séria. Pelo jeito que me encarava de volta, notei que ela em nada se afetou com a arrogância proferida em minhas palavras. Pelo contrário, mantinha um ar leve e impenetrável. Me irritei com aquilo. Mal a conhecia, contudo essa inexpressividade que Freya a carregava era um inferno para mim. Ela quase não parecia humana, e sim robô.
— Se vamos cobrar algo aqui, eu é quem terei que ser recompensada pelo o que fiz com esse carro. — ela disse confiante.
Um sorrisinho debochado brotou em meus lábios. Tirei as chaves do bolso, e caminhei em direção ao automóvel.
— Hora de provar. — disse dando partida no carro, porém mesmo com o barulho do motor, tinha certeza que ela que ela me ouvira.
Estávamos numa área descampada, uma pista de corrida improvisada, com algumas curvas sinuosas.Ao dar partida, o motor roncou suavemente, respondendo ao comando de imediato. Pisei fundo no acelerador, e dei algumas voltas com o carro, apreciando a velocidade e o vento batendo contra meu rosto. Freya estava certa, ela não apenas havia concertado o problema, mas também tinha melhorado o motor. Estava mais fácil fazer curvas, e manobras. A garota é boa.
Alguns minutos depois, estacionei no lugar onde Freya estava montando. Sua expressão não passava de um olhar envaidecido.
— E então? — ela perguntou, e pude sentir o deboche sutil em suas palavras.
— Bom trabalho. — disse simplesmente.
Me virei para os outros, que agora estavam sentados esperando um novo comando. — Todos vocês foram muito bem, se mostraram realmente bons no trabalho que resolveram desempenhar. Mesmo cansados, deram o melhor de si. Isso é bom. Estão à horas sem se alimentar, por conta do teste de resistência. Como devem saber, a última parte sempre é a corrida. Terão duas horas para descansarem, e se prepararem. Podem ir para casa. — falei observando os rostos aliviados por poderem descansar.

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Linhagem
ActionTrês máfias, um objetivo: controle. Órfã, desde sempre a única realidade de Freya é a máfia na qual ela trabalha. Seguir ordens de seu chefe é tudo o que ela fez. Matar, roubar, torturar e principalmente: jamais se envolver. E ela seguia a risca tai...