🔫AVISO: PODEM HAVER ERROS DE DIGITAÇÃO🔫
Freya
França, 28 de janeiro de 2017. Oito e vinte da noite.
O vento forte chicoteava meu corpo, e os veículos passavam por mim como um borrão. As células dentro de mim pareciam estar se desintegrando, e se refazendo ao mesmo tempo, tamanho era o meu prazer por velocidade. A sensação de liberdade quando estou em cima de uma moto, é inebriante; a adrenalina que corre em minhas veias, me excita. O trânsito estava tranquilo hoje, por isso, cheguei ao restaurante em apenas alguns minutos.
Estacionei a moto em frente à fachada do estabelecimento, e caminhei sem pressa até o interior. A parte de dentro do local era sofisticada, como a maioria dos restaurantes franceses.
Varri os olhos pelo lugar, procurando meu acompanhante, e o encontrei sentado no canto, em uma mesa mais afastada. Andei até lá, ciente de seu olhar sobre mim. Seus olhos me analisaram dos pés à cabeça, de uma forma nada discreta.
— Fiquei curiosa ao receber seu telefonema. — disse me sentando — Não temos muitos assuntos em comum. — falei apoiando minhas costas na cadeira.
— Fico feliz que tenha aceitado meu convite. — Damian respondeu, dando um pequeno sorriso ladino.
— Nunca negaria um convite para jantar. — falei o encarando. — Mas tenho certeza que não estamos aqui apenas para comer e desfrutarmos da companhia um do outro.
— Vamos fazer os pedidos primeiro, e jantar. Os negócios vem depois. — me cortou. Apenas assenti calada, e vi o garçom se aproximar com o menu.
— Quero um Parmentier de canard. — falei depois de um tempo de análise — E de sobremesa, um Profiterole. — entreguei a carta de cardápios ao garçom, e observei o meu acompanhante, enquanto ele fazia seu pedido, e olhava a carta de vinhos. Damian estava vestindo um terno preto, feito à risca para seu corpo. A roupa ressaltava todos os seus músculos, e era perigosamente tentador para qualquer pessoa. Desde o momento em que ele me convidara para jantar, minha curiosidade estava aflorada, afinal de contas, qualquer assunto sobre a máfia, não deviam ser tratados em um restaurante.
Assim que fez seu pedido, e o garçom saiu em direção à cozinha, Damian voltou seu olhar para mim. Ele se encostou na cadeira, e apoiou o cotovelo em seu dorso. Sua testa estava franzida, e ele parecia procurar alguma coisa. Depois de algum tempo em silêncio, sendo observada dessa maneira, comecei a achar que havia algo errado comigo. Em meu rosto, talvez. Será que o capacete havia amassado meu cabelo de tal forma que ele não conseguia parar de olhar para a mata atlântica que estava formada em minha cabeça? Era uma possibilidade não muito remota, afinal.
— O que você tanto olha? — perguntei ríspida. Aquela observação toda não estava me agradando. Ao ouvir minha voz, ele pareceu acordar de algum tipo de transe, e piscou levemente constrangido.
— Me desculpe. — pediu, pigarreando em seguida, e ajeitou a gravada, que já estava perfeitamente alinhada.
Balancei minha mão, indicando que estava tudo bem. Novamente o silêncio voltou a reinar entre nós. Não era como se pudéssemos evitar. Não nos conhecíamos, e ele parecia não confiar em mim. Isso não era bom.
— Desconfia de mim, não é? — perguntei, enquanto mexia no guardanapo de linho posto em cima da mesa, e olhava as figuras que estavam no restaurante. Todas muito elegantes; a maioria eram casais. Percebi de canto de olho Damian se remexer na cadeira, assim que assimilou o que eu disse.
— Como? — sibilou baixo. Voltei minha atenção para ele, e sorri de forma sarcástica.
— Você desconfia de mim. Vejo isso em seus olhos, toda vez que me observa. — O homem a minha frente parecia surpreso com minhas palavras. Mas a surpresa foi substituída por raiva, poucos segundos depois. Seu maxilar estava travado, e seu punho fechado, em cima da mesa. — Não precisa ficar bravo — debochei — É muito difícil alguém conseguir esconder as coisas de mim. Você não é o único que não sabe mascarar seus sentimentos. — ter dito isso não parece tê-lo deixado muito contente, pois o encarar mortífero que lançou em minha direção, quase me fez tremer de medo.
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Linhagem
ActionTrês máfias, um objetivo: controle. Órfã, desde sempre a única realidade de Freya é a máfia na qual ela trabalha. Seguir ordens de seu chefe é tudo o que ela fez. Matar, roubar, torturar e principalmente: jamais se envolver. E ela seguia a risca tai...