18. Presságio

1.4K 215 439
                                    

• Já votou nesse capítulo? Só clicar na estrelinha, no canto esquerdo, ali embaixo ;) •

*Eren*

Queria vê-lo, ao passo que também gostaria de nunca mais ter que submeter-me a uma rotina em que ele estivesse sempre tão presente.

Decidi não ir pra casa. Sabia que estava sendo descuidado e correndo risco de adoecer, pois a chuva não dava tréguas, mas não podia encarar meus amigos sem dar uma explicação para o meu estado. Provavelmente meu rosto estava inchado de tanto chorar, minhas roupas estavam molhadas e minha voz rouca. Além disso, eu não iria conseguir inventar nada que justificasse minha presença ali sem que Levi tivesse ido me levar.

Andei pelo parque por alguns minutos, porém ver tantas árvores também me fazia lembrar ele, a ida até a floricultura e o que me dissera depois.

"Quero que nós dois possamos nos recordar de sermos felizes."

Eu duvidava muito que eu pudesse ser feliz naquele momento, mesmo lembrando de tentar.

Num canto escuro entre os arbustos o avistei, corri até lá, por um instante quis dizer, gritar a ele todas as verdades que estavam presas em minha garganta.

- Rivaille... - Toquei seu ombro e o vi desaparecer como se fosse névoa.

Só mais uma ilusão. Mais uma vez ele se foi. Talvez eu estivesse surtando.

Procurei a árvore que me fez companhia quando briguei com Mikasa, e lá estava ela, me esperando, apenas com algumas folhas a menos por causa da chuva forte. Sentei ao pé da amiga vegetal, numa pequena poça de água, a chuva estava diminuindo aos poucos, mas as gotas ainda faziam com que a lama respingasse em minha roupa, eu estava um trapo humano, em muitos sentidos.

Imaginei se teria alguém me procurando. Talvez Levi tivesse se dado ao trabalho de fazer isso. Se ele falou com meus amigos, provavelmente estariam fazendo o maior alarde com meu sumiço. Achei injusto com a família que escolhi; deixar todos preocupados comigo, sendo que eu estava a poucos passos de casa, completamente inteiro fisicamente, sendo que podiam estar a pensar mil coisas a respeito disso e provavelmente era exatamente assim, visto que sempre me protegiam em excesso, até porque eu fazia o mesmo com eles, só que de uma maneira diferente.

Por esse motivo me levantei e com apenas uma chuva fina a manter minhas roupas molhadas, caminhei em direção a casa, até que ouvi passos atrás de mim. Meus instintos se ativaram rapidamente e me lembrei das aulas de defesa pessoal e tudo mais, cerrei os punhos.

Virei-me pronto pra atacar quem quer que fosse, mas o senhor que naquele momento se encontrava à minha frente não fez um movimento sequer e congelei com a aparência inofensiva dele.

- Não se preocupe, não vim fazer mal a você, só quero conversar um pouco. - A expressão era limpa.

- E quem é você? Por que um desconhecido iria querer conversar comigo numa noite de tempestade como essa e por que eu iria aceitar?

- Não sou alguém importante. Só estava te observando a alguns minutos, desde que se sentou ali - ele apontou para a árvore - e vi que limpou o rosto algumas vezes, estava chorando ou a chuva incomodava? - Ele parecia saber a resposta, só estava me testando, para saber se eu responderia a verdade ou fugiria do assunto, o que com certeza era a decisão mais acertada.

- E isso é da sua conta desde...? - Perguntei como se fosse uma criança mal educada. Algo me dizia para ir embora, mas aquela expressão calma e os olhos cinza se assemelhavam aos de certo alguém, isso me fez ficar.

- Achei que fosse um rapaz mais sensível quando te vi chorar, mas vejo que é tão voluntarioso quanto mostra a cor dos seus olhos.

- Os seus mostram frieza. - Rebati. "E maldade, talvez. Será que é assim que Levi é? Os dois levam quase a mesma cor nos olhos."

Sob Seu Controle • EreriOnde histórias criam vida. Descubra agora