20. Espírito negro

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-Levi-

- Hanji, é o Kenny, ele esteve com Eren. - Eu estava um tanto vacilante em dizer aquilo frente à Eren e seus amigos, entretanto não tinha tempo a perder e quanto mais eles soubessem que deviam se proteger, melhor.

Acabamos dizendo por alto o que acontecia, alertando os jovens de que deveriam ter atenção redobrada dali em diante, pois não sabíamos até onde iriam as investidas de Kenny ou o quanto ele sabia sobre nós e as relações deles comigo.

Aquilo estava ficando perigoso demais, eu precisava dar um basta.

Era um enigma para mim descobrir como as coisas podiam estar perfeitas em um dado momento e em outro fossem quebradas com apenas algumas palavras.

Senti-me esquisito desde o momento em que Eren começou a falar sobre intuição. Assuntos sem fundamento ou comprovação aceitável costumavam me deixar cético, todavia desde que encontrei um cara que conheci em minha vida passada esse tipo de assunto começara a me deixar inquieto. Uma intuição deixou de ser mais um golpe de falsos profetas ou coisas do tipo, para talvez, apenas talvez, ter um fundo de verdade. Depois que vi o vulto pela janela a desconfiança aumentou. Assim que ouvi o garoto falar sobre o homem no Parque Phantom, supus que não fosse nada bom, mas não esperava mesmo ouvir aquelas palavras... Não tão exatamente iguais. Era um aviso. Um aviso de que ele estava por perto.

*Flashback On*

(França, 2001)

- Então cher neveu, quando pretende parar de sofrer com essas coisas? Você sabe que seu pai não vai te deixar em paz com essa coisa de carreira militar. - Dizia Kenny ao sobrinho que se encontrava jogado na cama, exausto após a visita à base Rose.

Kenny Ackerman... Sempre tentando enlouquecer e manipular os outros, não queria que ninguém fosse feliz, visto que o próprio não era.

- Estou bem, tio. Não sofro. Eu não me importo, até gosto do trabalho do papa, é divertido ir até lá. - Disse o pequeno Levi, achando que o tio só queria seu bem. Realmente gostava de visitar a base militar com o pai.

- Você diz isso agora, porque não sabe como é estar lá dentro, com todas as exigências e responsabilidades. - O homem incitava o garoto para o mal, incomodava-o saber que tudo ia bem na vertente fértil e boa da família Ackerman.

Rivaille gostava de conversar com o tio. O parente sempre brincava com ele e procurava saber de suas coisas, sendo que nem a mãe, nem o pai tinham tempo para isso, mesmo que quisessem. Kuchel era dona de um ateliê e Ablon era militar, eles viviam às voltas com as exigências dos trabalhos. Não que Levi realmente gostasse de contar suas experiências nem conversar, mas era bom ter o tio por perto, saber que poderia fazê-lo caso tivesse vontade.

- Eu realmente não me importo. Gosto da ideia de parecer com o papa, quero usar aquela farda bonita que ele usa e ser tão importante quanto ele. - Comentava Levi orgulhoso por ter um pai tão inteligente e importante. Como toda criança, seu sonho era um dia ser igual ao genitor.

Quanto a Kenny, olhava o moleque e só tinha vontade de esganá-lo por ser um dos motivos da felicidade constante de seu irmão e rival, e da própria infelicidade.

**

Dois meses depois daquela conversa, Levi viu seu tio chegar em sua casa com uma valise média. Descobriu que o tio dormiria ali durante o fim de semana. Sentiu-se bem por ter alguém da família em casa, além de seus pais, especialmente alguém que lhe dava atenção.

Sob Seu Controle • EreriOnde histórias criam vida. Descubra agora