23. Utopia

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"As luzes acesas da cidade não clareiam o meu coração

Mesmo olhando o horizonte, não te enxergo ao longe.

O que me dizes de não ter meus olhos diante de ti, sendo um espelho do meu coração?

Uma passagem para a minha alma, para que possas tripudiar sobre ela?

Um espaço obscuro onde possas jogar teu ódio?

Até parece que suas lágrimas quebrariam em volta de mim se estivesses em meu lugar.

Mas então pensei:

- Quão injustos podemos ser com os mortos?"

Kah Senju - Poema dos Mortos


As mãos suavam e a ansiedade que o consumiu na última semana tinha se tornado uma avalanche naquele momento exato e o havia soterrado.

Enquanto aguardava por Levi, que fora buscar uma bebida para ambos, visto que um problema com as bagagens que já estavam no avião iria atrasar o voo, não sabia se afundava na poltrona da sala de espera da área VIP ou se levantava e fazia um buraco no chão por dar voltar excessivas naquele piso bege.

Sua ansiedade advinha de vários motivos. Indo por ordem dos futuros acontecimentos, o primeiro receio - não medo - era o da viagem de avião. Não que tivesse algum medo real de aviões ou de altura, mas estava apreensivo por ser a primeira vez que viajava numa aeronave.

O segundo motivo dizia respeito ao fato de que iria conhecer os sogros. Esse sim, se tratava de um medo muito real, tinha pavor de não ser aceito, mesmo que Levi confirmasse mil vezes o quanto seus pais eram inteligentes e gentis a ponto de não se importarem com regras da sociedade nem seus limites monetários. Eren não gostaria de ser detestado pelas pessoas que geraram aquele que tanto amava. Faria de tudo para agradar e isso tomava sua mente de ideias que envolviam suas partes mais meigas e afáveis.

Humanos e seus julgamentos antecipados que só os fazem sofrer...

Também havia o fato de conhecer uma cidade nova, aquilo lhe trazia uma ansiedade muito boa, um frio na barriga; queria pousar logo na França e ver tudo aquilo que pesquisou na internet. As fotos eram incríveis! Pela primeira vez em sua vida queria de todo o seu coração visitar um museu e tinha certeza de que Levi tentaria chateá-lo com isso. O Louvre foi um dos primeiros locais que realmente se interessou ao digitar "França" na caixa de buscas, mesmo que esta tenha lhe dado mais imagens da Torre Eiffel e que depois tenha se apaixonado realmente por ela. Jaeger era homossexual, romântico e estaria com seu amado na cidade mais romântica do mundo, contudo não fazia tanto o seu gênero tirar fotos em lugares tão clichê, encontraria um lugar diferente para fazer isso. Sua personalidade era dotada de uma vontade pelo novo, pelo não tão interessante aos olhos alheios, mesmo que o Louvre fosse um dos museus mais famosos do mundo, o primeiro destino dos casais era sempre a Torre.

O fato que Eren desconhecia é que não iriam para Paris; pelo menos não diretamente. Estava correto em pensar que iriam, pois as passagens davam esse destino, mas de lá iriam para uma cidade próxima, onde Kuchel e Ablon moravam.

Os minutos passavam e para Levi a fila o destruiria mentalmente até que chegasse sua vez de ser atendido. Terminantemente odiava esperar. Não havia parte boa nisso, porém se fosse obrigado a admitir, diria que o tempo não fora totalmente perdido. Havia pensado sobre as rotas que escolheu mentalmente para levar o garoto que o aguardava na sala de espera e que deixava visível a ansiedade. Rivaille também não podia negar a vontade latente de estar com os pais e viver coisas novas com Eren. Inicialmente pensou em leva-lo por toda Paris, visitar os locais turísticos, todavia não era de seu gosto o demasiado romantismo com o qual todos se comportavam naquele lugar, especialmente ao redor da Torre. Era sufocante. Sendo assim, fez um mapa mental dos lugares especiais, mais especificamente cidades-distrito que queria que o jovem conhecesse, ainda que tivesse a certeza que voltaria a Paris e só então poderiam terminar a viagem em grande estilo.

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