Quando posso ir vê-la?

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-Justin? – questionei, reconhecendo aqueles olhos lacrimejantes que me fitavam.

Ele ficou espantado a olhar para mim, como se fosse um fantasma...

-Yara...? – disse, esfregando os olhos.

-Justin... – comecei a chorar e abracei-o fortemente.

-Nem acredito que estás aqui... Passou tanto tempo... – desfez o abraço, olhando-me nos olhos.

Só nesse momento é que reparei na vermelhidão e no inchaço dos seus olhos, parecia que não dormia há dias...

-Já soube do que aconteceu... – afirmei, limpando as lágrimas que caíam pelo meu rosto – Sinto muito...

Estas foram as palavras que mais me custaram a dizer... Eu também precisava de apoio, mas senti que ele precisava... Tinha perdido a minha irmã, mas o Justin tinha perdido a pessoa que amava...

-Entra – abriu mais a porta, dando-me espaço para entrar em casa, e pegou nas minhas coisas.

-Deixa estar, eu levo isso – tentei esboçar um sorriso.

-Não te preocupes, eu levo...

Assenti e entrei em casa. Estava tudo estranhamente igual... Fui até um pequeno móvel onde tinha as fotos de família e peguei numa que me chamou a atenção. Era ela... Como estava linda... O seu sorriso encantador, o olhar brilhante... Deixei cair uma lágrima ao lembrar-me das nossas discussões. Devia ter aproveitado o pouco tempo que tinha com ela... Cometi tantos erros...

-A culpa foi minha... – disse, colocando as minhas coisas no chão.

-Não digas isso... – voltei a colocar a fotografia no lugar.

-É verdade... Foi por minha causa que ela morreu... – vi uma lágrima a escorrer pela sua face, deixando um rasto brilhante.

-Fizeste a escolha certa... Não te culpes...

-Poderia ter evitado tudo isto! – deu um murro na parede.

-Justin, ninguém pode mudar o destino...

-Destino? Perdi a mulher da minha vida, num acidente em que fui eu o culpado! – gritou – Chamas a isso destino?!

Não respondi, pois comecei a ouvir um choro fininho, mas bem alto. Era o Danny.

-Posso ir vê-lo? – questionei, referindo-me ao dono do sonoro choro.

-Claro, está no meu quarto...

Subi rapidamente as escadas e dirigi-me ao quarto que outrora fora do Justin e da Natasha.

Assim que entrei, vi um pequeno berço azul, encostado à parede, por baixo da janela que fracamente iluminava o quarto. Mal olhei para o pequeno ser que lá estava, a chorar, deixei cair um lágrima. Tão lindo... Tão perfeito...

Peguei-o com cuidado e aconcheguei-o no meu colo.

-Não chores... – dei-lhe um beijinho no fino cabelo que cobria a sua pequena cabeça, fazendo-o calar.

Embalei-o um pouco e, quando o consegui adormecer, coloquei-o novamente no seu berço.

-És tão lindo... – disse, ao acariciar-lhe a bochecha – És parecido com a tua mãe... – deixei cair mais uma lágrima.

-Também acho o mesmo... – concordou Justin, ao aparecer à porta do quarto – Tem o olhar dela... – colocou-se do outro lado do berço, olhando para o seu indefeso filho.

-O nariz também é parecido... – sorri, lembrando-me da fotografia que tinha visto.

O Danny dormia como um anjinho, estava tão tranquilo, tão inocente.

-Os meus pais já o viram? – questionei.

-Sim, viram-no no dia do funeral da Natasha.

-Quanto tempo tem?

-Faz amanhã duas semanas...

-Como te tens aguentado? – perguntei, olhando-o nos olhos.

-Não muito bem... A minha sorte são as visitas diárias dos teus "modelos" masculinos – disse, fazendo aspas com as mãos.

-Os Bang's? – questionei.

-Sim, principalmente o Ji Yong e o Taeyang... Nunca pensei vir a dizer isto, mas se não fossem eles, não sei se seria capaz de cuidar dele... – olhou novamente para o seu filho – Então e tu, como estás?

-Dentro dos possíveis...

-Continuas a ter fisioterapia?

-Sim, quatro vezes por semana... – suspirei – Não sabia que os rapazes vinham aqui tão frequentemente... –voltei ao assunto anterior.

-Vêm desde que o Danny veio para casa... Aliás, hoje eles vêm cá, os cinco, convidei-os para jantar – esboçou um pequeno sorriso – Espero que não te importes.

-Claro que não – sorri – Se quiseres, posso ajudar-te a cozinhar.

-Agradecia imenso... Não lido bem com as multiplicações dos temperos... – disse, um pouco envergonhado.

-Eu ajudo-te.

Olhei pela janela e reparei que estava a começar a chover.

-Justin... – chamei, despertando a sua atenção – Quandoposso ir vê-la?


Espero que tenham gostado :)

Obrigada por tudo, beijito :*

Walking To HappinessOnde histórias criam vida. Descubra agora