Ela não vai assim vestida!

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-Vamos... - respondi, tentando esconder a minha tristeza.

-Tens algum tema em mente? - perguntou.

-Bem... eu pensei em escrever sobre o amor, a dor que ele provoca, como uma perda, por exemplo - sugeri, sentando-me no chão.

-Gosto dessa ideia - sorriu, sentando-se ao meu lado.

-O que achas de ser em inglês?

-Acho fenomenal! - sorriu de "orelha a orelha".

-Como a maioria vai cantar em coreano e em grupos, penso que algo diferente ia ser giro - sorri.

-Também vai ser giro ganhar - piscou-me o olho, o que me fez corar.

-É... - olhei-o nos olhos, ainda envergonhada.

Por estranho que pareça, ele também me olhou nos olhos. Ficámos assim durante um tempo, como se o tempo tivesse parado. Ele começou a aproximar-se, já sentia a sua respiração contra a minha face.

-Então... vamos... começar...? - perguntei, com dificuldade, pois estava perdida naquele olhar.

-Sim... - sorriu.

-Então... por onde começamos? - afastei-me.

-Pelo tema, que neste caso é o amor e a sua dor.

-Rimaste!

-Já estou inspirado - riu, o que também me fez rir.

-Também pode ser sobre um amor impossível, proibido, como se duas pessoas se amassem e não pudessem ficar juntas.

-Hum... estou a perceber... um amor condenado!

-É isso mesmo! - sorri, animada.

-Se quiseres podemos escrevê-la em coreano e depois eu trato da tradução.

-Não te importas de o fazer?

-Claro que não, eu ofereci-me!

-Obrigada. Muito obrigada mesmo.

-Não tens que agradecer, eu quero mesmo ajudar. Mãos ao trabalho?

-Vamos lá! - falei tão alto que parecia quase um grito.

Ficámos cerca de dois minutos calados, provavelmente, a pensar no mesmo: como começar a música.

-E se começarmos com o refrão, mas mais calmo, utilizando o próprio nome da música, "Amor Condenado"? - sugeri.

-Boa ideia! - concordou, tirando-me o caderno e a caneta da mão e apontando algo.

-"Na eterna..." - faltava-me uma palavra essencial.

-"Escuridão"?

-Isso mesmo!

-"Um amor separado, sem haver uma razão" - disse, continuando a escrever todas as nossas ideias.

-"Um amor que nasceu, condenado a terminar" - pensei alto.

-Tens jeito para isto, acho que não precisas da minha ajuda.

-Claro que preciso! - contestei.

-A letra está a ficar linda e eu nem fiz quase nada.

-Mas foram os teus pequenos detalhes que lhe deram vida... - não sei porquê, mas corei ao dizer isto.

-Ficas tão fofa vermelhinha - riu, apertando-me as bochechas.

Olhei séria para ele. Não gosto que me apertem as bochechas, como se fosse uma criança.

Walking To HappinessOnde histórias criam vida. Descubra agora