— Como foi à noite? — Steven Traynor perguntou sentado na ponta da mesa de oito lugares da Granta House.
Tentei evitar imagens como corpos nus chocando-se um no outro, mas foi praticamente impossível. Remexi-me discretamente na cadeira e torci para que ninguém tivesse visto.
— Foi boa, obrigado. — Will disse, por fim, depois de tomar um longo gole de café preto. — Aquele quarto sempre vai ser o meu preferido. Sinto saudades dele.
— Sabe que você pode vir para cá sempre que quiser.
Tinha uma entonação diferente na voz de Camilla Traynor.
— Camilla, querida, não seja boba. Nosso Will não vai voltar para este fim de mundo e deixar a grande Londres, não é mesmo, filhão?
Os olhos do mais velho passaram por mim por um instante. Será que isso tem a ver com o que disse ontem a noite sobre voltar para Stotfold?
— Claro que não, pai. Tenho a minha empresa lá.
Comi um pedaço do bolo de cenoura e permaneci em silencio.
— Sabe, Srta. Louisa, nós moramos lá por um tempo quando Will era pequeno. Temos nossa casa lá ainda e não mudamos nada. Podíamos nos encontrar lá dia desses para você conhece-lo melhor.
— Ah, seria uma honra, Sr. Traynor.
Continuamos nosso café da manhã. Os Traynor, agora, pareciam menos extrovertidos do que ontem e, então, comecei a ter quase certeza de que estavam assim pelo álcool. Aliás, apesar de serem muito gentis, eu preferia aquele outro jeito deles; o jeito de quem não se comporta sempre como ricões refinados.
— Se não se importam, preciso abrir o Castelo agora. — Steven disse, ficando de pé, sorrindo meio sem graça.
Merda, o castelo! Por que eles não mencionaram este assunto perto de mim? Eu ainda trabalho para eles, não?
— Sr. Traynor eu quero pedir desculpas por estar sumida ultimamente do trabalho. — Que diabos estou falando? — Não quero que o senhor pense que...
— Ah, Louisa, por favor, não se preocupe. Seu cargo está sendo ocupado temporariamente até você voltar. Sabe que se quiser ficar em Londres por mais tempo pode ficar e quando voltar à recepção será toda sua.
— Tudo bem. Obrigada.
Fiquei grata pelos Traynor não terem tocado no assunto antes. Agora parece que eu estou pedindo um emprego para o meu... Sogro? Mas não é assim. Comecei aqui antes de sequer tocar em Will.
— Bem, estamos de saída também. — Disse Will, ficando em pé quando viu que terminei meu café. — Não posso chegar muito tarde na empresa hoje. Vai ficar fazendo o que no restante do dia, mamãe?
— Vou ir para o tribunal às dez horas porque tenho uma audiência. Um pai trabalhador que quer a guarda da filha está lutando contra uma mãe drogada. Bem, pelo visto não vai ser muito difícil tomar uma decisão, eu acho. Depois vou cuidar do meu jardim.
— Certo. Boa audiência. E, ah, qualquer dia desses vamos apresentar seu jardim para a Louisa. Ela vai gostar.
Ele me chamou pelo nome de batismo?
— Eu adoraria. — Sorri.
Como na noite anterior voltamos para Londres de jatinho. Não demorou mais do que meia hora e já estávamos no carro com Nathan andando na estrada de frente para o rio Tâmisa. Pensei que iriamos direto para o apartamento gigantesco de Will, mas passamos reto.
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Como eu era antes de você (Hot Version)
Roman d'amourEle era um pesadelo vestido de sonho. E ela sabia disso. Tinha um letreiro enorme escrito "problema" no rosto daquele homem, mas, quando a atração e a obsessão são muito maiores, não há o que fazer. E Louisa não faz nada, apenas se entrega. Caí de c...