Quatro paredes pretas me cercavam. Eu estava sozinha e meu coração disparava com a ideia de estar em perigo. Um pânico crescente culminava em meu peito a medida que os minutos se passavam e eu não enxergava nada além de mim mesma. Era como se eu estivesse me vendo de fora; como se eu fosse a expectadora admirando meu próprio desespero. E então, de repente, Patrick surgiu ao meu lado. Eu o olhei e comecei a chorar no mesmo instante. Por quê? Por que você fez isso comigo? E então uma luz acendeu-se ao meu outro lado e eu me virei. A luz iluminava perfeitamente um ângulo circular. E ali, deitado no chão, remoendo-se de dor em meio a um sangramento infinito, estava Will. Ele me olhava e pedia silenciosamente por ajuda.
Sentei-me absorta na cama. Senti o suor escorrer por minha nuca. Minha respiração estava acelerada. Olhei em minha volta. Foi apenas um sonho, tentei me tranquilizar. Um sonho que refletia o meu medo mais sombrio: perder Will.
Eu estava sozinha no quarto de hóspedes. O relógio ao meu lado marcava 21h23. A cama ao meu lado estava bagunçada, indicando que Will esteve ali antes, e o resto da imensa casa permanece silenciosa. Treena e Thomas foram embora hoje mais cedo. Sei disso porque vieram se despedir de mim com um beijo na bochecha, enquanto Treena, mais ordenava do que pedia, para que eu continuasse deitada. Eu queria que eles ficassem. Seria bom ter algum conforto a mais por perto depois do pesadelo que vivi — e depois desse pesadelo em sonho.
Fiquei de pé notei que estava só de calcinha e sutiã. Senti minhas bochechas queimarem quando lembrei-me do motivo de eu estar quase nua: eu e Will fizemos amor antes de dormir. Falando nisso... Eu dormi o dia inteiro!
Me vesti com uma camisa de Will, que ficava quase como um vestido em mim, e desci as escadas. Esperei encontra-lo na sala, mas tudo estava vazio. Ele deve estar no escritório trabalhando — isso era no que eu queria acreditar. Mas, no fundo, sabia que ele estava colhendo informações sobre o possível paradeiro de Patrick.
Fui até a cozinha. Eu precisava fazer algo útil para me distrair. Será que Will já jantou? Penso em ir até ele, mas sinto medo de incomodar. Então fico na cozinha sozinha. Hum... O que eu devo preparar para agradá-lo?
Pego batatas, temperos, peito frango congelado e tomate. Vou fazer batata refogada e frango grelhado na frigideira. É algo simples e garanto que Will tenha provado isso — Charlotte, a empregada, sempre prepara os pratos mais requintados. Ás vezes uma comida caseira e simples faz bem.
Então comecei o meu trabalho. Descasquei as batatas e coloquei-as no fogo junto com alguns temperos — dica fatal de Josie Clark. E depois cortei o frango em fatias finas e coloquei-o na frigideira antiaderente, temperando-o direto enquanto já estava no fogo. A cozinha parece estranhamente uma caverna — não deveria, porque seus moveis a deixam completamente magnifica e moderna — mas cada som que eu fazia, tinha um eco ao fundo. Então fui correndo até a sala e peguei o iPod de Will. Coloquei os fones em meu ouvido e Toxic, da Britney Spears começou a tocar. Não pude evitar uma risadinha quando imaginei Will ouvindo isso. Logo ele, com seu gosto tão apurado e sereno para músicas.
E quando eu menos esperei, já estava dançando ao som da música enquanto me dividia para cuidar das duas panelas. Fiquei apenas alguns dias sem cozinhar e já me sentia uma novata na cozinha. Estava sentindo falta disso. Cozinhar me fazia se sentir em casa — mesmo que este lugar seja o triplo do tamanho da minha casa em Stotfold.
— Dont't you know that you're toxic? — Cantarolei a música, rebolando o bumbum. Pinguei uma gota do pouco molho que ficara na frigideira para conferir o sal do frango. — Hum... Hmmmm.... Hã, hã... Toxic? — Cantarolei no ritmo da música.
Desliguei o bico do fogão das batatas. O frango precisava só mais de alguns minutinhos. Estava ansiosa para ir até o escritório de Will, bater de leve na porta e dizer que o jantar estava pronto. Eu me sentiria um pouco mais útil.
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Como eu era antes de você (Hot Version)
Storie d'amoreEle era um pesadelo vestido de sonho. E ela sabia disso. Tinha um letreiro enorme escrito "problema" no rosto daquele homem, mas, quando a atração e a obsessão são muito maiores, não há o que fazer. E Louisa não faz nada, apenas se entrega. Caí de c...