A primeira semana que se passou foi a mais difícil da minha vida inteira em Stotfold. Nunca pensei que apenas um homem iria me abrir tantos leques de possibilidades e desejos antes nunca conhecidos por mim. Estar com Will, mesmo nessa cidade pequena transformava tudo melhor. E nos dias em que era mais difícil lidar com minha decisão, eu apenas fechava os olhos em minha cama e tentava visualizá-lo ali comigo. Lembrava-me da última vez que ele esteve na minha casa e fizemos amor no cubículo do meu quarto. Isso fez meu coração se apertar e eu chorei até soluçar, mas, no fundo, eu senti um pouco dele. Na quarta noite que dormi com sua camiseta o perfume dele se foi e isso me devastou mais um pouquinho. Todos os dias eu tentava me ocupar limpando a casa, ajudando vovô com o sudoku ou relendo revistas no quintal nos fundos da casa onde os olhos dos vizinhos não podiam chegar. Mas nada disso me fazia esquecer completamente da minha realidade. Will ligava todos os dias para o telefone de casa para tentar descobrir noticias minhas e cada vez que ele ligava eu sentia vontade de arrancar o telefone das mãos de minha mãe e ouvir a voz dele. Os Traynor também sempre perguntavam sobre meu paradeiro para meu pai e ele nunca contava nada. Todas essas coisas me matavam um pouco por dentro. Eu não suportava acordar de manhã e saber que nem por um minuto do meu dia eu veria o lindo rosto de Will, sentiria seu cheiro ou tocaria nele. Nem sei por quanto tempo terei que ficar aqui, longe dele e de tudo o que me faz se sentir viva.
E Patrick não foi encontrado até agora. O FBI entrou oficialmente no caso, mas ele não deixou muitas pistas. Ele foi visto pela última vez por um taxista às cinco da manhã no dia da festa enquanto fugia. Sei que toda investigação é graças a Will.
— Você precisa pegar sol, Lou, querida. — Mamãe disse, sentando-se ao meu lado no sofá depois do almoço, entregando-me uma xícara fumegante de chá de maçã. — Faz uns três dias que você não saí na rua.
— Eu não sinto vontade, mamãe. Acho que estou mais segura dentro de casa.
Isso é verdade. Tenho medo até de olhar pela janela e ver Patrick me apontando uma arma. Agora, depois de uma semana, percebi que toda a coragem que senti no momento que tentava acalmar Patrick foi pura adrenalina. Eu não sentia nada além de uma vontade insana de proteger Will. E hoje quando eu lembro daquele momento um pânico me atormenta e para todos os lugares onde olho enxergo um revólver apontado para meu rosto.
— Lou, você...
Olhei para mamãe e deixei a xícara pendendo na metade do caminho para a minha boca. Ela baixou os olhos para os dedos entrelaçados sobre as pernas e encolheu os ombros, parecendo estar se desculpando antes mesmo de falar.
— Você está acabada. Desculpe. Mas que roupas são essas?
Eu estava vestida com a camisa de Will e uma calça de moletom cinza. Depois que o perfume saiu do linho eu só quis usá-la. De alguma forma, gostaria de senti-lo por perto.
— É a camisa de Will. Tudo bem, não precisa pedir desculpa, eu só...
— Você não ri mais. — Ela me interrompeu, erguendo o olhar para mim. A forma dura e sincera como ela me observou doeu. — Você está tentando proteger William e eu a admiro muito por isso, mas não está percebendo que está ficando... Devastada.
— Eu só não tenho ânimo para me vestir igual a antes, mamãe. Além do mais, ninguém além de vocês me vê, então acho que não é tão ruim assim.
Forcei um sorriso de quem achou graça. Mas era triste. Nos domingos em que eu não trabalhava sempre colocava uma das minhas melhores roupas apenas para incomodar papai e para conferir se ele tinha alguma nova critica — ele sempre tinha. E também para me olhar no espelho e ver a bela combinação de roupas que havia colocado.
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Como eu era antes de você (Hot Version)
RomanceEle era um pesadelo vestido de sonho. E ela sabia disso. Tinha um letreiro enorme escrito "problema" no rosto daquele homem, mas, quando a atração e a obsessão são muito maiores, não há o que fazer. E Louisa não faz nada, apenas se entrega. Caí de c...