Capítulo 30

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Meu ouvido não parava de zumbir. O coração acelerava-se dentro do meu peito e uma dor crescia languidamente em meu interior. Patrick abriu a boca, espantado com o que havia feito, e olhou para o revólver recém disparado, o horror estampado no rosto. Fiquei olhando-o, em choque, com medo de me virar e ver quem a bala atingiu. Alguém começou a gemer e meu corpo não fazia nada além de tremer. O mundo movia-se lentamente de modo que as coisas ao meu redor pareciam flutuar. De repente eu não era mais Louisa Clark. Era apenas uma mulher desesperada com medo de viver o resto da vida infeliz.

Mas então alguma coisa me tocou. Não sei ao certo o que foi. Tudo o que eu passei a sentir foram subitos tremores em meu corpo, implorando para que eu reagisse de alguma forma.

— O que você fez? — Gritei, batendo contra o peito dele, socando-o com todas as forças. Seu rosto passou a ser um mero borrão diante da minha visão embaçada pelas lágrimas. Eu sabia quem ele havia machucado. Ele não machucaria mais ninguém além de William. — Eu odeio você! Eu odeio você!

Não parei de entregar socos em seu peito, os mais fortes que eu conseguia. Pensei que ele não iria sair do lugar, mas ele se movia, como se o que ele acabou de fazer, de certa forma, mexesse com ele também. Ele é um criminoso agora. A raiva não parava de brotar dentro de mim, me fazendo querer acabar com ele.

Comecei a ouvir vozes, mas o meu ouvido zumbia demais para eu conseguir entender alguma palavra ou sequer reconhecer a voz.

— Você é um filho da puta! — Berrei, sem medo do revólver em sua mão. Ele podia me ferir também, eu não me importaria. Eu só não quero viver num mundo onde não exista o amor da minha vida. — Seu merda, eu odeio você!

E então Patrick começou a correr, desesperado, abraçando a arma na frente do corpo. Minha primeira reação foi tentar segui-lo. Eu não vou deixa-lo escapar em pune. Ele vai morrer atrás das grades. Patrick fez algo imperdoável. Seu corpo passou a ser apenas uma sombra na parede enquanto descia as escadas apressadamente em uma corrida muito rápida. Eu nem sei se o alcançaria. Duas pessoas vestidas de preto, os seguranças, passaram a toda ao meu lado, perseguindo-o. Não sei porque, mas pensei que eu o alcançaria mais rápido, então continuei correndo.

Até que quando cheguei no meio da escada eu fui impedida por mãos me apertando na cintura. Deveria ser alguém tentando me proteger. Pulei para a frente, querendo continuar minha corrida, mas a pessoa atrás de mim me segurou no ar e me fez ficar no chão outra vez. Comecei a chorar mais.

— Clark, por favor, eu estou aqui.

A voz não era clara o suficiente para que eu distinguisse diante do pânico, mas a forma como chamou meu nome fez todo o sentido.

— William! — Choraminguei, virando-me para ele, enxergando seu rosto assustado em minha frente. — Will! — Me joguei em seus braços, soluçando. Meu coração voltou a bater. Ah, meu Deus, o que seria da minha vida sem esse homem? Apertei os braços ao redor de seu pescoço, respirando fundo, sentindo seu perfume, notando seu calor se esparramar sobre meu corpo.

Ele está aqui. Vivo. Bem em minha frente. Graças a Deus.

William desfez o nosso abraço. Cedo demais. Franzi o cenho, secando as lágrimas em minhas bochechas.

— Por favor, não vá para o salão. Fique aqui. Eu vou descer e buscar ajuda.

O que?

— Por que você precisa de ajuda?

— Suba e fique com Nathan. Eu volto em um segundo. Não vá atrás de mim.

Ele nem esperou que eu dissesse alguma coisa, apenas passou por mim correndo e desapareceu. Fiquei paralisada no mesmo degrau da escada. Patrick feriu alguém. Não foi William, mas ele feriu.

Como eu era antes de você (Hot Version)Onde histórias criam vida. Descubra agora