45 - A Song To Sing

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"All that I have found in reason

Is reason just to not believe

When all that you're left is treason

Is treason just to let it be"

O tempo foi passando e, por mais que eu tentasse, não conseguia amenizar a minha dor. Eu ainda sentia a ferida aberta e doía pra cacete. Falam que não há nada que o tempo não possa curar... mas deixei de acreditar nisso há algum tempo...

Nunca mais fui a mesma. Não sorria como antes. Não brincava como antes. Não sentia como antes.

Minha própria vida passava por mim, como um filme... eu somente assistia. Somente existia.

Hugo tinha razão sobre a minha carreira. Ela deslanchou de verdade e eu era reconhecida mundialmente. Trabalhava sem parar. Fazia um filme atrás do outro. Vivia para o trabalho.

Minha vida pessoal era discreta e quase inexistente. Tudo se resumia aos eventos oficiais dos filmes e às festas a que era convidada. Hugo achava importante que eu aparecesse nesses eventos e cuidasse da minha imagem. Aparecia sempre sorrindo... linda! Quem me visse nas fotos ou me encontrasse nesses lugares jamais imaginaria o que se passava dentro de mim. Fora a isso, não saia muito e nem possuía muitos amigos. Sempre fui assim e agora tinha mais dificuldade ainda em confiar nas pessoas.

As coisas só começaram a mudar quando Hannah veio passar uns tempos comigo depois que eu contei a ela tudo o que havia acontecido. Isso foi muito importante pra mim. Ela me forçava a sair de casa, me fazia rir. Me forçava a prestar atenção em outros homens, até a flertar... Foi a primeira vez que eu senti que podia superar o que tinha acontecido. Talvez a vida voltasse ao normal. Talvez eu pudesse me apaixonar de novo por alguém...

Mas sempre que alguém tentava se aproximar de mim... ele surgia nos meus pensamentos. Aquele sorriso. Aquele olhar. Por que ele não me deixava em paz? Eu tentei inúmeras vezes dizer adeus, arrancá-lo de dentro de mim! Mas não conseguia. As lembranças me perseguiam.

Eu consegui um trabalho para Hannah num estúdio importante de L.A. e ela aceitou se mudar definitivamente. Pedi que ficasse em casa, a sua companhia me fazia bem! Ela aceitou! Era mais fácil com ela por perto.

Mais de um ano havia se passado agora... mais de um ano desde aquela noite... Eu nunca mais soube dele. Não procurava saber. As únicas notícias que sabia eram da banda. Ike me contou que eles não tinham terminado o novo álbum até agora. Estavam pensando seriamente em largar a gravadora, tentar um selo independente. Eles estavam afastados da mídia, o que tornou as coisas mais fáceis pra mim.

...

O tempo foi passando e apagando suavemente os detalhes do seu rosto... o som da sua voz... da sua risada... Às vezes eu achava que isso me fazia sofrer ainda mais... Como se tudo o que vivemos não tivesse sido real... Mas a dor era real. E a presença dele ainda estava ali. Há muita coisa que nem o tempo consegue apagar...

Eu viajava demais a trabalho. Tinha acabado de terminar a gravação do meu próximo filme e não via a hora de passar um tempo em casa. Descansar um pouco. Mas com a Hannah morando comigo, era difícil descansar! Ela amava uma agitação. Estava sempre tão empolgada e feliz. Tinha saudade de me sentir assim também...

- Você vai sair pra comemorar comigo hoje, Mia!

- Pra você todo dia é dia de comemorar! – revirei os olhos para ela - Não estou com vontade de sair, Hannah! Por favor! Você já me arrastou para vários lugares nas últimas semanas, me deixa ficar quietinha em casa, vai!

Se eu pudesse te esquecer... (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora