Capítulo 14 • Estranha Biografia

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Ouviu-se uma batida na porta do quarto dos rapazes. Sam se levantou, colocando a mão na maçaneta e posicionando sua arma contra a porta, por precaução.

— Um, dois, três... — sussurrou Sam, abrindo a porta.

Vitoria tomou um susto com a arma, que logo depois foi abaixada por Sam. Ele recuou os passos, convidando a mulher a entrar sem precisar dizer nada. Ela foi diretamente ao sofá, sem nem mesmo abrir a boca. Seu rosto estava inchado e a trilha de lágrimas estava secando.

— O que aconteceu? — Questionou o mais alto, sentando-se ao lado da morena.

— Eu o vi. De novo — respondeu ela, desviando o olhar marejado para tentar conter o choro que insistia em se libertar mais.

— Quem, Vicky? Você viu quem? — perguntou Dean, ajoelhando-se em frente à garota, preocupado.

Bastou um olhar para dar toda a resposta, que antigamente era comum de se decifrar. Com o tempo, a frequência dos prantos foi se diminuindo. O loiro se sentou ao seu lado, assim como Sam, e a abraçou na tentativa de confortá-la, ficando abalado pela sua amiga.

— Está tudo bem, ele se foi. Não sofra por isso. É passado. — O mais velho murmurou, alisando o cabelo da mulher, que agora tinha a postura de uma garotinha em seus braços.

— Hey, Vicky, achamos um caso. Que tal você chamar Lais e irmos ver o que está acontecendo? — Sam forçou um sorriso, esperando descontraí-la da situação e colocando todos os seus erros de lado. Não era hora de trazer à tona assuntos que só os machucavam.

Ela balançou sua cabeça positivamente, demorando mais alguns segundos para ser solta pelos dois. A mais baixa limpou sua face e coçou seus olhos, para ter certeza de que mais nenhuma lágrima escaparia.

• • •

— FBI — anunciaram Lais e Dean uníssono, mostrando suas identidades, assim como Sam e Vitoria, atrás destes. O balconista balançou a cabeça positivamente, como forma de cumprimento, vendo os agentes guardando suas identidades em suas vestes.

— Por acaso você já presenciou algum acontecimento estranho? — questionou Sam.

— Estranho como?

— Como luzes piscando, pontos frios...

— Não.

— Algum barulho estranho? Talvez roedores nas paredes? — acrescentou Dean.

— Desde quando o FBI vêm investigando caso com roedores? — O atendente perguntou com as sobrancelhas unidas.

— Fazemos nossa obrigação e... — O loiro foi interrompido pelo balconista:

— Esperem, vocês são um LARP, não são? Eu sabia! — Ele exclamou empolgado.

LARP? O que é isso? — indagou Vitoria.

— Ah, vocês falam como se não soubessem! São fãs! — Ele sorriu.

— Fãs? — perguntou Lais.

— Vocês estão interpretando aquele livro. Como se chama? — O homem hesitou um pouco. — Supernatural! — Os quatro trocaram olhares expressivos, receosos. — Como eram os nomes dos personagens? Steve e Dellis? Saly and Derk?

Sam completou sua frase com um pouco de medo:

— Sam e Dean?

— Isso mesmo!

Os quatro se olharam novamente, completos por dúvida e curiosidade, além de admiração e susto.

— Onde está o livro? — Ele saiu de trás do balcão para procurar o mesmo. — Ah, e aliás, gostei dos sobretudos .— O moço passava o olhar por aquelas dezenas de livros. — Aqui. — Ele entregou a Dean, que agora estava lendo em voz alta o prólogo do livro na contracapa, descrevendo, sem ter o que acrescentar e retirar, o primeiro caso dos irmãos. Uma sintonia de deglutição foi feita pelos quatro.

Anjos Não Amam;; [em revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora