Capítulo 17 - Lembranças Machucam

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Sentada enquanto observava as nuvens, Vitoria se encontrava só, fora da casa de Bobby, sobre a grama. Era fim de tarde, o sol se deitando no horizonte, e fazia um dia que Sam estava preso no porão. O Winchester ainda insistia em gritar o nome de todos, implorando por socorro ou por libertação. O pior, ele sabia que ela tinha coração mole. Sabia que, com seus passados interligados numa forte amizade, seus pedidos barulhentos ecoariam com mais intensidade na cabeça da garota, e isso a machucava como o inferno.

Com os olhos fixos no céu, ela só desejava que tudo aquilo passasse: o vício de Sam por sangue demoníaco, a mudança repentina em Castiel, Lilith, profetas, ameaças e situações sem sentido a envolvendo...

Era tudo tão mais simples quando estava nos dezesseis, com caças simples, sem problemas tão enormes e preocupações além de lobisomens e trabalhos escolares.

☁ ☁ ☁

Naquela tarde de sábado, num motel pouco movimentado em Kansas City, Vitoria terminava seu dever de casa. Os minutos se arrastavam com lentidão, e foi preciso somente um tilintar do telefone para que ela largasse o lápis rapidamente e voasse ao aparelho.

— Sim?

Vicky? É o Sam.

— Ah, oi! — Ela sorriu, embora o garoto não pudesse ver a timidez estampada em sua face. — Como vai?

Estou bem, e você? Está ocupada?

— Estou bem. — A morena olhou de relance o livro aberto com questões inacabadas e torceu o lábio. Ainda tinha três dias para fazer aquilo. — Não exatamente... É algo que eu posso fazer mais tarde. Por quê?

O que acha de sair comigo?

— Sair? — perguntou numa voz animada, seu corpo pulando involuntariamente. — Aonde?

Ouviu-se a risada de Sam do outro lado da linha, possivelmente achando graça da empolgação repentina.

Se eu contar, vai deixar de ser uma surpresa. Uma hora é suficiente para você?

— Ahn... — Vitoria semicerrou os olhos, planejando todo o processo de se arrumar mentalmente. — É, pode ser.

Ótimo, logo, logo estou aí.

— Tudo bem, tchau! — Ela sorriu e colocou o telefone de volta ao seu lugar após ouvir a despedida do outro lado da linha.

Respirando fundo enquanto corria até o espelho, a garota observou seu peito inchar com demasiado oxigênio e o expulsou devagar, sentindo a euforia tomar conta de si. A Bianche soltou um gritinho e balançou as mãos, apressando-se em tirar as roupas para o banho ao mesmo tempo que murmurava para si mesma palavras de expectativa e alegria.

Após ajeitar um vestido rosa xadrez justo em seu corpo e colocar seu casaquinho de lã também rosa, num tom mais claro, ela amarrou os cadarços de seus tênis brancos altos. Antes de abrir a porta ao ouvir a campainha ser tocada, ela conferiu no espelho uma última vez se seu rímel ou seu gloss estavam borrados, ou talvez seus cachos desalinhados, então correu até a porta e sorriu.

— Nossa. — O Winchester a observou de cima a baixo, esticando igualmente os lábios enquanto suas bochechas tomavam uma cor mais intensa. — Você está linda, Vicky.

Envergonhada, Vitoria arrastou o olhar para os próprios pés e mexeu na alça de sua bolsa nervosamente, tentando afastar a timidez.

— Obrigada, Sammy. Você também — sussurrou, rindo.

— Até quando vai me chamar assim? — O moreno arqueou as sobrancelhas, soltando uma risada nasal enquanto a Bianche trancava a porta.

— Até sempre — respondeu, virando-se para ele. — Eu gosto. É um apelido doce — confessou ela, dando de ombros.

Anjos Não Amam;; [em revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora