Capítulo 27

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Eugênio abriu os olhos assustado e levantou-se Imediatamente. O médico
estava dentro do quarto.
— Aconteceu alguma coisa? — indagou ele.
— O que foi? — disse Olívia levantando-se por sua vez.
— Precisamos conversar.
— Nelinha está bem? — indagou Eugênio.
— Ela teve um pequeno problema, mas já foi medicada. Os dois olharam-se
assustados, e Olívia tornou:
— Ela piorou?
— Essa doença tem momentos delicados. Ela teve um dos pulmões
inflamados. Mas foi medicada.
— Preciso vê-la de qualquer jeito — disse Eugênio.— Vou entrar na
enfermaria agora.
O médico tentou impedi-lo dizendo:
— Sua presença não vai ajudar em nada. Tente compreender. Ela está sendo
bem atendida. Estamos fazendo o possível para curá-la.
— Seu estado ainda é grave? — indagou Olívia com voz que o medo
enfraquecia.
— Eu diria que ainda não está fora de perigo. Contudo, ela tem reagido bem.
É corajosa e cooperativa.
Eugênio deixou-se cair na cadeira segurando a cabeça entre as mãos.
— Não fique assim — disse o médico. — Acredito que esta noite é crítica. Se
ela ultrapassar as próximas doze horas, estará fora de perigo.
Olívia aproximou-se do médico dizendo com voz que a emoção embargava:
— Doutor, peço-lhe encarecidamente. Se o estado dela se agravar, gostaria
que nos avisasse. Se tiver que acontecer alguma coisa com ela, não queria que
fosse longe de nós.
— Não vou esperar nada. Vou entrar lá e pronto — disse Eugênio levantando-
se.
Pelos olhos do médico passou um lampejo de emoção. Aproximou-se
dizendo:
— Vou ver o que posso fazer.
— Vamos poder vê-la? — indagou Olívia.
— Vou autorizar uma visita rápida. Mas terão que mudar as roupas e tomar
todas as precauções necessárias. Não poderão se aproximar muito dela nem
tocá-la. Se me prometerem obedecer e controlar as emoções, os levarei lá.
— Farei qualquer coisa para vê-la — disse Eugênio.
— Ela está dormindo e não quero que a perturbem. O sono é remédio para ela.
— Faremos o que quiser — prometeu Olívia.
O médico conduziu-os a um local onde tiraram a roupa e vestiram-se com
roupas do hospital, colocando uma máscara na boca e luvas. Depois foram
introduzidos na zona proibida, e a uma enfermaria onde havia várias crianças.
Nelinha estava separada das outras por um biombo.
Eles se aproximaram com o coração batendo forte, e Eugênio,
instintivamente, procurou a mão de Olívia, segurando-a com força.
— Aqui está bom — disse o médico. — Como podem ver, ela dorme
tranqüila.
Nelinha adormecia, mas sua respiração era diferente por causa do pequeno
aparelho que havia em sua garganta.
— Ela tem febre? Seu rosto está corado e sua respiração acelerada —
considerou Olívia.
— Tem. Estamos tentando resolver a infecção pulmonar com penicilina.
— Então ela vai ficar boa — disse Olívia.
— Vai depender da sua resistência física. Só ficaremos sabendo nas próximas
horas.
Eugênio estava calado. Sem desviar os olhos do rostinho da menina, sentia o
coração apertado. Sabia que aqueles momentos seriam definitivos. Era como se
a vida dela estivesse suspensa por um fio que a qualquer instante poderia se
romper. Ela lhe parecia tão frágil, tão delicada, deitada ali com o bracínho
amarrado para a agulha do soro não sair da veia.
O médico olhou a papeleta na prancheta nos pés da cama, escreveu algumas
anotações e colocou-a no lugar. Foi conversar com a enfermeira que circulava
pela sala.
Eugênio continuava apertando a mão de Olívia, sem encontrar palavras para
expressar seus sentimentos. Nunca havia sentido nada igual. Era a primeira vez
que enfrentava uma situação como aquela. Amorte de Elisa fora um choque,
mas estava longe de sensibilizá-lo a esse ponto.
Depois de circular pela sala e verificar o estado dos outros pacientes, o
médico aproximou-se novamente de Nelinha, tomando-lhe o pulso
delicadamente. Por fim, dirigiu-se a Eugênio dizendo:
— Precisamos ir agora.
— Gostaria de ficar mais — disse ele.
— Você prometeu ser razoável. Será melhor para ela.
— Vamos, Eugênio — convidou Olívia. Vendo que ele relutava, o médico
afirmou:
— Tem minha palavra que se o estado dela se modificar, irei avisá-lo.
Mesmo que ela continue na mesma, ao deixar o plantão, passarei pelo quarto de vocês para dar-lhes notícias. Podem confiar.
Eugênio, lançando um olhar doloroso para Nelinha, concordou em deixar a
enfermaria.
Voltaram à sala para trocar novamente de roupas, e depois de lavar as mãos
com álcool, voltaram ao quarto.
— São duas horas — disse Olívia.
Ele pareceu nem ouvir. Não podia tirar do pensamento a figura de Nelinha
naquela cama. Olívia sentia a mesma coisa, mas vendo o abatimento de Eugênio,
aproximou-se dele, colocando as mãos em seus ombros.
— Não fique assim, Eugênio. Precisamos ter coragem. Não podemos
desanimar agora!
— Não consigo pensar em outra coisa. Nunca senti uma dor Igual!
— Nem eu! — concordou Olívia esforçando-se para conter as lágrimas.
Ele abraçou-a dizendo com voz emocionada:
— Estou sendo castigado! É isso. Estou sendo punido pelo que fiz. Meu Deus!
Estou arrependido! Quero mudar, cuidar de minha família, trabalhar pela
felicidade dela! Será que Deus não vai me perdoar?
Ele chorava e Olívia não conseguiu mais controlar a emoção. Durante
aqueles dias, lutara para manter o controle, sentindo o peito oprimido, mas agora,
diante do estado de Nelinha, da dor de Eugênio, da insegurança do momento, ela
não agüentou mais.
Rompeu em soluços. Ele apertou-a nos braços com força. Vendo-a soluçar
em
desespero, esforçou-se para se controlar. Alisou-lhe os cabelos dizendo:
— Olívia! Desculpe. Tenho sido egoísta, pensado só em mim. Você também
está sofrendo! Ao invés de dar-lhe forças, eu estou fraquejando. Você tem sido a
melhor coisa que apareceu em minha vida depois que Elisa se foi. Se não fosse
você, nem sei o que teria sido de mim, tão ignorante, pretensioso, descrente e
fútil. Você, mesmo não me apreciando, soube ser digna, me ajudar, separar seus
sentimentos em favor do bem-estar das crianças. Ainda agora está comigo, me
amparando nesta hora tão difícil. O que seria de mim se estivesse aqui sozinho?
Quem iria me ouvir, dar forças e confortar?
Vendo que ela continuava soluçando, ele fez ligeira pausa e prosseguiu:
— Você é uma mulher especial, Olívia, e eu aprendi a admirá-la. Sei que não
sente o mesmo por mim e eu reconheço que tenho contribuído para isso. Mas
hoje, depois de tudo que estamos passando juntos, do apoio que tem me dado,
espero que me
conhecendo melhor, possa gostar um pouco de mim e nos tornarmos amigos.
Olívia foi se acalmando e parou de soluçar. Continuou abraçada a Eugênio,
enquanto ele lhe alisava os cabelos, e suas palavras, ditas com sinceridade e carinho, tiveram o dom de acalmá-la. Naquele instante, estava cansada de ser forte, de enfrentar tudo sozinha. Sentiu-se bem nos braços fortes de Eugênio e descansou a cabeça em seu ombro deixando-se ficar. Parou de chorar, mas seu
corpo estremecia de quando em quando, e ele continuava alisando-lhe os cabelos
com carinho. Por fim, ela disse baixinho:
— Estou tão cansada!
— Venha, — disse ele conduzindo-a para a cama, sentando-se e fazendo-a
sentar-se também.
Ela deixou-se ficar em seus braços, sem dizer nada. Eles ficaram assim,
esperando o tempo passar. Sabiam que o médico passaria às sete.
— Você quer se deitar e tentar dormir? — indagou Eugênio.
— Não conseguiria — disse ela. — Prefiro ficar assim.
Ele aconchegou-a mais em seus braços. Era agradável saber que ela não o
odiava mais e que aceitava apoiar-se nele naquele momento. Era como se ele
houvesse se reabilitado, sido absolvido de todos os erros do passado. Sentiu-se
digno e forte.
— Vamos rezar — propôs.— Tenho feito muita bobagem. Desejo pedir a
Deus uma chance de recomeçar. Quero conhecer a vida espiritual, aprender
com você e com Amaro o caminho da fé. Olívia, me ajude a falar com Deus!
— Esse diálogo é pessoal. Não posso falar por você. Acho que VOCÊ já está
falando com ele. Basta dizer o que sente.
— Você já não me odeia mais e se Nelinha ficar boa, minha felicidade será
completa.
Olívia não respondeu. Sentia-se cansada, mas os braços de Eugênio ao redor
do seu corpo a confortavam. Parecia-lhe que enquanto estivesse ali, nada de mal
aconteceria.
Tinha receio de que, se saísse, o que temia com Nelinha acontecesse.
— Nossas forças estão unidas. Seja o que for que aconteça, — disse ela —
enfrentaremos juntos.
Ele apertou-a nos braços um pouco mais e não respondeu. Também sentia
que a melhor forma de esperar o desfecho seria ficar juntos. Foram ficando e,
aos poucos, recostaram-se na cabeceira da cama e ainda abraçados, acabaram
por adormecer.
Olívia acordou primeiro com o sol entrando pela janela do quarto. O braço de
Eugênio ainda estava em volta do seu corpo e sua cabeça sobre o peito dele. Um
pouco assustada, ela fez um movimento para levantar-se, e ele abriu os olhos:
— O que foi? — perguntou — o médico já veio?
— Não — respondeu ela levantando-se.
— São mais de nove horas. Será que ele não veio?
— Ele prometeu.
A enfermeira entrou dizendo:
— O doutor Melo deixou um recado para vocês.
— Ele já foi embora? — indagou Olívia.
— Foi. Ele passou por aqui, mas vocês estavam dormindo e ele não quis
acordar.
Nelinha está bem e ele ficou de passar aqui na hora do almoço.
— Ele disse só isso? — perguntou Eugênio.
— Disse.
Olívia foi ao banheiro, lavou-se, tentou melhorar um pouco a aparência.
Estava pálida e abatida.
— O café está sobre a mesa, acho que ainda está quente. Você quer?
— Quero. Vou me lavar um pouco.
Ele foi ao banheiro enquanto Olívia se servia de café com leite. Quando ele
voltou, ela disse:
— Pelo jeito, Nelinha venceu bem a noite. Se o médico foi embora, acho que
ela melhorou. Você não acha?
— É. Tem razão. Mas só vou me sentir aliviado quando ele disser que ela está
fora de perigo. Aí, sim.
— É. Minha roupa está amassada, suja, mas só vou para
casa depois que o médico vier. Vou telefonar para saber como estão as coisas
com Elvira e as crianças.
— Vou com você. Quero falar com eles. Marina estava muito assustada.
— Percebi isso. Ela quer se fazer de forte, mas estava arrasada. Elvira disse
que a viu chorando escondido.
— Ela tem sido muito amiga dos irmãos.
— Acha que é a mais velha e que precisa tomar conta deles.
— Já notei. Ultimamente, quer tomar conta de mim também.
— Ela é muito amorosa. De todos é a que tem mais ciúmes de você.
— Talvez esteja começando a gostar de mim.
Olívia não respondeu. Ela também mudara com relação a ele. Naqueles
momentos difíceis que estavam vivendo, ele mostrara seus sentimentos e ela
agora sentia que podia confiar nele. Olhando seu rosto um tanto abatido, ela já
não o culpava pela infelicidade de Elisa.
De repente, lembrou-se das palavras da irmã. Seria verdade mesmo? Ela
teria sido casada com Eugênio em outra vida?
— Em que está pensando? — perguntou ele. Ela estremeceu:
— Nada — mentiu.
— Vou sair e comprar os jornais. Quer vir?
— Não. Pode ir.
Ele saiu e ela sentou-se em uma poltrona. Não podia negar que o que Elisa
dissera a emocionara profundamente. Sua emoção, suas lágrimas, sua
sinceridade haviam tocado fundo seus sentimentos. Apesar de não ter raiva de Elisa, suas palavras provocaram forte sensação de alívio. O que aconteceria dali para frente? Como seria seu relacionamento com Eugênio?
Levantou-se e foi até a janela. Não queria pensar nisso. Estava fora do seu
natural, sem condições de analisar claramente os fatos. O importante era que
Nelinha se salvasse. No momento, nada mais importava.
O médico os visitou ao meio-dia dizendo que o estado de Nelinha continuava
estável e que até a noite ele esperava poder ser mais objetivo. Aconselhou-os a ir
para casa descansar, mas eles recusaram.
Olívia pediu a Alzira para apanhar algumas roupas, fizesse o mesmo em casa
de Eugênio e levasse tudo para eles no hospital.
À noite, Amaro foi visitá-los tendo antes o cuidado de passar
pela casa de Eugênio para ver as crianças. Eugênio havia saído para comprar
algumas frutas.
— Como estão as crianças? — indagou Olívia.
— Marina me pareceu mais preocupada. Fiz o que pude para acalmá-la.
— Ainda bem que esteve lá.
— Você precisa refazer-se, Olívia. Está muito abatida. Por quê não vai para
casa descansar esta noite? Eu posso ficar com Eugênio.
— Obrigada, mas quero ficar. O estado dela é delicado. Depois, há o
Eugênio... Ele está arrasado. Não posso abandoná-lo nessa hora.
— Seu apoio é muito importante para ele. Acho que você já notou isso.
— É. Nós passamos por momentos de muita tensão. Isso nos aproximou.
Estamos lutando pelo mesmo objetivo, amamos aquela criança. Isso fez com que
nossas forças se unissem. Sinto que temos de ficar juntos nisso até o fim.
Amaro ficou silencioso por alguns segundos depois disse:
— Considerando os fatos do passado, acho que tem razão.
— Por que diz isso?
— Porque o amor tem muita força. O amor que sentem por Nelinha vai
ajudá-la a ter forças e querer viver.
— Se ela se suicidou mesmo em outra vida, agora ela não terá que ir
embora? Sempre ouvi dizer que o suicida reencarna para cumprir os anos que
cortou com o suicídio e morre cedo.
— Não podemos generalizar. Cada caso é um caso. Pelo que sei, Nelinha,
com o suicídio, lesou seu corpo astral e nasceu com saúde delicada em alguns
pontos sendo portanto sujeita a certas doenças. Mas o tempo que ela vai viver na
nova encarnação depende do fluído vital que ela consegue armazenar. E a
captação desse fluído ocorre através da vontade de viver, da alegria interior, do
entusiasmo. Já reparou que quando alguém entristece, fica deprimido, morre
logo? É como se desistisse da vida. Dessa forma, deixa de armazenar as energias
vitais, adoece e morre.
— Quer dizer que Nelinha adoeceu de tristeza?
— Ela se suicidou de tristeza. Ficou com a saúde frágil, mas se sua alegria, seu prazer, for estimulado, ela vai se recuperar, ficar forte e poderá viver muitos anos. Isso pode acontecer com qualquer um, mesmo que nunca tenha cometido
suicídio.
— Juro que se ela se curar, vou me dedicar em fazê-la recuperar a alegria e
se fortalecer.
Eugênio chegou, colocou os pacotes sobre a mesa e abraçou o amigo
confortado com sua presença. Conversaram um pouco sobre as crianças, depois
Eugênio tornou:
— Amaro, tenho pensado muito em tudo quanto você tem me falado sobre a
vida espiritual. Gostaria de conhecer um pouco mais.
— Fico contente em saber. O conhecimento de como a vida funciona, ajuda a
entender o mundo que nos rodeia, conforta e ensina a viver melhor.
— Quero encontrar algumas respostas para os fatos que tem me acontecido
desde que Elisa morreu. Preciso entender. Não quero mais ser joguete das
circunstâncias, sem saber o que há por trás nem ter atitudes que possam resultar
em sofrimento para mim e para os que amo. Tenho pensado muito e estou
decidido. Sinto que existe um poder maior; desejo conhecê-lo.
— Posso trazer-lhe alguns livros.
— Quero ir ao Centro com vocês.
— Quando quiser.
Quando Amaro se foi, passava das onze. Eugênio o acompanhou até a rua,
quando voltou disse:
— Mais uma noite. Até quando teremos que esperar? Olívia suspirou:
— Está nas mãos de Deus. Ele aproximou-se dela:
— É melhor se deitar. Ela hesitou, depois disse:
— Tenho medo. Gostaria que ficasse comigo. Ele abraçou-a confortado.
Sentia a mesma coisa:
— Sei o que quer dizer. Parece que juntos nos tornamos mais fortes. Mais
capazes de mandar forças para Nelinha.
— É isso.
— Ficaremos juntos.
Deitaram-se um ao lado do outro na mesma cama. Eugênio segurou a mão
dela dizendo:
— Vamos rezar em favor dela.
Fecharam os olhos e silenciosamente pediram a Deus pela saúde de Nelinha.
Depois, ficaram assim, em silêncio, cada um imerso nos próprios pensamentos e
acabaram por adormecer.
— Sr. Eugênio, acorde!
Ambos acordaram assustados. O médico estava perto da cama. Com o
coração batendo descompassado, levantaram-se de um salto, boca seca, olhos ansiosos:
— Desculpe se os assustei. Mas não resisti.
— O que foi? — murmurou Eugênio.
— Sua filha está fora de perigo!
Eugênio não conteve a alegria. Abraçou o médico com euforia, depois
abraçou Olívia que, olhos brilhantes de alegria, apertou-o de encontro ao peito.
O médico sorria satisfeito. Vendo-os mais calmos, disse:
— Ela está sem febre e respirando normal. Amanhã cedo fecharei a incisão
e a traremos para o quarto. Dentro de um ou dois dias, ela poderá ir para casa.
Depois que o médico saiu, eles deram vazão à alegria.
— Gostaria de ter uma garrafa de champanhe para comemorarmos — disse
Eugênio.
— Vamos tomar café com leite. Estou com fome. O peso do estômago
sumiu. Vamos comer alguma coisa.
— Eu também estou com fome. Parece que faz um ano que não como.
Eles riram enquanto abriam os pacotes preparando um lanche. Quando
acabaram de comer, Eugênio disse:
— É melhor descansar, tentar dormir. Amanhã cedo Nelinha virá para o
quarto e teremos que cuidar dela.
— É verdade.
Cada um deitou em uma cama. Eugênio não conseguia dormir. Ouvindo
Olívia
remexer-se no leito, levantou-se e foi deitar-se a seu lado, tomando-lhe a
mão.
— Olívia, não consigo dormir. Quero ficar perto de você. Seu coração batia
descompassado, e Olívia estremeceu
sentindo a emoção dele. Sem dizer nada, apertou a mão dele e foi o bastante.
Ele abraçou-a e beijou-a longamente nos lábios. Sem pensar em mais nada, ela
retribuiu o beijo sentindo enorme emoção.
Não queria pensar nem saber o que aconteceria depois. Naquele momento,
sentia um prazer enorme em estar nos braços dele deixando a emoção
extravazar como nunca se lembrava de haver sentido.
Eugênio beijava-a ardentemente. Um sentimento forte, ine-briante, tomara
conta dele que, sem poder conter-se, dizia emocionado:
— Eu amo você! Amo como nunca amei mulher alguma. De repente,
descobri isso. Não me rejeite mais. Deixe-me ficar a seu lado e amá-la para sempre!
Olívia ouvia suas palavras inebriada, tomada de emoção, sem poder dominar a força daquele sentimento que a envolvia intensamente.
Entregaram-se ao amor que sentiam e horas mais tarde, quando o dia já
começava a clarear, eles, ainda abraçados, deixavam-se ficar silenciosos, com medo de quebrar o encanto mágico daquele momento de entrega, de amor e de felicidade.

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