V - A porta para a liberdade

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   Não podemos dizer que Coralliny não precise de liberdade já que na casa de sua avó há tudo que precisa: comida, vestimentas, um dormitório, higiene, e lazer.
   Mas a liberdade é mais do que isso. É sentir-se útil, é descobrir algo que sempre procurou, é... é algo indescritível.
   Semanas se passam e o inverno chega com todo o seu branco, e Coralliny se descobria na história que lia. O livro que encontrara, o narrador protagonista, conta a história de um reino, Cristelny, especificamente de um belo casal, o rei e a rainha, de incomparável beleza, descendentes da nobreza, onde os diamantes reinam.
   Enquanto Coralliny lia o texto em voz alta, Alexander se aprontava para passar alguns dias fora para caçar algo. E assim foi, à uma caça já planejada por ele e seu pai.
   Ao ler por horas, Coralliny se diverte com o romance que infelizmente, por ora acaba, pois o romance que as duas pessoas tinham não era verdadeiro. O príncipe não era apaixonada por ela, uma garota iludida. Ele logo se descobre em uma bela moça de cabelos invejáveis de ouro.

   - O príncipe, agora nomeado rei de caráter esplendoroso, se apaixonou por uma simples camponesa de cabelos dourados e voz encantadora. O amor entre eles era admirador, que logo se casaram. A garota que era iludida, era uma marquês, se achava mais merecedora pelo príncipe, ao invés de uma pobre camponesa... e... - Coralliny é interrompida por palmas que ao ver quem seria o sujeito, logo escondeu o livro atrás de se.

   A cada bater de palmas, a sua avó se aproximava. Sentada no chão estava apoiada na árvore que pela estação estava só os galhos, tenta se afastar de sua aproximação mas a planta a empedia.
   Estava com medo, pois já sabia que sua avó era mestra em bruxaria. Pelas suas espiadas curiosas no quarto de sua avó.

   - Você acredita nesta historia, Coralliny? Está com medo de mim?

   - Não senhora não acredito nesta historia. É apenas um livro literário para crianças dormirem.

   - Pois devia. Deve acreditar, pois esta historia é real. Pois essa historia é minha. Eu era a marquês, eu que deveria me casar com o seu pai...

   - Como assim? Meu pai está vivo? Onde ele está e a minha mãe? - interrompe a garota.

   - Não me interrompa! - A bruxa altera a voz bruscamente - A pobre da sua mãe, pagou pelo que ela fez. Roubou o meu rei, e você. - A bruxa aponta o dedo para a cara de Coralliny, já bem próximo dela, que descia uma lágrima de medo em seu delicado rosto. - Você era para ser minha filha. Já cansei de olhar para o seu rosto e lembrar daquela que me tirou aquilo que era meu. Agora, é difícil de lembrar daquela já defunta de sua mãe. Vou acabar com isso hoje.

   A bruxa harquea as mãos com raios rodeando ganhando eletricidade para jogar algum feitiço em sua agora, não mais sua neta. A mesma corre desesperada, mas tropeça em uma raiz. Tenta agarrar em algo, segura-se nas trepadeiras e cai.
   Assim, arranca algumas trepadeiras, mostrando uma porta velha e enferrujada. Levanta e tenta abrir a porta e não consegue. Tenta... Tenta... E tenta...

   - Você não vai escapar Coralliny! Já suportei demais essa carinha de cachorro morto de fome. - Ela segura com força o rosto da bela garota a machucando com suas unhas grandes e afiadas.

   Dói muito. Coralliny decide então, jogar-se contra a porta. E assim faz, conseguindo.
Corre rápido, deixando para trás a bruxa que marca suas últimas palavras:

   - Corra Coralliny, corra o quanto quiser. Mas no final eu estarei à sua espera, pois eu sei o seu destino e ele estará nas minhas mãos. - grita.

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