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Louis POV

A primavera é a minha estação preferida em Londres, apenas porque posso ficar durante um bom tempo olhando as árvores ganharem cor, o céu ficar mais azul e o dia ficar mais quente. Eu gosto da sensação de ter o sol sob a minha pele, transmitindo uma pequena onda de calor, mesmo sendo mínima em meio ao vento gélido de Londres.

É engraçado pensar que eu gosto tanto das flores, e fico tão bem na sua presença, porque se formos parar para pensar, eu sou o oposto da delicadeza. Mas flores e espinhos andam juntas, já dizia algum autor desconhecido.

Assim como o amor.

"Flores e espinhos são belezas que se dão juntas, elas não sabem viver sozinhas."

Tal pensamento me faz lembrar de Harry e de tudo que veio junto com ele quando o cacheado chegou aqui há 6 meses.

As coisas mudaram bastante de um mês pra cá, e minha vida tem sido vivida com um aperto constante no peito, resultado das provas finais, dos inúmeros seminários e, claro, Harry. E isso não é normal.

As coisas não melhoraram muito quando Andy, o professor de Oficina da Criação, nos deu a notícia de que o nosso trabalho de conclusão de curso seria compor uma música e apresenta-la no ultimo dia.

Não é normal viver pensando no amanhã o tempo todo, mas aparentemente é isso o que nós temos feito nas últimas três semanas. E quando digo nós, eu falo de Harry, eu e os meninos.

Não posso dizer como Harry realmente se sente estando há dois dias de voltar pra casa e um dia de apresentar o trabalho final, mas posso ter uma noção porque eu me sinto da mesma forma.

Estamos constantemente nos desencontrando, mesmo em casa, e constantemente agitados com o final do curso. Mas mesmo com tanta coisa acontecendo por minuto, consigo ver Harry constantemente sorrindo por detrás das lentes escuras do óculos  (que eu tenho certeza que são usadas mais para esconder as olheiras do que para proteger do sol), enquanto eu pareço ficar cada vez mais preocupado.

Talvez Harry seja a flor dessa relação e eu seja o espinho.

E ser o espinho não é de todo negativo, se pensarmos na teoria do autor que diz que ambas não vivem sozinhas.

-Desculpa, mas eu discordo...-Uma voz conhecida surge me fazendo pular do sofá da sala e olhar de abrupto pra trás.

Eu pensei alto?

Harry está parado no último degrau da escada, sorrindo sem mostrar os dentes; seus olhos inchados e cabelo bagunçado revelam que ele acordou há pouco tempo.

O cacheado caminha na minha direção coçando os olhos e cambaleando ainda sonolento, vestindo uma blusa do Rolling Stones e calça de moletom; se senta no lugar vago ao meu lado do sofá e se inclina na minha direção apenas para descansar sua cabeça no meu ombro e me olhar de baixo.

Viu? Ele é a flor da relação sim.

-Não sabia que eu estava pensando alto...-Sorrio abraçando-o de lado e trazendo mais pra perto.

-Você não é o espinho da relação...

-Qual é a sua teoria sobre isso?-Questiono já esperando uma resposta maluca e sem sentido, mas tudo que eu recebo é:

-Todos temos espinhos, mas isso não quer dizer que somos apenas espinhos. Somos flores, com espinhos; seres humanos, com lado bom e ruim. A beleza da rosa vale o incômodo dos espinhos. A sua beleza vale o "incômodo" dos seus defeitos, e o mesmo vale pra mim.

Harry fala e gesticula com sua tranquilidade pós acordar, e quando termina, inclina seus olhos na minha direção aguardando uma resposta.

Meus lábios se esticam num sorriso simples e involuntário, minha mente totalmente perdida no garoto a minha frente.

Welcome to London (L.S)Onde histórias criam vida. Descubra agora