Capítulo X

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Este baile estava cheio de surpresas, primeiro era que as pessoas pareciam me respeitar, e não só pela coroa invisível que agora levaria para o resto da vida, mas depois do meu discurso, quase que não pude descer do palco, tive que precisar da ajuda de meu avô, pois havia pessoas que aplaudiam, outras vinham me agradecer, outros desejar sorte, alguns pediam conselhos (coisa que nunca fui boa em dar) e tinha até alguns que vinham apresentar seus filhos dizendo que '' a senhorita irá governar e meus filhos com muito prazer irão lhe servir", era engraçado ver aquela falsa dedicação direcionada a mim, quando meu avô veio me avisar sobre os perigos que teria pela frente, não me surpreendeu, posso não ter estudado, mas não sou burra e não tão ingenua para confiar nas pessoas e achar que se precisar elas ficarão ao meu lado. Elas vão ficar ao meu lado apenas se eu tiver mais a oferecer. Esse jogo me enjoa, havia me libertado dele, apenas para entrar em outro ainda mais brilhante e cruel, e dessa vez não fui obrigada, isso deixa as coisas mais difíceis, por que no fundo, eu tinha escolha. Eu escolhi. Eu quis ser a imperatriz. Eu quis usar uma coroa. Eu quis jogar.

Não posso reclamar da festa, era tão vermelha quanto o sangue da minha família, as musicas eram alegres e as pessoas apreciavam o momento. Por intervenção do meu avô comecei dançando com meu primo Andrew, ele tinha vinte cinco anos, era um rapaz simpático e inteligente, estava sempre em alerta e dançava muito bem, bem até demais para falar a verdade, mas alguma coisa ele tinha de diferente, ele não era como os outros rapazes no salão, não estou falando de educação, mas algo dele que não sei explicar. Enquanto dançávamos ele fazia comentários inusitados, que eu precisava de muita força e vontade para acabar não soltando uma gargalhada, as vezes não dava, mas ele também me acompanhava na risada. Ele comentava os vestidos das mulheres dizendo que algumas pareciam grandes bolas de natal, daquelas que colocamos em arvores, para representar o nascimento de um deus muito antigo, mas que é bastante conhecido aqui em Montfort. De vez enquanto eu percebia ele olhando para porta, perguntei se ele esperava alguém e no mesmo momento ele respondeu assustado que era só um amigo, em resumo eu realmente goste de meu primo e acho que iriamos nos dar muito bem. Agora meu tio me puxa para mais uma musica.

-Se divertindo Mare?- Pergunta ele que está vermelho, provavelmente bebeu, por que meu pai ficava com este rosto quando tomava umas doses- Parece estar bastante animada e risonha hoje.

-Teria como não estar feliz? Vendo o meu pai do jeito que está hoje?- Respondo, e é verdade meu pai não parava de falar estava mais animado que Gisa- Ele está feliz por ter voltado para casa.

-Estamos todos felizes Mare, seu pai fez muita falta, não só como general e herdeiro, mas como irmão, mesmo quando eramos crianças ele já me dava muitos conselhos uteis e na idade adulta quando mais precisei, meu irmão simplesmente não estava, esses dias eram difíceis, mas agora ele esta de volta, sem tempo ruim mais, acabou! 

-Acabou!- digo seguindo na animação dele.

-Só não conte a ele que disse isso, já esta me atazanando por ter dito coisas assim la atras- Meu tio faz uma cara engraçada, que só um irmão pode fazer a outro- Seu pai pode ter mudado muito, mas a vontade de rir de mim nunca o deixará, e você e seus irmãos são iguais um com o outro.

-Então vocês são felizes, por que não sei o que fazer se ficar sem isso, o mundo fica sem cor. Digo por experiencia própria!- Falo lembrando de todas as vezes que briguei com eles, e como me arrependia fácil por aquilo.

-Você está certa Mare, mas agora vou deixa-la em paz, sem rodopiar pelo salão- Diz ele se afastando sorrindo.

Vou para um dos lados do salão e vejo Evangeline pendurada em Cal que parece nem perceber, ela me vê e abre um sorriso, olha novamente para mim e puxa Cal com força para faze-lo olha-la e então o beija, e ele não faz nada, eu idiota fico encarando por um bom tempo o beijo deles,  aquilo servia como um chicote me batendo violentamente, que me mostrava que não podia confiar mais em ninguém, nem em quem amava e dizia me amar também.                                      Eles finalmente terminam aquilo, e Cal parece não entender o que está acontecendo então olha em minha direção, ele abre a boca para dizer algo, solta Evangeline e começa a caminhar para mim, porem eu saio antes dele diminuir a distancia entre nós. 

The transcendent RayOnde histórias criam vida. Descubra agora