Capítulo XX

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Sunshinetown, dez mil habitantes e conhecida por sua grande feira de tortas anual. o lugar perfeito para me esconder.

-A casa é essa Mare! Ela é pequena, os quartos ficam no andar de cima, junto com o banheiro. Tem um jardim nos fundos se quiser plantar alguma coisa é bom, por mais que chova bastante nessa época do ano- Tyton ia detalhando a casa para mim. E eu, é claro, não prestava atenção, estava tão desligada que nem vi a mesinha no canto da sala quando passei e quase cai por cima dela.

Nunca tinha morado sozinha, e agora ia não só ter uma casa para mim, mas uma vida. Ninguem, exceto Tyton, meu avô , Coriane e minha irmã sabiam que eu estava viva, e metade deles provavelmente não sabem onde estou, eles não viriam me visitar. Meu maior medo se concretizou: estava sozinha, completamente sozinha.

-Tem alguma duvida sobre a casa?- Tyton para a minha frente, ele era muito alto, tanto que precisava erguer a cabeça a ponto de torcer o pescoço para trás, para conseguir olhar nos seus olhos.

-É tranquila, logo me acostumo- Digo simplesmente, pois não é sobre a casa que quero perguntar, mas sobre todo o resto- E o trabalho? O que é?

-Então sobre isso, aqui é uma cidade pequena, mas que lucra bastante com o festival da torta, assim tudo é voltado para isso, porem eu duvido que você iria conseguir trabalhar como garçonete, já que não é tao simpática- Faço uma careta para ele, pronta para retrucar que ele também não é nenhum cavalheiro, mas me detenho quando percebo que é isso que ele quer, para provar que está certo, então simplesmente reviro os olhos e digo:

-Certo, não sou simpática, não gosto de lidar com pessoas, e não estudei o suficiente para trabalhar em algo muito bom, assim o que me sobra é?

-Costura.

-Que?- Meu santo raio, eles vão me transformar na Gisa.

-Sua irmã que nos deu a ideia, ela disse que você ajudava ela quando levava trabalho para casa, achamos que seria um bom emprego, reservado e te ajudaria a se manter escondida.

-Ajudar é uma coisa, fazer o serviço é outra, Gisa é costureira, não eu!- Ah Gisa, eu te mato.

-Você não vai fazer roupas e coisas assim, até por que eu é bem capaz você transformar a agulha em arma. É uma loja de artesanato, a senhora que trabalha lá já tem idade e está precisando de ajuda, e o que melhor que uma moça jovem, que adora conversar com velhinhos para trabalhar numa loja dessas?

-Eu juro que se você não fosse a unica pessoa que eu conheço aqui eu te estrangulava Tyton- Minha ameaça por mais verdadeira que tenha sido, faz com que o desgraçado a penas ria.

-Quanta consideração Barrow, agradeço de coração suas palavras- Diz ele quando para de rir- Mas então é isso, o endereço é este, você começa amanha as nove na loja, não se atrase -Ele larga um papel na mesa e vai para a porta, mas se lembra de algo e volta- Estava esquecendo, seus documentos, agora Mare, você se chama Emma Jones, tem 19 anos, e se mudou para Sunshinetown por que sua tia falava muito da cidade em que nasceu e você ficou curiosa, se alguém te perguntar se vai ficar muito tempo apenas diga que é uma aventureira e não sabe. Acho que era isso, eu vou para a casa da minha família, que fica à uma hora daqui, volto em uma semana, mas se precisar de alguma coisa, pode me chamar, tudo bem?- Apenas aceno confirmando, então ele abre a porta e faz menção de falar alguma coisa, mas desiste e vai embora.

É isso então, hora de se virar, Emma Jones, pelo menos o nome não é idiota como Lady Mareena Titanos. Pego os papeis, que agora resumem minha vida e os observo por um bom tempo. Talvez não precisaria fingir tanto, eu poderia ser eu mesma, só não diria meu nome verdadeiro e meu passado. Não vai ser igual em Norta, não vou precisar me comportar diferente, cuidar com o que falo, como falo ou com quem eu falo, isto não é uma prisão. Vou ter a vida normal que sempre quis.

The transcendent RayOnde histórias criam vida. Descubra agora