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Modelos, tanto masculinos quanto femininos, indo e vindo em roupas lindas, ou em basicamente nada de roupas, pela longa passarela

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Modelos, tanto masculinos quanto femininos, indo e vindo em roupas lindas, ou em basicamente nada de roupas, pela longa passarela. E aqui estou eu, a novata nesse mundo da moda, na frente da passarela fotografando todos os modelos que passam por aqui.

Todos eles parecem tão naturais em cima da passarela, que parecem estar no corredor de casa. A câmera é cativada pela beleza exuberante que se espalha na frente da lente dela.

Mas acredite, é bem melhor estar aqui na frente do que lá no backstage. Lá, atrás daquelas altas cortinas vermelhas, é uma loucura só, e eu apenas passei por lá quando cheguei.

— Quem é ela, a nova fotógrafa? Eu nunca vi ela por aqui antes — ouvi isso a noite toda.

Eu sei que sou a única fotógrafa mulher aqui hoje, mas foquem no desfile e na grife de roupas que está sendo apresentada e não na caipira aqui.

Minha chefe, Jackie, responde à quem perguntou quem eu sou.

— É a minha mais nova contratada. Ela é jovem, mas é muito boa no que faz — o elogio, mesmo sendo mínimo, me fez ficar com o rosto quente e certamente vermelho. — Mas nem pense nisso, ela é só minha.

Aposto que a outra mulher, a dona da voz, é de alguma revista concorrente e talvez por isso Jackie teve que mostrar que ela é minha dona – nossa, isso soou tão estranho.

Esse ramo da moda é mais complicado, e cheio de pessoas possessivas aparentemente, do que a minha vida inteira e olha que quem está falando isso sou eu Lara, Vida Problemática, Kent.

— Eu gostei dela — falou a voz.

— É, eu também — respondeu Jackie.

O público começou a aplaudir, me fazendo esquecer do diálogo entre as duas mulheres. E também, não é como se elas estivessem me disputando para ver quem irá ficar comigo no fim da noite.

A última modelo da noite desfila através da passarela. Seus pés não parecem nem tocar o solo, porque mesmo com o salto alto nos pés, seus passos são leves e confiantes.

Todos ficam de pé para aplaudi-la, enquanto a modelo para na frente da minha câmera, mandando um beijo para a lente. Ela faz o caminho de volta pela passarela e some atrás da cortina vermelha.

Depois disso, todos os modelos voltam pela passarela acompanhados da estilista da grife.

Há fotógrafos, e alguns cinegrafistas de alguns canais de televisão, de outras revistas aqui nesta noite.

Apesar de que o desfile foi feito pela revista onde trabalho agora, a Evoke, os outros fotógrafos que estão aqui são convidados de revistas concorrentes, mas a preferência do melhor lugar da "casa" é meu.

Última foto do dia e pronto, meu trabalho por ora está acabado, o que significa que já posso guardar o meu equipamento.

Kara não estava brincando quando disse que haveria um bando de gente aqui. Nunca fui claustrofóbica, mas hoje, perto de todas essas pessoas, estou me sentindo sem espaço.

Talvez eu apenas não seja uma garota de multidões, ou talvez seja apenas a Smallville que ainda vive dentro de mim.

Em Arkadia havia, e ainda tem, muitas pessoas vivendo e trabalhando lá. Mas quando eu vivia lá, eu estava junto de pessoas iguais a mim, diferentes e aqui fora é o total oposto, eles são os diferentes para mim.

— Você é muito parecida com o seu pai — uma voz feminina, desconhecida por mim, falou às minhas costas.

Por 5 segundos minhas pernas congelaram, o que me impossibilitou de movê-las rapidamente.

Se essa pessoa, mulher, sabe quem é o meu pai, ela provavelmente também sabe quem eu sou e o quê eu sou.

Peguei minha bolsa, com meus equipamentos, do chão e fui para o mais longe possível daquela mulher.

Sai do hotel, que é onde o desfile estava sendo feito, e tomei a direção oposta.

Com a ajuda da noite, e tomando o máximo de cuidado para que a alça da bolsa não caísse do meu ombro – porque me conhecendo, eu provavelmente deixaria isso acontecer – e para que ninguém me visse também. Disparei, usando minha super velocidade, para a torre Wayne, o meu refúgio aqui em Kal.

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Algumas vezes, quando consigo me concentrar o suficiente, posso bloquear totalmente minha super audição para não mais escutar todo o mundo exterior.

Nesses momentos é quando me perco em mim mesma e quando faço isso, me sinto normal, o mais normal que uma garota meio humana e meio Kryptoniana pode ser.

Fecho os olhos para não ver mais os prédios no horizonte, e me perco em minha própria cabeça.

Desde que me mudei para a cidade de Kal, a torre Wayne tem se tornado uma espécie de 'Fortaleza da Solidão' para mim.

Aqui em cima é de onde consigo ver uma boa parte da cidade e cidades além. A torre Wayne é um dos prédios mais altos daqui, o que me possibilita ter uma vista ampla de tudo lá embaixo.

— Aqui é calmo, não é Lara? — consigo ouvir a voz dele em minha mente como se ele estivesse aqui mesmo. — Sempre me senti livre aqui em cima.

Abro os olhos e o vejo ali. Não o Superman, não o Kal-El, mas sim o meu pai Clark Kent, com as roupas simples de um fazendeiro do Kansas como ele está em muitas fotos na casa da minha avó.

Ele está sentado ao meu lado, olhando para o horizonte enquanto olho para a lateral de seu rosto.

A primeira vez que tive essa "experiência", de vê-lo e ouvi-lo como se ele realmente estivesse ali em minha frente, minha garganta fechou e meus olhos começaram a derramar tantas lágrimas, que lembro que era quase impossível ver qualquer coisa à minha frente. Depois isso começou a acontecer com tanta frequência, que hoje em dia não me afeta mais tanto quanto antes.

Minha mente, um mundo totalmente e completamente meu. Um mundo onde posso me comunicar, e vê-lo, com meu pai que morreu antes mesmo de saber que Lois estava grávida.

Isso é absolutamente estranho eu sei, mas Kara me afirmou que não temos um poder que seja "paranormal", não que eu tenha contado toda a verdade para ela também.

Talvez tudo isso seja apenas a minha mente me pregando uma peça, criando uma figura paterna imaginária para mim – ou eu estou ficando louca.

— Também me sinto livre aqui — respiro o ar noturno e respondendo para ele em voz alta. — É tão calmo e o vento é...

Indescritível — completa por mim e eu não poderia discordar, porque é realmente assim que me sinto e penso. — Mas volte à realidade Lara, sua mãe e outros precisam de você — vi a figura dele desaparecer, levada pela brisa.

Minha audição, voltando totalmente ao normal, capta um barulho ao longe, como se algo explodisse acima de minha cabeça.

Meus olhos escaneam a imensidão escura do céu nublado, em busca da origem do barulho da explosão.

Um ponto de luz, um avião com uma das turbinas em chamas, é o que vejo.

Mesmo de onde estou, e com a ajuda da minha visão que é muito aguçada mesmo de noite, consigo ver os passageiros e a tripulação do avião. Todos estão muito assustados, enquanto os pilotos tentam resolver o problema. E então vejo...

— Mãe!

Lois está dentro do avião também.

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