Kara é "recebida" com um lança-granadas apontado para ela. Uma das pessoas mascaradas estava esperando por ela em uma das portas laterais do trem – é como se eles soubessem que ela viria ao resgate.
Quando a granada explodiu em Kara, dei um passo para trás deixando um arfar sair por minha boca.
Por mais que eu saiba que essas granadas não fazem nada em Kara, meu coração se aperta ao vê-la ficar desorientada por causa da explosão que foi diretamente em seu corpo. Meu peito se aperta ainda mais ao ver duas outras granadas atingirem-na ao mesmo tempo fazendo Kara girar no ar.
Talvez eu me preocupe demais com Kara. Mesmo eu sabendo que ela não pode ser machucada com tanta facilidade quanto eu, ainda assim é muito difícil ver ela ser atingida por coisas que explodem em bolas de fogo.
Após o acidente com o avião, que foi uma das coisas mais arriscadas que fiz em todos esses anos, uma foto minha voando saiu em alguns jornais da cidade e do país – o engraçado da matéria foi o título dela: 'Temos mais um pássaro no céu?'
Tudo bem que na foto não dá para reconhecer quem é a pessoa – é mais como um borrão vermelho, porque a minha jaqueta era vermelha naquela noite, do que outra coisa – porque a foto é escura, apesar das chamas da explosão dos motores, e desfocada, mas se alguém se dedicasse tempo o suficiente para melhorar a qualidade da imagem, um rosto poderia ser visto e talvez até reconhecido.
Por causa dessa foto, Bruce me deu uma pequena máscara vermelha – que se você tiver os olhos tão bons quanto os meus e os da Kara, irá ver os pequenos símbolos da casa de El nela – que cobre apenas a região dos meus olhos e uma parte do nariz.
Bruce disse que como não tenho um uniforme igual a Kara, o que mais chamaria atenção seria o meu rosto. A máscara serviria para proteger minha identidade caso eu fosse ajudar alguém novamente, e creio que esse é um ótimo momento para usá-la.
Então depois de colocar a máscara corro o mais rápido que minha velocidade me permite, deixando para trás Bruce, Diana e Lauren sem entenderem nada.
Sei que logo a notícia chegará através de Alfred para Bruce. Pois é, o velho mordomo ainda está vivo e esbanjando saúde – ou o Bruce o transformou em um robô e ninguém sabe.
Quando corro nesta super velocidade, consigo ver as coisas como se estivessem congeladas no tempo. Mas sei que isso é porque sou eu que estou me movendo tão rápido que tudo ao meu redor parece parar.
Kara é atingida por mais uma granada.
Tudo isso aos meus olhos acontece tão lentamente que consigo ver a granada atingir o peito de Kara, bem no escudo onde fica o S, a granada explodir em uma nuvem de fumaça verde quando tocou-a, o cabelo loiro voar ao redor de sua cabeça e ela cair no chão se contorcendo como se estivesse com dor.
Vejo a mesma pessoa mascarada lançar outra granada em Kara. A granada explode na mesma fumaça verde quando Kara usa uma de suas mãos como escudo contra o objeto.
Kara inala a fumaça da segunda granada também, arqueando as costas do chão.
Quando chego perto de Kara, consigo sentir aquela fraqueza familiar que eu sentia sempre que Ariana chegava perto de mim com aquele colar.
— Não Lara — Kara diz me fazendo parar. Minha respiração falha e sinto o suor descer por minha testa e meus joelhos quase cederem, porém estou mais preocupada com ela do que comigo mesma. — É kryptonita, não chega perto.
— Mas e você?
— Vá atrás do trem, logo estarei lá — terminou com um pequeno sorriso, que não me deu muita confiança para o que falou, mas afinal Kara é a Supergirl.
Hesitante concordo e saio correndo atrás do trem novamente, dando algumas olhadas para trás para onde Kara está, vendo que ela já está se levantando aos poucos.
Quando chego perto o suficiente, pulo sobre o último vagão pousando com um baque quase inaudível no teto de metal do trem.
Ouço o que os passageiros, e os mascarados, falam e percebo que esse trem da LuthorCorp não está levando apenas máquinas, leva também alguns dos executivos da empresa inclusive uma Luthor e a minha chefe.
O trem está ganhando cada vez mais velocidade. Se continuar assim e se tiver alguma curva no caminho, o trem possivelmente irá descarrilar.
— O chefe quer isso aqui, com os passageiros vivos ou não — ouço alguém dizer lá dentro.
Uso a visão de raio-X e vejo que duas das pessoas mascaradas, as que estão falando, estão no mesmo vagão em que estou, só que eles estão abaixo de mim.
— Mas você sabe o que tem dentro dessas caixas? — diz a outra voz, essa como a primeira, masculina também.
Noto que o vagão de onde os homens estão falando, tem caixas de madeira com...
Faço um pouco mais de esforço para ver além da madeira e quando não consigo, percebo o que é:
— Chumbo — sussurro.
Kara voa de volta para o trem, parecendo estar melhor, e quando a vejo falo para ela a pequena descoberta que fiz.
— Há caixas de madeira revestidas de chumbo nesse vagão aqui.
Kara continua a voar e vejo que ela está escaneando o resto do trem.
— Tem mais alguns vagões com caixas de madeira, mas nem todas são revestidas de chumbo — fala pousando em minha frente.
— Quem você acha que é? — olho para ela. — Quem está por trás disso?
Kara balança a cabeça negativamente.
Eu poderia dizer a minha sincera opinião para ela, de que eu acho que algum Luthor tem a mão inteira nisso, mas duvido que Kara pensasse um pouco mais profundamente sobre essa minha opinião.
— Não sei, mas eles estavam me esperando, obviamente — ela olha a extensão do trem novamente. — Eles só tem granadas de kryptonita. Não vejo outras coisas além das granadas.
Respiro fundo.
— O que faremos agora? Nós duas não podemos com a kryptonita — a lembrança da última vez em que estive em contato com uma kryptonita, ainda está bem fresca em minha memória, e não estou falando da fumaça que atingiu Kara antes.
Ouço um som no ar, igual ao que ouço quando Kara voa. Porém esse é um som mais forte, e são dois.
— Vocês não podem — me viro no momento em que Diana e Lauren pousam no vagão —, mas nós podemos.
Com as palavras da irmã, Lauren abre um sorriso presunçoso.
— Vamos fazer o trabalho que as crianças não podem — e com isso Lauren dá um impulso para a frente com a espada na mão, e pousa no primeiro vagão onde o mascarado com o lança-granadas está.
— Perdoem ela — minha atenção volta para Diana após ver Lauren abrir o teto de metal do vagão com sua espada, como se estivesse abrindo uma lata de sardinha. — Ela apenas está feliz por estar fora da ilha. Lá ela não tinha esse tipo de ação — e ela também dá um impulso até o vagão onde Lauren, pelo o que ouço, está batendo em alguém.

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S De Esperança
Fanfiction- Mesmo tendo toda a velocidade do mundo, você não vai conseguir salvar todos eles. - Mas eu posso tentar. (Esse livro só foi publicado no Wattpad por mim, Sweetiescape. Se está lendo ele em algum outro lugar, certamente não fui eu que publiquei.)