Capítulo 4

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                      Willian

Ninguém é perfeito. E muito menos eu.

Não sou de falar muito, não sou de sorrir. Só guardo meus sentimentos pra mim mesmo, se é que tenho esses bagulho aí.

Bom, minha história é o do menino abandonado pelo pai , minha mãe era nova quando conheceu o desgraçado, pelo menos ela só me contou isso parece que ela tem muito remorso. E eu tenho ódio. Por ter visto minha mãe sofrer pra caralho sozinha pra criar nós! Ela não fala de meu pai, e nem eu quero saber desse caralho.

Eu sou o irmão mais velho com meus vinte anos, e Murilo o mais novo com dezoito.  Somos filhos de pais diferentes , o segundo marido de minha mãe, pai de Mu era legal   gostava de nós e fazia tudo por Murilo e por mim que nem filho dele era, eu até chamava ele de pai. Mas o coitado morreu, ele era gerente do pó da 10, apesar de ser bandido ele tinha um coração bom pra caralho, minha mãe a partir daí teve que se virar pra cuidar de nós. Sei que meu pai de criação deve tá orgulhoso  de mim , e eu nunca vou esquecer ele!

Não confio em ninguém. Há não ser em minha mãe, e meu irmão Murilo. Tenho amigos mas sempre aquilo né, eles lá e eu cá.
Mulheres? Só comer mesmo. Não quero aproximação com nenhuma puta que só quer o meu dinheiro!

Bom. Virei dono do morro através do meu potencial! Era só minha mãe pra sustentar nós e a gente tinha que ajudar . Pedi perdão à minha mãe, mulher que me criou e me deu todo amor e entrei na vida mesmo! Depois Murilo  também foi, é assim né vei nessa favela a maioria dos meninos não tem opção, se mete mesmo no crime.

Comecei como fogueteiro, depois já era vapor, fui gerente geral depois virei patrão, cheio de moral mandei no morrão.

- Tchau coroa, vou lá viu qualquer coisa tô na boca. - dei um beijo em minha mãe.

- Você vive enfurnado nesse lugar Willian!

- Ô dona Lourdes, é meu trabalho.

- Isso lá é trabalho.

- Não vai começar o julgamento não. Cadê meu irmão?

- Esse aí é outro , sumiu ontem.

- Fica suave, ele deve tá com alguma vagabunda.

- Suave é o murro que eu vou te dar se você não tirar esse troço de perto de mim menino. Morro de medo dessas coisas , já não basta meu falecido marido agora vocês meus filhos.

- Calma mãe, já vou. - sai rindo.

- Vai com Deus meu amor.

Minha mãe não aceitava o fato de eu ser um bandido. Mas que mãe ia aceitar né mesmo?

Ela tá ciente que é melhor assim do que viver na miséria que nos vivia. Pelo menos hoje eu dou tudo Que minha mãe quiser!

Subi na minha moto e cheguei na boca.  Tava todo mundo lá suave , eu tinha que fazer minhas contas, ver alguns zé droguinha que tavam me devendo aí , e ver os novos armamentos. Sempre precisamos nos preparar né, esses policial do caralho podem tentar invadir meu morro a qualquer hora.

- Cofoi irmão todo calado. - Juninho me cumprimentou .

- Tô normal parceiro. Cê viu meu irmão?

- Esse aí saiu com uma novinha do baile ontem, deve tá fodendo até agora. - riu.

- Meu Deus. - revirei os olhos.

Ficamos conversando. Até que Menor meu outro parceiro, chegou dando uma noticia maravilhosa. Até fez meu dia ficar alegre.

- Chefe, o cara que tentou matar tu e teu irmão rodou!

- Ótimo Menor. Valeu pivete. - fiz toque com ele.

Um doidão que se fazia de amigo aí, tentou matar a mim e a Murilo. Eu fiquei no ódio,  pivete se infiltrou aqui na trairagem e tentou matar nós. Só estaria sossegado quando esse aí tivesse a dois palmos da terra, e esse dia chegou.

Sai felizão, deu até vontade de ir no bar da esquina tomar uma.
Fui andando mesmo, até que uma novinha tirada a cega se esbarrou em mim. Tomar no cú viu.

- De... - gaguejei. - Desculpa. Eu não quis.

- Pô mina olha por onde anda! - eu disse grosso.

Olhei pra ela e fiquei na onda. Garota gostosa, já tinha visto essa mina na rua mas não tinha criado malícia na cabeça ainda.

- É que minha mãe tá passando mal, me perdoe não me mate.

Oxente, que mina piradona. Porque eu ia matar ela se servia pra muita coisa ainda.

- Onde é que tá sua mãe?

- Em..  - ela gaguejou.

Será que essa bicha é gaga é?

- Em casa senhor.

- Senhor tá no céu garota, mas você deu sorte que eu tô felizão hoje e vou lá ajudar tua coroa. Me leva lá. - dei um sorriso amarelo.

Fui até a casa dela, não me perguntem porque tô ajudando essa mina não. Sei lá, sabe quando dá vontade de fazer uma coisa?
E sei lá né, é bom fazer umas boa ação na comunidade de vez em quando. Ainda mais pra uma garota gostosa.

A casa dela era simples, mas tudo arrumadinho e no devido lugar.
Mandei uns vapor levar a mãe dela pra emergência daqui do morro e me despedi dela. Ela agradeceu toda sem graça, mas essa mina mexeu com meu pensamento.

Fui pro bar e bebi só umas duas latinhas pra não ficar alterado em serviço . Voltei pro trampo e fiquei lá na zoação com os meninos e vendendo meus bagulho .

- Ah chegou o bonito! - falei ao ver meu irmão chegar na boca.

- Não enche WL.

- Enche nada tem trabalho pra fazer aqui e tu sei lá onde.

- Tava com uma mina aí.

- Ata , foda não paga suas contas.

- Não já tô aqui gay? Então pronto.

- Gay é você que usa aquelas cuecas enfiadas . - dei risada.

- Ih deixa minhas cueca.

- Andando enfiado Mu? - Menor disse rindo.

- Cês me amam seus exus! - meu irmão falou.

E a tarde foi assim, trabalho,  brincadeira, e muito drogado querendo comprar. Já tô tão acostumado que nem ligo.

A tarde passou rapidamente.
Terminei de fazer tudo na biqueira, separei um pouco de maconha pra mim e coloquei no bolso da bermuda. Fui pra um beco que sempre vou quando quero pensar e fumar, fiquei lá observando a lua e pensando pra caralho. Sei lá mano, eu tenho dinheiro , posição na favela e tudo que eu sempre sonhei em dar a minha mãe, mesmo sendo com o trabalho sujo. Mas mesmo assim , as vezes fico tristão sem motivo, pensando como minha vida ia ser diferente se eu não fosse bandido, várias fita.

Tava lá na minha brisa , quando a novinha passou por ali. Vocês acreditam em destino? Porque eu tô começando a acreditar.

Falei com ela , e ela toda séria, nem rendeu uma atenção pro chefe.
Enrolei ela mesmo, segurei a mina e dei logo a primeira investida. Tasquei-lhe um beijo naquela boca linda dela , ela ficou sem reação, mas tenho certeza que gostou.

Afinal quem não gosta do meu beijo?

Destino ImplacávelOnde histórias criam vida. Descubra agora