Depois da minha tortura de cinco horas de vôo sem escalas ao lado de uma adolescente emburrada mascando chicletes como uma lhama, o avião finalmente pousa em Seattle.
Vejo que Alexia deixou várias mensagens e até mesmo um email, talvez tenha um pombo correio a caminho também, ela sabe ser desesperada.
Me impressiona muito que ela não seja um bebê prematuro, com a pressa que Alexia tem ela devia ter escapado do útero com seis meses.
- Algum problema? - digo assim que ela atende minha ligação.
- Sua mãe me ligou, queria saber se você estava comigo. - ela diz rapidamente. - Onde você está?
- No aeroporto de Seattle, indo para casa. - respondo.
- Caramba Blair, sabe o quanto é difícil encontrar um táxi a essa hora?
- Sei sim. - resmungo.
- Você está parecendo um camarão.
- Como você sabe? - pergunto e olho para trás.
Alexia sorri e arrasta seu carinho de bagagem até mim, o que ela estava fazendo em Seattle em pleno domingo?
- Você está péssima! - ela diz fazendo uma careta.
- Também senti sua falta. - abraço ela bem forte e o seu shampoo de morango me dá ânsia de vômito.
- Sério, você tem dormido?
- Não, estive ocupada.
- Quer transar com surfistas? Tudo bem, eu apoio. Quer agir como uma ninfomaníaca? Ok. - ela diz seriamente, usando seu olhar de advogada sobre mim. - Mas por favor, seja uma viciada em sexo sadia, olha essas olheiras...
- Eu não sou uma viciada em sexo, e não transei com surfista algum. - protesto.
- Tem razão, você está tensa demais.
Reviro os olhos e olho para o lado de fora do aeroporto onde uma chuva torrencial caía sobre a cidade. Talvez ainda desse tempo de voltar para o Havaí...
- Anda logo, não quero perder ficar esperando um táxi debaixo dessa chuva. - ela me empurra na direção da saída do aeroporto.
Depois de alguns minutos nós duas finalmente conseguimos um táxi onde colocamos todas as nossas extravagantes malas e entramos com o cabelo pingando pela água da chuva.
Digo o endereço da casa dos meus pais para o taxista, Lex e eu eramos praticamente vizinhas, três casas de distância.
- É muita coincidência você estar aqui.
- Não. - ela diz. - É dia dos pais, eu sempre venho nos feriados.
- Você sempre foi uma pessoa mais ligada em assuntos de... - começo a dizer mas paro de falar assim que a ficha caí. - Como assim dia dos pais?!
- Dia dos pais, feriado nacional, comemorado em vários países...
- Não pode ser, que dia é hoje?
- 17 de junho. - ela me olha assustada.
Droga! Droga! Eu não acredito que eu esqueci disso, sou uma péssima filha.
Como se já não bastasse toda aquela história do jantar, agora eu ainda teria que enfrentar um gigantesca vergonha de não ter sequer comprado um presente.
- Você esqueceu! - Alexia faz uma cara de reprovação. - Caramba Blair!
- Estou tão ferrada, não comprei nada, nem lembrei disso. - confesso. - E além disso, meu pai está esperando que eu confirme a reserva que deveria ter feito no novo restaurante italino, mas eu esqueci também.
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Os três pilares da felicidade
ChickLitEsqueça tudo sobre almas gêmeas, sobre os tradicionais clichês hollywoodianos em que garotas exemplares se apaixonam por bad boys/chefes/o idiota do amigo meu irmão. Agora substitua tudo por uma garrafa de vinho, uma mulher recém solteira, e uma ant...