Alguns abraços foram feitos para curar feridas da alma, alguns para te aquecer e outros para te fazer se sentir em casa, em paz.
Ano passado, dia 13 de outubro, Morena, eu e uns amigos, fomos ao Mandallah Lounge, um clube de festas que tinha na cidade.Tínhamos nos encontrado antes na praça para beber um pouco e descer em seguida para o clube, porque não podia entrar com bebidas e as que vendiam dentro do local eram caras.
Chegando no clube, dancei muito com uns amigos, estávamos tão felizes e bêbados que ficamos pulando em círculos, mas Morena se manteve no seu canto, porque não gostava muito de dançar, tentei de todas as formas, mas ela não queria se juntar a nós na dança e então depois de um tempo a convidei para sentarmos na área externa do clube. Ficamos lá conversando, falando sobre algumas coisas.
Depois de uns 20 minutos, um amigo chegou perto de nós e disse que estava bem mal, que queria ir embora, então subimos para a praça para esperar um ônibus que passava de hora em hora na madrugada ou esperar amanhecer para pegar o primeiro ônibus do dia. Enquanto isso, estávamos sentados em frente a uma loja, todos morrendo de frio, fome e sono, mortos de cansaço também, porque tínhamos andado muito para chegar nessa loja.
Começamos a conversar para nos distrair e em meio a conversa alguém falou sobre tristeza, passado, e me veio a tona a lembrança da minha avó, os anos em que estive em depressão, o tempo em que eu não me aceitava homossexual, os traumas e feridas na alma que carrego comigo. Neste meio tempo eu não tinha notado que meus olhos estavam cheio d'agua e que minha voz estava embargando por falar um pouco de tudo o que sentia ao lembrar disso, mas Morena tinha percebido, do nada senti o abraço forte e espontâneo dela, não aguentei a sensação de paz que aquele abraço me trazia e desabei a chorar. Deitei no colo dela e era como se eu voltasse a me sentir frágil, uma criança de 8 anos que se sentia insegura e desprotegida no mundo. Era como se aquele abraço curasse minhas feridas da alma, me fizesse sentir em casa, em paz e até mesmo aquecido por aquele sentimento de acolhimento de Morena, de ternura, de amor...
Eu me sentia mais protegido depois daquele momento, mais amado e até mesmo mais forte, tinha sido um dos primeiros dias em que eu não via mais os meus "fantasmas" do passado na minha frente, porque me sentia em paz, me sentia melhor.
* * *
Depois de um tempo, Morena ligou para o seu pai e ele foi até lá buscá-la, eu a abracei e pedi a ela que me avisasse quando chegasse em casa para saber que tinha chegado bem e dei um sorriso para ela de despedida, mas minha vontade era que ela ficasse ali comigo(talvez soe muito egoísta da minha parte, mas eu me sentia mais aliviado quando ela estava por perto, porque assim sabia que ela estava bem e que nada tinha lhe acontecido).
Depois de 40 minutos ela me mandou uma mensagem dizendo que tinha chegado bem e que iria dormir. Fiquei despreocupado em saber que ela estava bem e fui a pé para casa, sem avisá-la,porque sabia que iria se preocupar comigo ao andar sozinho pela rua na madrugada.
Quando cheguei em casa fiquei olhando nossas fotos tiradas no clube e fiquei me perguntando o porquê de eu merecer uma garota como ela, que me fazia tão bem, sendo eu era um garoto tão desligado e louco, mas foi aí que percebi que talvez ela seria a razão pela qual eu "tomasse juízo" e sorri igual um bobo.
* * *
Por mais que ela não gostase da nossa foto juntos naquele dia(porque disse que estava estranha na foto), eu amo, porque sempre que olho aquela foto me lembro daquele abraço que mudou completamente meu ser e meu interior...
🌹🍃💙
VOCÊ ESTÁ LENDO
O infinito começa com N 🌹
RomanceA história gira em torno de um garoto trans que se apaixona pela mulher de sua vida, essa em questão, o proporciona uma história linda, narrada por ele. Morena é a garota com quem Pedro vive uma história intensa e única, que lhe proporciona picos de...