A festa surpresa

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Estava lembrando do dia da festa surpresa que a mãe de Morena, a melhor amiga dela e eu fizemos para ela. Foi tão legal!!

Eu falei brincando sobre fazer algo para ela de aniversário, mas depois acabei achando legal a ideia e comentei com a amiga dela, que me passou o número da mãe dela, e ficamos combinando durante um tempo sobre tudo da festa.

Detalhe que, eu morria de medo da mãe dela, porque ela aparentava ser brava, mas enfrentei meu medo e fui lá falar com ela da festa. Me surpreendi, porque ela é tão gente boa(um amorzinho,na verdade, amo de paixão <3).

Nós três combinamos de eu ficar encarregado de ir lá na casa dela com um amigo para ajeitar tudo para a festa(por sinal foi um desastre, porque eu não sei nem arrancar um ferro do chão, me sujei todo), a amiga dela ficou encarregada de sair com ela no dia para distraí-la para que não descobrisse nada e a mãe dela me ajudou a comprar tudo para a festa, chamar as pessoas e acabar de organizar tudo no dia.

Fizemos tudo com muito carinho, o tema era "Harry Potter". Ficou tão legal, não era uma mega produção, nem nada, mas era de coração, nem coca-cola tinha, mas tinha "Iti",um refri estranho, porém era bom.

Colocamos uma mesa com TNT preto, os livros que ela tinha do "Harry Potter", dois caldeirões pequenos em cada lado da mesa com balas, uns poucos óculos para enfeitar, um bolo lindo que a mãe dela mandou fazer, balões pretos(que custamos pregar na parede,até machuquei meu dedo,para variar, porque né, sou o desastre em pessoa), colocamos algumas mesas no quintal, uns globos coloridos(que estavam quase caindo no chão, porque eu sou péssimo em colocar globos na parede), uma caixa de som com uma playlist descente, porém legal, só faltou o funk(eu sou péssimo até para isso).

Combinei com a mãe dela de tocar uma música que Morena gostasse que no caso foi "Trevo" de AnaVitoria, mas acabei tocando duas. A outra era uma das canções que escrevi a ela(acho que a mãe dela queria me matar no dia, aliás, até hoje, porque ficou "bem na cara" que eu a amava e a família dela não sabia de "nós", eu acho).

Eu simplesmente peguei o violão, sai do sofá da sala, pedi a Alice, que é amiga de Morena para falar com ela que fosse ao quintal. Sentei em uma cadeira bem no alto, olhei para todos e disse:

- Queria um minuto da atenção de todos para eu cantar uma música a Morena e depois cantarei outra que escrevi para ela, mas não reparem se eu sair um pouco do tom, estou bem nervoso, obrigado pela compreensão.

Eu estava super nervoso, era como se nunca estivesse pisado em um palco ou cantado para ninguém, como se nunca tivesse me declarado a ninguém ou nunca tivesse expressado meus sentimentos. Eu estava suando tanto que me sentia numa sauna, minhas mãos tremiam, gaguejava um pouco e as palavras sumiam da minha mente.

Lembro que a Alice estava de braços dados com Morena, olhando em minha direção. Eu a olhava e ficava mais nervoso ainda, mas por fim comecei a tocar, errei a letra da canção que escrevi quase toda, desafinei muito, saí do tom algumas vezes e fiquei praticamente surdo e cego, já não conseguia ouvir nem o que eu cantava, muito menos ver os que estavam me vendo tocar. Eu firmava os olhos para ver se enxergava, mas não via nada, só via quando olhava para Morena, mas eu ficava cada vez mais nervoso quando olhava para ela, então toquei as canções e fiquei ali, parado, esperando alguma reação dela. Lembro que Morena me disse obrigado e saiu.

Eu deveria ter deixado o violão no chão e ido atrás dela, deveria ter engolido meu medo, deveria ter chegado perto dela e falado:

- Oi, me dá um abraço? Nem que seja por 2 minutos?

Deveria ter feito o que o meu coração pedia. Eu quem tanto segue o coração, não segui nesse dia e me arrependi, porque o abraço dela me faz tanta falta..

* * *

Depois de Morena ter saído de perto, peguei meu violão e fui até o quarto da mãe dela para guardá-lo. Ainda estava super nervoso, mas feliz por todos terem aplaudido, feliz por pelo menos fazer algo para que Morena tivesse um aniversário legal.

Depois de sair do quarto da mãe de Morena, peguei umas bebidas que tinha levado e fui bebendo uma atrás da outra, sentei no sofá da sala e comecei a conversar com todas as amigas dela e a prima, falei de Morena, para variar, porque eu só sabia falar dela. Falei do meu passado, do meu canal, de músicas e do quanto amo escreve para ela. Depois fomos para o quintal dançar um pouco.

Conversei com a irmã de Morena um tempo também, ela me falava sobre sua irmã e sobre como ela falava de mim às vezes, amo a irmã dela, aquela canceriana fofa(sim, eu tinha que falar do signo dela).

Horas depois chamei Morena para conversar, dei a ela um colar que tinha uma lembrança bem de longe de um pombo de ouro(não sei se está certo o nome, sorry) do Harry Potter. Entreguei uma carta bem fofa também, que dizia algumas frases de AnaVitoria, desejava felicidades e falava um pouco do que eu sentia(queria saber se ela ainda guarda essas coisas, até mesmo a rosa que dei a ela no dia chuvoso).

Um tempo depois a irmã dela veio até nós dizer que iam dormir  e eu vi que já era tarde, fui embora.

Quando cheguei na casa do meu pai, mandei mensagem para a mãe dela pedindo desculpas por ter cantado a música que escrevi, mas que não tinha me arrependido, porque meu coração falava para cantá-la. Ela disse que estava um pouco brava, mas que entendia.

* * *

No outro dia eu lembrava de tudo com muito carinho, só estava arrependido de não ter ido atrás dela e ter pedido o abraço. Me senti um pouco triste por não ter ouvido meu coração, mas lembrava daquele dia como um dos dias mais especiais da minha vida, porque lembrava de quando a olhava enquanto cantava, lembrava do seu olhar me fitando profundamente enquanto na minha cabeça passava um filme de todos os nossos momentos juntos, de todos os abraços, de todos os sorrisos, do natal, da ligação no réveillon, da troca de colares com o símbolo do infinito, da carta que me entregou junto com o colar(que era linda,por sinal, guardo até hoje), lembrava do seu perfume que ficava grudado em minhas roupas quando me abraçava, do seu toque tão suave, da sua pele na minha, do primeiro dia em que me disse "eu te amo", do dia que dei a ela um dos livros do Harry Potter de presente, a caixa de bombons. Eu lembrava de tudo enquanto tocava aquela canção, lembrei até do primeiro beijo que foi um desastre, mas que foi o nosso primeiro beijo e que ninguém vai saber descrevê-lo, porque foi nosso, foi todo atrapalhado, mas foi nosso, nosso momento, nossa história, nosso infinito.

Naquele dia viajei para bem longe, onde ninguém mais a não ser nós dois, podia ou pode viajar...

Criei um mundo paralelo só para a gente, onde ninguém entendia o que se passava, talvez nem ela, mas era onde nós éramos felizes, onde eu podia dizer a ela o quando era especial para mim, onde eu podia escrever a ela todas as poesias e os textos fofos de parabéns por mais um mês de namoro, por mais um mês ao seu lado, onde podia fazer todas as minhas surpresas fofas e estranhas a ela, onde poderia beija-la no pescoço e a fazê-la se arrepiar do nada, sem ninguém notar. Aquele mundo "mágico" longe de tudo e todos, criado só para nós(pelo menos na minha cabeça). 

Ela era muito pisciana para entender tudo o que eu a mostrava abruptamente na minha fúria de amá-la ou na minha intensão tão ingênua de dar a ela todo o meu amor,(mas eu amava a lerdeza dela, era tão fofo), todo aquele amor guardado durante anos só para ela. Morena era tão fofa bravinha e tão capricorniana com ciúmes, dava vontade até de abraçá-la e não soltar mais.

Enfim, eu amava nosso mundo particular, nosso paraíso particular, era como se nada mais existisse e que se tudo chegasse ao fim, as luzes se apagariam, mas as lembranças o manteriam lá, intactas e continuaria sendo só nosso, de nós dois, nosso mundo, nossa história...

O infinito começa com N 🌹Onde histórias criam vida. Descubra agora