Andava de um lado para o outro no meu quarto. Melanie abriu a porta que nem uma louca e gritou desesperada:
- Sua filha está indo pra Chicago com a Verônica e o Carlos.
- Chicago? Espera! - paraliso por um tempo. - Você falou Carlos?
- Sim, eles acabaram de comprar uma passagem.
Corri para fora do hotel entrando em total desespero. Eu não iria perder Aysha de novo... nunca mais. Meu coração dói com a possibilidade e meus olhos ardem pela traição de Carlos. Eu nunca deveria ter confiado nele novamente.
Uma caminhonete para em frente à entrada e a porta do passageiro abre, revelando Lehandro no banco do motorista.
- Aeroporto? - ele pergunta.
- Aeroporto. - confirmo repetindo.
Entro no carro e ele acelera com tudo em direção ao local indicado. Sentia meu coração doer a cada segundo que passava e o medo se alastrar por cada pequeno espaço do meu corpo. Assim que atravessamos o local indo até a área de embarque, o segurança nos para.
- Passagem, por favor.
- Você precisa parar o vôo de Chicago. POR FAVOR! - As lágrimas começaram a correr.
- O avião já embarcou moça. Sinto muito.
Caio no chão com o baque e a dor parecia inevitável naquele instante. Ter a Aysha comigo era a única coisa que eu queria e naquele momento ela estava indo para o outro lado do continente. Eu estava sendo completamente afastada da minha filha por motivo nenhum. Todo o meu caos foi ocasionado pela simples ganância do Carlos. O medo de perder a fama pela filha de quinze anos já estar grávida foi a única coisa que destruiu a minha vida inteira.
- Você vai acha-la. - Wallacy tenta passar seu otimismo.
- Achar? - eu me levanto eufórica. - Levaram a minha filha pra puta que pariu e eles podem simplesmente ir pra qualquer lugar quando chegarem lá. Eu perdi a Aysha... Eu perdi ela pra sempre.
- Larissa... - Lehandro me chama e eu nego. Não queria ouvir palavras otimistas agora.
- Não quero saber.
- Larissa porra. - Lehandro praticamente grita chamando minha atenção. Olho para a mesma direção que ele e em uma distância considerável avisto meu pai e Aysha em seu colo.
- AYSHA! - a grito chamando atenção de todo o aeroporto.
Corro até minha pequena e ela me abraça forte como se a qualquer momento eu fosse embora novamente.
- E a Verônica? - pergunto a Carlos.
- Eu praticamente tiver que sair correndo pra fugir dela. O avião decolou com ela ainda lá dentro.
Abraço novamente Aysha e beijo suas bochechas, pego em sua mão e andamos para fora do imenso aeroporto em passos lentos. Carlos nos acompanhou até a saída do estacionamento.
- A gente precisa explicar pra Aysha... - Carlos sussurra.
- A escolha é sua. - digo.
- Eu conto.
Entramos no carro e Lehandro nos levou ao parque. O lugar escolhido por meu pai para contar toda verdade que foi escondida por tanto tempo.
Andamos até um lugar mais isolado do movimento de crianças e Carlos levou Aysha até um balanço.
- Preciso contar algo pra você, Aysha.
- Pode dizer.
- Você sabe que Larissa é sua mamãe, né?. - ele indaga nervoso.
- Sei. A tia Kim disse.
- Então... Eu também não sou o seu papai. Eu sou o seu avô, pai da sua mãe.
- E quem é meu papai?
- Um dia você vai conhecer. - Larissa interfere.
- Eu quero ir pra casa. - Ela pede com a confusão nítida em seus olhos.
- Ok, vamos ir pra casa. - Carlos diz.
- Com a mamãe. - ela me abraça.
Peguei em sua mão e a levei para o carro de Wallacy. Ela entrou no veículo e ficou encarando a janela. O caminho foi em um completo silêncio onde só ouvia os murmúrios de Aysha e a respiração pesada de Wallacy, que parecia incomodado com algo.
Chegamos no hotel e fui direto para o meu quarto, não queria voltar para o Rio de Janeiro agora. Eu sinto falta de todos mas com Lehandro aqui, eu não precisava de mais ninguém já que havia uma parte do Rio ao meu lado.
Aysha se deita na minha cama e eu me sento em uma poltrona ao lado da mesma.
******
Acordo e procuro Aysha na cama para saber se eu havia sonhado ou se era realmente verdade. E ali estava ela, dormindo, eu nem estava acreditando... finalmente ela estava comigo.
Levanto e vou cambaleando até o espelho do guarda roupa. Opa linda, meus cabelos estavam desgrenhados e minha maquiagem toda borrada.
- Oi Laryssa, tudo bem? Foi para o hallowen e não me convidou? Que coisa feia! - falo comigo mesma em frente ao espelho.
- O que foi? - Aysha pergunta se levantando.
- Anh? Quê? Conversando eu? Quê isso! - Troco as palavras e me enrolo nas frases.
Viro para Aysha e a mesma caí da cama ao me ver.
Eu estou tão acabada assim?
Entro no banheiro, faço minhas higienes, tomo banho, coloco um short curto e um top preto, saio do banheiro e faço o mesmo com a minha pequena. Eu realmente não era uma boa mãe e era nessa parte que eu sentia falta da Karol.
Melanie entra no quarto com um sorriso largo no rosto, a mesma se joga na cama sem ser convidada e pega meu dorittos.
- Me dá um, tia Mell? - Aysha pede.
Mell reparte um salgadinho minúsculo em três partes e estende a mão com o pequenino dorittos à Aysha enquanto a outra segurava o saco.
A garotinha de cabelos enrolados pega o saco rapidamente das mãos de Melanie e saí correndo para fora do quarto.
- Ei, volta aqui, pestinha. - Mell saí correndo.
Ainda me pergunto quem eram os loucos que contratavam a Melanie para ser babá. Corro atrás delas e as mesmas entram no quarto de Lehandro.
- Oi gordo. - digo ao velho que estava todo espreguiçado na cama.
- Qual é? Vaza.
Pego a almofada no chão e jogo em sua direção acertando-o em cheio.
- Aí, filha da puta. - ele levanta da cama e me encara.
- Vai voltar para o Rio? A gente sente sua falta... A Bruna sente sua falta. - solto uma risada e ele continua. - A desgraçada nem da minha casa sai mais. Vive lá enchendo o saco e fofocando com a Leh.
- Eu não sei dizer.
- Quer voltar ou não? A pergunta é simples e só você pode responder.
- ....
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Entre Facções
Teen Fiction- Entrando em processo de Degustação, livro já disponível na Amazon. Eu gostaria de iniciar uma história que não houvesse tanto clichê... Mas a cada dia que passa, acredito que o mundo se preencheu com enredos de filmes. Era engraçado ver nessa per...