- Matheus Lima. - digo à loira oxigenada que mascava um chiclete.
- Os familiares estão no segundo corredor à direita. - responde sem ânimo.
Caminho até o local indicado e encontro Karol sentada com uma expressão cansada. Entrego Aysha à ela depois de abraça-la e procuro Bruna ao redor.
- Ei. - um ser me chama e me viro em sua direção.
Analiso as condições péssimas de Bruna e a abraço o mais forte possível. As lágrimas voltam a cair mas dessa vez não seco.
- Pode entrar. - avisa.
Ando lentamente até a sala e meu coração acelera. Abro a porta e a dor de vê-lo daquele jeito me atinge de uma maneira que jamais imaginei. Senti meu coração palpitar e minhas pernas aos poucos adormeciam enquanto eu continuava parada na porta do quarta, criando coragem para me aproximar do meu maior problema mal resolvido.
Finalmente consegui me aproximar depois de certo tempo, sentei ao seu lado e aproveitei para segurar em uma de suas mãos. Senti o toque que há muito tempo não sentia e captei um vazio por parecer não haver nada e nem ninguém naquele corpo pálido.
- Ei, eu nem sei se você pode me escutar... Mas eu tô aqui. Eu voltei por você e eu espero que você volte pela gente.
A culpa preencheu meu peito e eu me perguntei se eu o havia deixado naquela situação. Pedi silenciosamente que não. Onde eu estava com a cabeça quando resolvi simplesmente desaparecer da vida de todos? Não se podia fugir daquela forma. Não se podia fugir da forma como eu fugi. Apertei suas mãos gélidas o mais forte possível como se aquilo fosse resolver alguma coisa. Ele não podia ir embora e me deixar como eu fiz...
****
Relaxei na cadeira de espera sentindo o cansaço atingir todos os músculos do meu corpo. A viagem feita pareceu multiplicar naquele instante. Eu sequer tinha dormido?
Um copo d'água é estendido à minha frente e no momento em que pego, encontro Mariana com um pequeno sorriso tímido. Seus cabelos compridos caiam em seu rosto e ela parecia tentar esconder a tristeza que sentia, assim como todos ali.
- Não esperava te ver aqui.
- Matheus era meu amigo, não vou deixar problemas do passado interromper nossa amizade.
- Entendo.
- Ei, é melhor você ir pra casa. - Karol diz enquanto se agachava ao meu lado.
- Não vou sair daqui. - insisto e ela me olha com cara feia.
- Você acabou de chegar de viagem. Vai cuidar da Aysha, vai cuidar de si mesma. Quando eu ver que você está bem eu vou lá e faço meu trabalho de babá.
- Vem, Larissa. - Lehandro se aproxima e estende sua mão. Seguro e levanto, olhando ao redor, procurando por Bruna. Não podia deixar ela ali.
- A Bruna tá com a Letícia - Karol avisa parecendo ler meus pensamentos. - Lehandro vai te levar em casa e mais tarde alguém te traz. Fica tranquila que vai ficar tudo bem.
- Qualquer coisa me liga. - digo à Karol.
Ela assente e Lehandro pega Aysha do colo de Nathan. Minhas pernas estavam fracas e me apoiei no braço do mesmo para caminhar até o estacionamento. Entrei no carro e logo fomos em direção ao morro que por tempos eu não via.
Passado becos e vielas, finalmente o carro é estacionado em frente minha casa. Desço com Aysha ao meu lado e me despeço de Lehandro com um aceno.
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Entre Facções
Teen Fiction- Entrando em processo de Degustação, livro já disponível na Amazon. Eu gostaria de iniciar uma história que não houvesse tanto clichê... Mas a cada dia que passa, acredito que o mundo se preencheu com enredos de filmes. Era engraçado ver nessa per...