Estávamos voltando para o Rio neste exato momento. A semana havia se passado bem rápido, infelizmente. Allan havia decidido que viria conosco e se encontrava em uma das últimas poltronas do avião.
Vitor e Aysha começaram com um jogo barulhento na poltrona de trás, gargalhavam alto e quando eu ia mandar que parassem, vi a liberdade que ela sentia quando estava com o gibi. Aysha era uma garota pensativa, quieta na maioria das vezes, não era de barulho, de gritaria ou de birra. Mas ouvir a risada dela daquela forma, foi como ganhar na loteria por dez vezes. Vi também como a carranca e o estresse de Vitor sumia apenas por estar ali e participar das palhaçadas dela.
- Cala a boca aí, caralho. - um desconhecido grita. No mesmo instante, Vitor se levanta e arqueia a sobrancelha.
- Por que não vem calar?
- Respeito é bom. - o desconhecido retruca.
- E só uso com quem merece. - e não houve mais nenhuma risada, conversa ou discussão até o final da viagem.
Quando o carro parou em frente ao morro da Rocinha, Lehandro abriu um sorriso enorme ao ver Aysha na moto, a mesma desceu e correu para abraça-lo em questão de segundos.
Olho para Matheus e ele solta um pequeno sorriso de lado. Levo minha mão até seu rosto e me pergunto por quantas e quantas vezes ainda teria a oportunidade de fazer aquilo. Quando Aysha se despede de Vitor e sai correndo rumo às escadarias, me apresso em me despedir também. Seus lábios tocam os meus e eu sinto como se todo oxigênio do planeta houvesse ido embora, mas não de uma forma ruim, só parecia que eu estava de certa forma flutuando e nada mais poderia estragar aquele momento. Será que aquela sensação seria eterna?
- A viagem foi boa mas agora eu realmente preciso voltar pro complexo - diz assim que seu rádio começa a chiar. Balanço a cabeça e saio do carro.
- Até Matheus.
- E olha, você tá gata pra caralho, viu?
Solto um riso e vou em direção às escadarias atrás da fugitiva.
[...]
Acordo, tomo um banho gelado e saio do quarto após ver que já se passava do meio-dia. Aysha não estava na cama então logo presumi que fugiu com a Mell para algum lugar. Abro a geladeira e sem surpresa nenhuma, zerada de comida. Olhei meu reflexo no espelho, fiz um coque e saí pra procurar comida na casa ao lado.
Assim que abri a porta, levei um susto com a quantidade de gente que lotava a casa. Até Letícia que eu não via há dias, estava sentada no sofá com todo mundo olhando para ela. Aysha brincava no canto da casa em silêncio, enquanto o restante do pessoal permanecia em um clima estranho.
- O que foi? - pergunto.
- Só esperávamos você. - Leh fala antes de abrir um sorriso enorme.
- Então fala.
- Vocês... voltaram? - Melanie indaga.
- É mais complexo que isso. - Lehandro responde por ela.
- Então fala, porra. - Thiago manda já sem paciência.
- Eu... - Letícia inicia. - Eu tô grávida.
Nando engasga com o salgadinho que comia, Karol abre um sorriso maior que a futura barriga da mamãe, e Thiago parabeniza Lehandro com um abraço.
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Entre Facções
Ficção Adolescente- Entrando em processo de Degustação, livro já disponível na Amazon. Eu gostaria de iniciar uma história que não houvesse tanto clichê... Mas a cada dia que passa, acredito que o mundo se preencheu com enredos de filmes. Era engraçado ver nessa per...