Estávamos em frente à linda vista do mar. As ondas se quebravam ao longe e as estrelas decoravam o céu, enquanto a lua fazia questão de iluminar a linda paisagem dali.
Pego as pequenas luzes coloridas de Melanie e os chamo para me ajudar.
Coloco as luzes penduradas e decoro o pequeno espaço feito. Cubro o pequeno espaço de areia com um pano em formato de um enorme círculo.No meio do formato criado, Lehandro tentava acender a fogueira enquanto eu e Melanie organizavamos as almofadas em cima do pano.
Breno enrolava Nando enquanto Leh e Aysha saíram para comprar algumas coisas para comer. Já Rodrigo, um amigo do aniversariante, apenas mexia em seu celular e dava algumas risadas.
- Vem ajudar, panaca! - mando.
Ele levanta as mãos em rendição e guarda o celular. Assim que finalmente Lehandro consegue acender o fogo, me levanto e me afasto do espaço, analisando a decoração. Perfeito!
Leticia volta em poucos minutos com variadas sacolas. Havia cerveja, refrigerante, salgados, frutas, entre outras coisas. Lehandro posiciona a churrasqueira ao lado do círculo e acende o fogo.
Naquele instante, visualizei Breno e Fernando se aproximarem da praia. Avisei a todos e então houve o preparo final. Ele analisou com cuidado tudo o que aconteceu e soltou um riso alegre.
- O que é isso?
- Falta duas horas para o seu aniversário mas decidimos adiantar as coisas. - digo e sou derrubada no chão com um abraço do mesmo. Lehandro explode o confete em nossas cabeças, e depois de tantos dias, finalmente havia algum sorriso sincero em nossa volta.
- Muito obrigado, sua louca. - agradece feliz.
- Feliz aniversário, meu bem. - parabenizo e então seus olhos começam a lacrimejar.
- Fala sério! Se segura, pô. Nem começamos.
- Se você quiser me dar seu corpo de presente, eu aceito. - Nando lança seu sorriso de lado para Lehandro. O mesmo respira fundo algumas vezes e se prepara para dizer algo.
- Vou agradecer eternamente por isso, principalmente à Laryssa e a Melzinha. Desde criança a Mell sempre esteve comigo, me acolheu quando fui expulso de casa e até hoje aguenta meus surtos e minha chatice.
- Beije meus pés por isso. - Mell diz convencida.
- Cala a boca. - e continua. - Agradeço a Larissa por ter me trago para o Rio de Janeiro, onde eu conheci as melhores pessoas que eu poderia ter conhecido na vida. Agradeço também ao Lehandro por ter me aceitado no morro e também ter deixado eu roubar sua caminhonete definitivamente. Obrigado por fazerem parte de mim, e podem descansar com a certeza de que esse será o melhor aniversário da minha vida. - as palmas são iniciadas, mas Nando pede que paremos. - Uma última coisa, tudo isso não é só pra mim. Sei que em algum lugar por aí, Bruna tá olhando a gente. Saudades, meu bebê. - ele grita a última frase e então o champanhe é aberto.
Depois que a comida é atacada e a bebedeira é iniciado, percebo a quietude em que Nando se encontrava. Aproximo de Melanie e sento ao seu lado, ainda analisando o semblante do mesmo.
- O que foi com ele?
- Ele sempre fica assim quando lembra dos pais, principalmente no aniversário. Olha o celular toda hora vendo se eles ligaram ou mandaram alguma mensagem. Nunca aconteceu, mas temos esperanças de que eles parem com esse preconceito idiota.
Antes que eu respondesse qualquer coisa, meu celular vibra. Ligo o touch e uma mensagem de Allan aparece no topo das notificações.
" - Soube o que aconteceu. Gostaria de passar uns dias com Aysha, acredito que seja melhor pra ela. Assim que tiver a resposta, me avise. E estou aqui se precisar de qualquer coisa."
Suspiro e penso na possibilidade, talvez isso ajudaria na situação. Aysha continuava abatida pelo maldito sumiço de Vitor, então alguns dias com o pai não podia fazer tão mal assim, pelo contrário.
Quando o horário da meia noite é anunciado, todos começam a cantar parabéns. Nando parecia mais alegre e eu me aliviei por isso.
P.O.V Nando
Estava indo buscar uma bebida qualquer quando meu celular toca, atendo quase em desespero.
- Alô? - digo quando a linha fica em silêncio por segundos.
- Feh? - A voz que eu reconheceria há metros de distância chama e meu coração palpita.
- Eloisa? É você mesmo? Mãe?
- Oi, Nando.
- O que foi? Aconteceu algo? - ela nunca tinha me ligado, então era inevitável que a preocupação me preenchesse.
- Er... te liguei pra dar parabéns. Eu sei que fui uma péssima mãe, mas eu enxerguei meus erros e percebi que fiz a pior coisa da minha vida. Perdi meu filho e quero teu perdão meu amor. - ela parecia chorar do outro lado da linha, e aquilo era o suficiente pra mim.
- Mãe...
- Olha, não precisa falar nada, só me perdoa, por favor?! - ela insiste em um perdão que eu já havia dado há muito tempo.
- Mãe, é claro que eu te perdôo. O contrário disso nunca foi uma hipótese pra mim.
- Eu te amo, Fernando! Você é o meu orgulho, tá ouvindo? O meu orgulho!
Eu já chorava de forma descontrolada naquela altura. Aquilo só poderia ser um sonho, não dava para acreditar no que realmente acontecia.
- Filho? - ela chama após eu ficar em silêncio.
- Oi mãe, desculpa. Pode falar.
- Aproveite seus 19 anos, vou te deixar curtir. Provavelmente você deve estar nessas festas adolescentes. Amanhã te ligo, tudo bem?
- Espera... O papai está bem?
- Ultimamente está triste, não sai muito de casa, mas creio que isso vai acabar quando eu disser que você nos perdoou. - ela diz quase que emocionada. - Obrigado mesmo, não tenho palavras pra dizer o quanto você é especial pra gente.
- Até amanhã, mãe.
- Até.
Desligo com o coração praticamente na mão. Meu maior sonho havia se tornado realidade e eu não era capaz de acreditar naquilo. Sem ter idéia do que fazia. Comecei a correr rumo à água gelada. Sem tirar uma peça sequer, entrei já engolindo as ondas salgadas e quando olhei para trás. Todos corriam na minha direção também. Era mágico a aceitação, e assim como a minha mãe, eu também tinha muito orgulho de quem eu era.
Quando Melanie segurou em minha mão, olhei pra ela com lágrimas nos olhos e falei o que sempre desejei por anos:
- Eu consegui, Melanie. Eu consegui!
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Entre Facções
Teen Fiction- Entrando em processo de Degustação, livro já disponível na Amazon. Eu gostaria de iniciar uma história que não houvesse tanto clichê... Mas a cada dia que passa, acredito que o mundo se preencheu com enredos de filmes. Era engraçado ver nessa per...