Eu sempre imaginei que quando estivesse sozinha, sendo independente e vivendo da minha forma, não precisaria de mais ninguém. Não seria insultada por outros, não me sentiria ameaçada, não me submeteria à humilhações. O problema, é que com o passar do tempo, fui percebendo que todos esses desafios não eram algo que simplesmente se podia fugir. Aprendi que devemos entregar tudo de si à vida e viver vagarosamente no mais perfeito dia de verão. Eu estava sentada na entrada do complexo observando o grande nada a minha frente.
Havia algo e ao mesmo tempo não. Eu via apenas uma linha no horizonte em um total emaranhado, e só pude retornar à realidade quando Vitor praticamente gritou no meu ouvido.
- Coé, Larissa? Pensei que tava possuída.
- Vai pra lá. - digo empurrando-o enquanto sorria.
- É sério pô, parecia a Annabelle.
- Annabelle é uma boneca. - respondo desnecessariamente seu comentário desnecessário.
- Você também é, só que uma boneca estranha.
- Cala a boca. - digo e cruzo os braços, ignorando sua risada. - Aliás, pode me fazer um favor?
- Eu sou escravizado nessa porra, tá doido.
- Tu reclama demais.
- Qual é?
- Me leva na Rocinha - ele olha pra minha cara sem acreditar -... Por favor? É sério. Ninguém vai saber.
- Tá bom, tá bom. Só que eu vou te levar de moto. Tenho carro pra pegar emprestado hoje não.
- Sem problemas. - digo e abro um sorriso.
****
Era início de tarde quando atravessei a entrada sem haver problema algum e comecei a subir em direção a um lugar específico... Vulgo, casa da Letícia. Queria encontrar Bruna, então como ela não havia voltado ainda para o Complexo, provavelmente estava aqui.
O que não imaginei era que no trajeto, encontraria a rainha das insetas. Barbie Maldita me olhava de cima a baixo e em poucos segundos já estava parada na minha frente bloqueando passagem.
- O que você tá fazendo aqui?
- Pergunto a mesma coisa! - abro um sorriso cínico.
- Minha família mora aqui. - ela responde. - E você? - que garota curiosa, misericórdia.
- Vim atrás da Bruna. - respondo tentando me conter.
- Presta atenção, aqui eu sou amiga de todo mundo! Não tente se colocar no meu caminho ou vai sofrer as consequências.
- Fodase.
Ela olhou ao redor e em questão de segundos várias garotas apareceram atrás da mensageira do diabo.
- Te aconselho não voltar aqui... Minhas amigas não tem piedade.
- Bom pra você. - a olho com cara de tédio.
- Você acha mesmo? Vai entrar no MEU morro e vai ficar tudo bem? Haha. - ela solta uma risada irônica.
- Primeiramente, o morro é meu.- nem precisei olhar para trás para saber quem havia interferido. - Segundo, você pode até ter alguma consideração aqui por conta da sua mãe, mas não vem de palhaçada com gente minha porque senão tu tá ferrada. Pode pá?
- Desculpa, rei. Desculpa mesmo! - A guria se fez de coitadinha. - Eu já vou.
Ele puxou meu braço e voltei a seguir o trajeto antes pensado. Assim que estávamos um poucos mais afastados, não me contive e logo soltei a pergunta:
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Entre Facções
Ficção Adolescente- Entrando em processo de Degustação, livro já disponível na Amazon. Eu gostaria de iniciar uma história que não houvesse tanto clichê... Mas a cada dia que passa, acredito que o mundo se preencheu com enredos de filmes. Era engraçado ver nessa per...