■ Capítulo 46 ■

4.7K 227 30
                                    

- O que merda tá fazendo aqui? - Matheus pergunta.

- Acha mesmo que foi Lehandro? Você estava tão cego de ódio por ele que não viu as coisas acontecerem bem debaixo do seu nariz. - Bárbara retruca pegando todos de surpresa.

- Tá falando de quê?

- Deixa eu contar detalhe por detalhe que aí você entende.

- Primeiro... - Allan para ao lado de Bárbara - Larissa começou a ter um lance com ele.

- Mas como o cara era um doente mental, ela acabou terminando com tudo.

- Ele não aguentou e espancou ela. Sabe quem foi se vingar? Lehandro. 

- Isso aqui não é mais nada que um jogo de vingança e ódio. - A garota se aproximava mais, contando os detalhes que ninguém ali havia imaginado. 

- Ele sabia que matar a Bruna enlouqueceria você. - Allan continuou. 

- Você enlouqueceu e culpou exatamente a pessoa que ele queria.

- Vocês caíram na maior armadilha do século. 

- Marcos... - Matheus sussurra atordoado.

- Ora, ora, ora! Eu só não imaginei que demorariam tanto para perceber. Bárbara realmente é uma garota muito inteligente, até te devo os parabéns. - diz entrando no galpão junto com outras facções desconhecidas por mim, e pelo visto, por qualquer outro ali. 

- Pra quê isso tudo? - pergunto.

- Cês derrubaram o meu império.  Vocês tiraram o meu filho de mim e destruíram a minha vingança contra essa vagabunda. - Marcos diz demonstrando todo o seu ódio por mim.

Matheus cerra os punhos, mas o seguro. As armas agora estavam apontadas para Marcos e havia outra facção ali apontando para todos nós. 

- Tragam a garota. - ele manda.

Meu coração acelera e parece que vou desmaiar a qualquer momento. Minha pequena Aysha estava com um semblante triste, lágrimas ensopavam seu rosto. Aquela briga havia se tornado facção contra facção, e apesar de sermos um número muito maior, ele usava a maior arma de todas. A garotinha era a certeza de que ninguém ali, iria apertar o gatilho, e de certa forma, ele estava certo. 

- Seria uma pena se essa garotinha morresse, ela é tão jovem, 

Minhas pernas não se sustentam mais. Grito exasperada e me ajoelho implorando. Eu fazia qualquer coisa, me humilharia se possível, eu só queria Aysha longe daquele caos. 

- Não! A Aysha não! Eu te imploro, deixe ela longe disso.

- Talvez eu deixe depois que eu acabar com todos vocês. Mandem seus capachos abaixarem as armas.

- Façam. - Matheus diz e todos obedecem com receio. 

A mão de Matheus segura a minha com força, estávamos extremamente nervosos diante daquilo. Um homem adentra o galpão trazendo consigo Karol e Melanie, mais vítimas...

- Infeliz! - Breno grita com raiva. Aquilo já passava dos limites.

- Cala a boca verme, ou eu desconto na garotinha aqui ao meu lado.

Chorava compulsivamente, minhas mãos tremiam e eu não era capaz de fazer absolutamente nada para salvar a garotinha mais importante da minha vida.

Por que, meu Deus?

- Vai ficar tudo bem. - O rapaz ao meu lado sussurra.

- Não, não vai. Ele tá com a minha filha e eu tenho certeza de que nada vai sair bem hoje. 

O sentimento de incapacidade é o pior de todos. E eu era a única culpada ali, eu havia me relacionado com esse monstro e eu tinha que acabar com isso.

- Me mata! Isso tudo aconteceu por minha causa, eles não têm nada a ver com isso. Por favor, deixei todo mundo fora disso e me mata. - peço desesperada.

- Querida Larissa, eu tenho uma notícia pra te dar. Você vai morrer sim, mas eu não posso libertar ninguém aqui. Matheus estragou a minha vida no passado e Lehandro me tirou tudo, eles não vão sair impunes.

- Por favor... - suplico.

- Não adianta, já era pra todos aqui. 

P.O.V Aysha

Tia Kim estava ajoelhada a minha frente com um semblante amoroso. 

- Chegou a hora, meu amor.

- Não posso ir agora, titia. - falo.

- Lembre-se do que eu te disse, o mundo não é um conto de fadas, você irá se machucar e eu não poderei te proteger.

- Eu sei.

- A decisão é totalmente sua. Só você pode escolher o seu destino agora. Você é um anjo assim como nós, seu lugar não é nesse mundo. Se você ficar nunca mais poderá ir, e ser ir, nunca mais poderá voltar pra cá. Você foi avisada disso, meu amor.

- Não posso ficar mais um pouco? - pergunto.

- É apenas você que escolhe isso. Esse é o fim. Você trouxe felicidades, enormes alegrias, fez o seu papel aqui na terra.

- Se eu ficar o que vai acontecer?

- Vai ser apenas uma criança normal.

- Não vou me lembrar de você?

- Não, meu amor. Você precisa se decidir agora e eu irei apoiar qualquer decisão. Eu te amo muito.

Penso por um instante e logo uma coragem avassaladora me preenche.

- Eu sempre soube da minha decisão, tia Kim.

Olho para mamãe e vejo cada detalhe do seu rosto.

- Desculpa...

P.O.V Larissa

O fim parecia ser uma palavra insignificante e vazia, mas apenas quem estava de cara com ele sabia realmente o significado daquela palavra tão destruidora. Esse era o fim. Dizem que a esperança é a última que morre, sempre estiveram certos, mas qual a salvação ali? Não há e eu me sinto destruída por isso.

Fecho meus olhos e conto até dez, era apenas um sonho. Suspiro e me concentro.

Um...
Dois...
Três...
Quatro...
Cinco...
Seis...
Vamos, por favor...
Sete...
Oito...
Nove...
...
DEZ!

A mão de Matheus aperta a minha me tirando de meus devaneios

Merda! Não era apenas um pesadelo. Tentativa falha, Larissa.

Olho para o garoto ao meu lado e ele acena com a cabeça para a frente. Encaro o homem repugnante à minha frente e sinto vontade de mata-lo. Desço meus olhos para sua mão e meu coração se acelera imediatamente. A arma apontada para Aysha me fazia tremer de pavor.

Minha garotinha não, por favor, meu Deus.

- Marcos... Por favor, eu te imploro, não faz isso. - peço novamente.

- Cala a boca, sua vadia de merda. - ele encara Aysha e sorri como um psicopata. - Sua mãe não te protegeu como deveria... Você deve odia-la, né minha menina?

- Não! Eu amo minha mamãe. Obrigada por ser a melhor mãe do mundo. - Isso era uma despedida? NÃO! Não podia ser. Ela não entendia isso, entendia? - Eu te amo, mamãe.

- Também te amo, meu amor. Mas calma, vai ficar tudo bem.

- Não precisa se preocupar. - ela sorri inocentemente.

E então ele levanta sua arma e aponta.

Fim...?

Isso era o significado do fim? Esse é o peso dessa palavra?

Um, dois, três...Três tiros!
Três balas são disparadas e meu corpo cai no chão.

Entre FacçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora