Capítulo 1

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Arrumei minhas malas, embora a maioria das coisas minha mãe organizara. Coloquei meu celular, meu laptop e meu MP3 em uma malinha separada, pois levaria comigo durante o vôo.  Não confio em companhias Aéreas.

Quando minha mãe saiu do quarto, dei uma leve olhada em tudo. Foquei no porta retrato em cima da penteadeira azul.

–Okay, vamos tentar de novo. – falei mentalmente. – talvez seja só um truque. Talvez eles sabiam que focaria na estátua. – olhei diretamente para o quadro.

Minha cabeça estava começando a latejar.

O porta-retrato estremeceu e depois caiu no chão, quebrando o vidro para todos os lados.

–Ha,ha – ri, dando um sorriso para disfarçar o medo, embora não tivesse ninguém ali.

Coloquei as malas que estavam sob a cama no chão. Peguei um edredom no armário. Apaguei a luz, me deitei e me cobri.
Olhei para janela e pensei comigo mesma "a noite está linda" ; consegui ver a lua da minha cama, mas logo desviei o olhar e fechei os olhos com força.

E se acabar movendo a lua?
Tenho medo de acabar com a raça da terra apenas com um olhar.

///////////////////////

Demorei para pegar no sono. Mas acabei sendo acordada com socos no meio da noite.

–Lídia?  – exclamei, esfregando os olhos de tanto sono.

–Fala baixo! – disse minha irmã,  foi mais para um sussurro.

–Baixo. – provoquei.

Ela me deu um pequeno tapa, deixando escapar um sorriso doce.
Lídia estava com o cabelo bagunçado, o esmalte da unha desbotado e o baton borrado.


Rimou.

–Eu vou dormir na casa do Scooty hoje, fala pra mamãe e pro papai que eu sai pela manhã.

–Scooty, Scooty, Scooty – Provoquei, mordendo a língua e revirando os olhos.

Ela me lançou um olhar de raiva, que eu respondera com um riso baixo.
M

inha irmã já estava saindo do quarto, e com a mão na maçaneta ela sussurrou:

-Divirta-se em "Donscrabulle" - ela riu e depois foi embora.

Voltei a dormir.

////////////////

Lá pelas 6h da manhã, minha mãe me acordou. Tomei uma ducha e comi o meu café. Depois disso fomos direto para o aeroporto. Fiquei aliviada por eles não terem me perguntando nada sobre Lídia. Eu tinha esquecido tudo o que ela falara de madrugada.

Eu estava perto do avião.

–Se cuida minha filha – disse meu pai me dando um beijo na testa, seguido por um abraço extremamente apertado da minha mãe. Eu me despedi e subi as escadas que davam no avião.
Antes de eu entrar, minha mãe gritou:

–Nós te amamos, Minna!

–Também amo vocês! – gritei de volta.

Conferi o número da poltrona que o cara que faz essas coisas me deu. Billy, acho.
B-22 janela.

Me sentei ao lado de uma senhora de uns 300 anos de idade, estava até mofando.
Ela estava com a cabeça inclinada para o corredor. Achei que estava olhando algo.

Ouvi o ronco.

Meu Deus! Ela acabou de entrar no avião e já dormiu?

Uma menina de 16 anos e uma escola X-Men.

Perfeito.

*
*
*

(Música da viagem de Minna na multimídia)
A viagem foi longa. Consegui evitar o ronco da senhora com o fone o o MP3.
Pousamos na Itália e logo em seguida na Ucrânia.
Quando cheguei na Itália já estava de noite e não consegui ver muita coisa. Ouvi murmúrios em italiano, mas fora isso, parecia um aeroporto comum nos EUA.
Porém na Ucrânia, tudo era diferente. As pessoas eram diferentes, os assentos do avião.
De um jeito bom.

                           ~×~

Ainda estou no aeroporto da Ucrânia. Há muita gente aqui.
Idosos, jovens, crianças...
Notei um em especial.
Um garoto.
Devia ter a minha idade, ou se fosse mais velho, não teria mais que três anos de diferença.
Ele é bem atraente.
Muito atraente, na verdade.
Seus olhos são castanhos e ele tem um lindo sorriso.
As pessoas ao redor dele — parentes, acho — estavam rindo cada vez que ele falara algo.
Ele deve ser engraçado.

Ele está usando um boné, nele está escrito uma coisa que não consegui ler de onde estava.
Forcei os olhos para ler e, sem esperar, o boné do rapaz voou para trás, como se um imã estivesse o puxando para o chão.

Foi sem querer!
Juro que não quis fazer isso!

Não consegui conter a risada e acabei soltando um grito baixo, mas imediatamente pressionei a mão contra a boca e guardei o riso.
A maioria das pessoas daquele lugar olharam para mim, inclusive ele.
Ele estava tentando pegar o boné quando dei risada, então né, ele olhou para mim e sorriu, também achando graça.

Eu realmente não quis derrubar o boné dele.
Queria ir até ele e dizer:

"Desculpa, eu estava olhando o quão você é lindo e acabei derrubando seu boné com o poder da minha mente". Talvez ele acreditasse.

Alguém gritou no banco atrás do meu.

–Tyler!

Ele se virou e veio em direção a voz.
Tyler. Esse era o nome dele.
Tyler, Tyler, Tyler, Tyler, Tyl...

–Senhoras e senhores com destino a Moscou, Rússia; aguardar na ala B-29.

Me levantei e dei uma última olhada em Tyler, que já tinha sentado perto da moça que o chamara.
Ele olhou para mim também e nós sorrimos.

                          ~×~

Ao chegar na ala B-29, reparei que havia poucas pessoas com o mesmo destino que eu.
Entrei no avião e fiquei pensando em Tyler.
Ele é lindo.

Cheguei em Moscou e acabei dormindo no aeroporto. Dormi cerca de duas horas mas logo despertei quando ouvi:

–Última chamada para Donscrabulle, passageiros na ala D-31.

Peguei minhas malas e fui correndo pra lá. Entrei no avião e acabei cochilando lá.

Quando acordei já tinha chegado ao meu destino.

Acampamento De Magia [Livro 1] Onde histórias criam vida. Descubra agora