Acampamento De Magia [Livro 1]

Capítulo 33

O intervalo desse acampamento é bem maior do que o nosso antigo.
São tantas crianças correndo para lá e para cá, que precisam de monitores para dizer aonde cada cabana deve de sentar.

Me sentei em uma mesa redonda perto da janela, junto com toda a cabana 5 (contém nove meninos, contando com Kyle).

—Uma vez eu quase fiz um tsunami, mas acabei me desconcentrando e o destruí.

—Um tsunami? Uau, você pode destruir o mundo se quiser...

—Não posso não,  minha mãe verdadeira não deixa. — lamentou ele, rindo.

Olhei para o lado e reparei que
Brenda estava um pouco distante. Mavrick estava discutindo com um dos garotinhos, sobre, aparentemente, quem era melhor: Batman ou Superman; e Tyler estava rindo da situação.

—Está tudo bem? — perguntei a Brenda, que estava brincando com a vargem.

—Claro. Por que?

—É que você está meio distante, Brenda. Sei que não nos conhecemos a muito tempo, mas também sei que você não é assim.

—Eu não aguento mais. —cochichou ela. — Você já escolheu?

Suspirei.

—E-Eu... a-ainda...

—Quer saber? — ela levantou da mesa, furiosa e fazendo todos olharem para ela. —Você é uma egoísta. Isso não depende de você. Me avise quando você parar de olhar só para o próprio umbigo.

Ela saiu de lá batendo o pé. Todos (de novo) olharam para mim.
Fiquei constrangida e chateada. Isso nunca havia acontecido comigo. Nunca nem discuti direito. Mas ela estava certa. Eu deveria contar logo de quem eu gosto e parar com isso.
Se eu já me decidi, por que não vou e falo pra ele na hora? É medo de magoar o outro?

—Ela tá esquentadinha. — riu Mavrick, tirando o clima tenso da mesa, e até mesmo do refeitório.

—Isso não é legal. — comentou Kyle, que estava do meu lado. —O que aconteceu, Mamma?

Kyle me chamava assim agora, eu que escolhi. Assim ele poderia chamar a mãe biológica dele de mãe, sem ter que dividir o nome comigo. Ele não gostou muito, mas eu insisti então ele aceitou.

—E-eu... acho que disse alguma coisa errada...

—Então é melhor você ir se desculpar. — concluiu Tyler, entrando na conversa. — Quanto mais cedo melhor.

Passei a mão no meu cabelo delicadamente, segurando as lágrimas.

—Claro, melhor eu ir mesmo.

—Tchau, Mamma. — despediu-se Kyle.

*
*
*

Eu a procurei por todo acampamento, mas não consegui a encontrar. Imaginei que talvez ela teria ido para o lado externo do acampamento, dentro da ilha, então sai escondida.
Eu sabia que não era certo, mas precisava falar com Brenda de qualquer jeito.

Eu caminhei dez minutos. A ilha era pequena, então ela devia estar escondida, pelo contrário eu estou andando em círculos.

—Brenda! —gritei. —Brenda, me desculpa, eu já decidi mas eu estava com medo de te falar e ser o mesmo garoto que você gosta!

Continuei a caminhar.
Estava de dia, isso facilitava a procura, mas não indicava nenhum lugar a que tenho que ir.

—Aí! — gritei ao sentir um calor penetrar no meu ombro. Como quando há uma vela acesa e você vai aproximando o dedo do fogo, apenas para ver até onde vai, e acabasse o queimando de leve.

Me virei para trás e vi Brenda. Ela estava sorrindo malignamente, com as mãos ardendo de fogo e os olhos vermelhos.
Olhos vermelhos?

—B-Brenda eu já me decidi...

Ela não respondeu, apenas se aproximou mais. Com os punhos cerrados, uma chama azul surgiu de suas mãos, cobrindo as totalmente com o fogo.

Acho que foram os reflexos, não sei direito, apenas sei que ela jogou uma bola de fogo e me abaixei.

—Brenda, para com isso!

Ela acendeu as chamas em suas mãos novamente. Foi quando conclui: "ela é mais forte que você Minna, corre!"

Comecei a correr em meios as árvores, sentindo cada vez mais o calor se aproximar e me fritar.

—Brenda!

Me concentrei em uma grande árvore e ela caiu, como previsto, fazendo com que Brenda recuasse e me dando mais tempo para correr.

—Para com isso por favor! — gritei desesperada.

Tropecei em uma pedra e cai contra o chão, batendo a cabeça com força e me concentrando para não desmaiar.
Senti o calor de Brenda se aproximar, até estar em cima de mim.
Ela estava com o olhar vazio, sem expressão ou, sequer, alma. Foi quando me toquei: essa não era ela. Eu não sei que bicho picou ela, só sei que não era ela.

—Brenda, essa não é você! Por favor não faça isso!

Eu não a podia machucar, ela era minha amiga. E ela parecia estar inconsciente no momento.

—Por favor...

As mãos dela se encheram de chamas, e com os punhos levantados, jogou uma bola de fogo contra o meu corpo.
Soltei um grito de dor. O fogo invadia minha pele e a derretia, criando uma dor inigualável.
Eu não parava de gritar, e quando estava parando de arder, ela lançou outra dessa vez contra a minha barriga, me fazendo gritar de dor ao sentir minha pele queimar.

Algo em mim, não sei o que, usou os poderes e a jogou para trás, fazendo-a quase voar.
Eu não aguentava mais aquela tortura. Ainda gritando de dor e chorando, comecei a me arrastar pelo chão com as mãos, tentando sair dali o mais rápido possível.
Logo, Brenda estava na minha frente. Ela era rapida e ágil e provavelmente devia ter caido em pé quando eu a jogara.
Eu já estava pronta para morte, apenas mais uma daquelas bolas de fogo era suficiente para acabar comigo.

Mas, de surpresa uma rajada de água passo por ela e apagou o fogo de suas mãos, a deixando confusa.

—Kyle! — gemi, tentando falar mas meus lábios estavam queimados.

Brenda se virou para ele e jogou uma bola de fogo contra ele, fazendo uma lágrima escorrer no meu rosto.
Kyle se protegeu com um "escudo" de água e atacou de volta, fazendo os punhos flamejantes dela se apagarem de novo.

Um menino de doze anos com poderes de água VS uma garota de dezesseis anos com poderes de fogo.

Eu não sei como o duelo acabou, só sei que apaguei totalmente e vi a morte se aproximar de mim.

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