Capítulo 17

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Senti uma coisa fofa sob a minha bochecha e abri meus olhos.
Uma garota que não consegui ver direito pois estava zonza, estava apalpando o meu rosto com um pedaço de algodão, ela se surpreendeu ao me ver acordada.

—Gente, ela acordou! — gritou ela para uma porta aberta que dava para o corredor. Reconheci a voz de Phoebe. Certa vez ela mencionara que trabalhava como assistente na ala médica, mas eu me lembrava vagamente.

"Ala médica? "
"Aquela esfera deve ter feito um estrago e tanto."

Kety, Bia, Rosa, Julia, Christa, Emma e Riley entraram quase derrubando umas as outras.

—Eu falo com ela primeiro! — Gritou Kety.

—Até parece! — respondeu Bianca, já perto de mim e apoiada na cadeira dobrável que eu estava. — Como você está?

—Bem, acho. — respondi. —Só um pouco zonza mas já estou melhorando.

—Nossa, você perdeu a maior briga. — empolgou-se Kety.

—De quem?

—Não foi bem uma briga, —      completou Rosa, olhando para Ketllyn pelo seu exagero. — Apenas uma pequena discussão entre Neena e Margot.

Fiquei boquiaberta.

—Quando você caiu no chão, Neena começou a tirar fotos e dar risada, então Margot foi lá e falou "Se você não parar de tirar fotos eu dou um choque no seu celular até não sobrar nada dele." — falou Emma, fazendo gestos e imitando vozes.

—Verdade. — completou Riley. —Foi por pouco que Margot não virou o Super Choque e deu uma lição em Neena.

Levantei as sobrancelhas, surpresa. De todas as pessoas na sala, Margot estaria pelas últimas a qual pensaria que poderia me ajudar.

—A quanto tempo estou aqui? —perguntei então.

—Há umas três horas. — respondeu Bia. —À propósito, já peguei as fantasias.

—Ótimo, — suspirei aliviada. — obrigada Bi.

Ela sorriu e acenou com a cabeça.

—Melhor irmos. — falou Rosa sorrindo. — Tem um rapaz muito ansioso pra te ver Minna.

"Rapaz? quem será que pod..."

—Mavrinna, Mavrinna, Mavrinna! — elas cantaram ao sair.

Mavrick.
Nem precisei perguntar.

(Música do momento na multimídia)

Eu me ajeitei na cadeira e manti uma postura boa. Ainda estava vestindo a mesma roupa de antes de vir a enfermária. Procurei algo em volta que pudesse ver o meu reflexo mas não achei nada então apenas ajeitei os fios dos cabelos que estavam pra cima.

—Com licença. — disse ele batendo na porta, mas já entrando.

—Pode entrar. —respondi sorrindo.

Ele caminhou devagar até mim, olhando para o meu rosto com uma cara preocupada.

—O seu rosto... Minna...

Passei a mão pela minha bochecha e senti uma grande ferida em forma de corte no meu rosto. Respirei rápido, assustada, mas não disse nada.
Ele ficou calado, sem saber o que falar.

—Acho... — quebrei o silêncio. —...acho que não sou mais tão "gatinha" afinal.

Ele sorriu, feliz por eu dizer algo.

—Não, claro que é. Veja. — ele pegou o celular do bolso e se sentou no banco a minha frente.

Mavrick tirou uma foto minha inesperada, não fiz caras e nem bocas.
Apenas Eu.

Ele entregou o aparelho para mim e vi a foto que ele acabara de tirar. Eu estava com um corte na bochecha esquerda, era negro e comprido.
Não era nada agradável de se ver, mas um dia antes do hallowen, passaria despercebido.

—Olha, eu posso ir de zumbi pra combinar. — ele ironizou.

Eu ri.

—Bem, eu vou de Cinderela... Cinderela zumbi para ser franca.

—Ótimo, e o sapatinho de cristal? Preciso achar algo na escada.

—Primeiro: no acampamento mal tem degrau, imagina escada. Segundo: eu vou com um sapato comum, não tenho dinheiro para comprar um sapato de cristal... A menos que você me alugue uma fada madrinha. — disse com um olhar chantagista.

—Claro, tudo para Minna musa.

Revirei os olhos.

—Falando em dar coisas. — Mavrick se abaixou para pegar um pacote que havia deixado no chão — Eu... te trouxe... isso.

Ele me entregou um livro cujo título era "O Diário de Anne Frank". Eu já ouvira falar, mas nunca li.

—Obrigada Mavrick, não precis...

—Claro que precisava. Eu fiquei sabendo que Tyler já te deu várias coisas e então eu fui na cidade comprar algo para superar ele. Eu achei esse livro que fala sobre uma garota que batalhou muito e nunca perdeu a esperança, assim como você.

—Nossa, obrigada. Eu adoro ler, como sabia?

—Eu não sabia. — Mavrick deu um sorriso envergonhado. — É que eu achei que você ficaria vários dias em alta, então eu trouxe alguma coisa pra você passar o tempo. Eu achei um pouco...

Parei de ouvi-lo.
"Ninguém nunca além da minha família se preocupou tanto com o meu tédio assim."
"O que isso significa?"

—...mas eu pensei que uma gatinha como você adoraria ler. Então eu...

Eu o interrompi com um abraço apertado que ele retribuira depois de dois segundos.

—Obrigada por se preocupar tanto.

—Não foi nada.

Eu dei um beijo em sua bochecha, delicado e sutíl. Não havia outra maneira de expressar o que eu sentia naquele momento.

Gratidão. Essa é a palavra.
Assim que eu me afastei (foi bem rápido) ele deu uma gargalhada curta e disse:

—Vou começar a comprar mais coisas pra você, gatinha.

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Acampamento De Magia [Livro 1] Onde histórias criam vida. Descubra agora