A Natureza do Amor

Capítulo 17

As mãos de Dylan, antes em minha cintura, se soltaram e foram até sua nuca. A garota que descobri ser chamada Jasmine continuava parada em nossa frente transformando a agitação da festa em um momento infinito de constrangimento.

Um corpo bateu sem propósito em Dylan acordando-o para o momento.

-Ahn..a-ahn...Madison essa é a Jasmine, Jasmine essa é a Madison.- Disse sem jeito.

Tentei expressar meu melhor sorriso e estiquei a mão para cumprimentá-la mas fui completamente ignorada, ela olhou-me de cima a baixo e desviou o olhar para Dylan deixando-me parada sem reação com a mão levantada. Senti minhas bochechas queimarem instantaneamente.

- Eu não sabia que você tinha voltado para a Califórnia - Disse Jasmine com a voz mais fina do que eu esperava.

-É só durante o final de semana, as aulas mal começaram -Explicou

Balancei levemente o meu corpo sem saber o que fazer naquele momento.

-Por que não me disse que estava aqui? Podíamos ter nos encontrado...- Disse e lançou um olhar indiscreto para mim.

-Eu não ia ficar aqui tempo demais por isso nem... nem falei pra ninguém- Respondeu Dylan

-Se tivesse me falado você estaria se divertindo mais...- Falou Jasmine com um tom sedutor e se aproximou de Dylan.

Fiquei estupefata com a ousadia dela. Senti algo dentro de mim queimar, raiva borbulhava dentro de mim ao vê-la se aproximando dele, cerrei o punho para me controlar. Não sabia se isso era ciúmes ou instinto, mas não estava gostando da sensação.

Dylan deu um passo para trás e me olhou. Ele estava perdido e sem saber o que fazer, seus olhos arregalados deixavam isso bem claro.

Uma dor no peito me atingiu e decidir que não queria ficar naquela situação.

- Eu acho que eu já vou indo - Disse atraindo a atenção de Dylan.

-Não! - Dylan exclamou- P-por que?

Olhei para a Jasmine, que me encarava com diversão, e senti novamente a raiva borbullhar dentro de mim.

Decidi ignorar a pergunta de Dylan e sai. Por sorte uma fila de táxis já esperavam do lado de fora, entrei o mais rápido possível no primeiro que vi e disse-lhe meu endereço. Quando o táxi começou a andar olhei para a porta da festa, mas não vi nenhum sinal de Dylan...Seria errado pensar que eu tinha esperança de que ele viria atrás?

Balancei a cabeça e encostei na porta do carro, fechei os olhos e soltei um suspiro. Em um momento estávamos tendo um beijo mágico e logo em seguida isso aconteceu. Estava me sentindo tão iludida e boba por acreditar em algo que não existe.

Cheguei em casa, paguei e agradeci o motorista e entrei. A casa já se encontrava escura e percebi que todos já haviam ido dormir. Tirei lentamente meus saltos e subi fazendo o mínimo de barulho possível.

Entrei em meu quarto e me joguei na cama encarando o teto, por algum motivo tive vontade de chorar, um sentimento de troca passeava dentro de mim, mas tudo que pude fazer foi fechar os olhos e soltar, novamente, um suspiro em uma tentativa bem sucedida de não deixar um grito de raiva sair.

Ainda com os olhos fechados trisquei levemente os dedos nos meus lábios e me permiti sentir a sensação do beijo novamente, a forma como ele fez explosões surgirem em minha cabeça e borboletas no meu estômago, o jeito como suas mãos seguravam-me tão firmemente como se eu fosse a única pessoa no mundo, abri um sorriso involuntário como se as memórias estivessem anulando os sentimentos, como se mesmo por meio às dúvidas nós fossemos a combinação mais imperfeita da perfeição da natureza. Mas logo em seguida me veio a imagem de Jasmine à cabeça, com suas pernas longas e cabelos loiros, falando com Dylan como se já o conhecesse bem... muito bem...

Como eu seria capaz de competir contra ela? Ela era literalmente a imagem de uma modelo, fui boba de acreditar, mesmo que por um momento, que eu era...única.

Meus pensamento foram interrompidos por um barulho leve na janela, olhei rapidamente com o susto, mas não vi nada além das folhas das árvores se mexendo. Deitei novamente sentindo meu coração palpitar forte mas antes mesmo de fechar os olhos o barulho se fez presente, só que dessa vez mais alto e contínuo.

Abafei o grito com a mão ao ver uma figura se formando na janela, arregalei meus olhos e peguei no primeiro livro que vi em cima da estante. Fiquei parada na frente da janela esperando para que a pessoa misteriosa fizesse alguma coisa.

A silhueta se aproximava cada vez mais, senti meu coração apertar, minhas pernas travaram e minha mão tremia com o livro.

Preparei-me para soltar um grito de socorro ao ver que a silhueta tocava repetidamente em minha janela, mas a voz não saía, então levantei o braço em ataque mas...

-Madison? - uma voz surgiu como um sussurro.

-O que você está fazendo? - continuou a voz.

Reconheci a voz de Dylan e soltei o livro no chão aliviada.

Abri a janela rapidamente e coloquei a cabeça pra fora da janela encarando-o.

-Dylan? O que você está fazendo aqui ?- perguntei brava.

Cabelos bagunçados pelo vento frio, bochechas rosadas por causa do mesmo, a boca entreaberta e olhos doces me encarando. Não tinha como não amar vê-lo, parecia uma obra de arte.

Um silêncio se formou entre nós, nossos olhos conversavam entre si, um disputa interna, como se nossos olhares pudessem dizer tudo.
Um vento mais forte bateu sobre nós bagunçando completamente meu cabelo, Dylan se aproximou, ele de fora e eu de dentro, e com delicadeza levou suas mãos ao meu rosto e começou a ajeitar meu cabelo, uma mexa pra cá, outra pra lá, uma atrás da orelha, sem nunca tirar os olhos de mim.

-Você foi embora... - Quebrou o silêncio ainda passando a mão no meu cabelo.

-Eu não estava me sentindo confortável - Respondi

O silêncio voltou a ocupar os espaços entre nós porém dessa vez ele apenas me olhava.

- Quem era ela? - Soltei

Vi Dylan suspirar.

- Um ex "amor" - fez aspas com o dedo - se é que posso falar assim.

Engoli em seco

Não acreditava que estávamos realmente tendo esse tipo de conversa com ele no telhado da minha casa ...ele é estranho.
Suspirei e decidi saltar para fora também e agora ... era realmente a mesma coisa de ver um obra de arte: a lua o iluminava numa mistura de sombras, boca carnuda, olhos brilhantes, nem parecia real.

- Olha, eu não sei porque ela fez isso, nós apenas tivemos um verão juntos há dois anos atrás, eu só estava me divertindo não achei que ela, por algum motivo, ia continuar atrás de mim- Disse

Calou-se por um momento esperando que eu disse algo, mas não o fiz

- Eu só queria que tivéssemos uma noite divertida, eu juro - falou abaixando a cabeça

Um vento mais forte bateu novamente, o luar deixava a vista ainda mais linda.

Cruzei os braços e o encarei dizendo :

- Eu sei que você não fez por mal, eu também queria uma noite divertida- Falei baixo

Ele se aproximou, abaixou a cabeça até minha altura, encostando sua testa na minha.

-Se eu pudesse fugiria pra lua com você agora - brincou enquanto ria.

Ri de volta

Acredita em mim... eu também fugiria.

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