PARTE I - O INÍCIO : Capítulo 1 - O desastre

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"Bibliofobia: medo irracional ou aversão completa em relação a livros. É caracterizada por tremor, suor, lágrimas, batimentos cardíacos acelerados entre outros sintomas quando se está na presença de livros. É uma fobia extremamente incomum que limita a vida da pessoa."

O Sol brilhava alto no céu azul. Pessoas andavam apressadas pelas ruas, carros preenchiam a paisagem, pombas voavam sobre os prédios e as pessoas. Era um dia comum na cidade. Se você olhasse a paisagem, não veria absolutamente nada de anormal. Isso, é claro, se você mora em uma cidade tão movimentada como aquela.

Mas em meio a tantos carros, havia um em especial. Sua aparência não era nada incomum. Ele não era rosa choque ou soltava fogos de artifício. Não era feito em um formato diferente, nem era um carro de fórmula 1. Era apenas um carro como tantos outros por aí.

O que o tornava diferente, então?

Pela janela, uma jovem olhava a paisagem com um rosto sonhador apesar de morar naquele lugar praticamente sua vida inteira. Ela se divertia imaginando o que as pessoas estariam indo fazer, quais seriam suas histórias, se suas vidas eram tão complicadas quanto a dela...

De repente o carro parou.

— É aqui. – falou sua mãe, que dirigia o carro.

A melhor amiga da garota tirou os olhos do celular e virou-se para a janela.

— É aqui. – falou, sorrindo, olhando pela janela.

A garota olhou melhor o edifício. Não parecia nada com a clínica de sua psiquiatra.

— Tem certeza? Aqui não é a clínica. – falou com um tom desconfiado ao ver os olhares de cúmplices entre sua mãe, sua psiquiatra e sua melhor amiga. Então ela se deu conta do que estava acontecendo.

Sua psiquiatra e sua melhor amiga desceram do carro e abriram a porta para que ela descesse.

— Não. – disse ela. – Eu não vou sair. – falou com um ar de obstinação, raiva e medo.

A mãe suspirou e também saiu do carro.

— Filha, é para o seu bem. – falou, puxando-a para fora do carro.

— Você tem que enfrentar sua fobia. É essencial para seu tratamento. – falou a psiquiatra, ajudando a mãe.

Com duas mulheres mais velhas forçando-a a sair, ela teve que ceder.

— Isso, Z. Quanto mais rápido acabar, melhor você vai ficar. – falou sua melhor amiga, empurrando suas costas em direção à entrada do prédio. – Hoje você vai me ajudar no lugar onde eu trabalho...

As duas entraram no prédio, seguidas pelas duas mulheres adultas.

— A biblioteca! – falou Lynn, sorridente, estendendo os braços, mostrando sua admiração pelo lugar e tentando fazer sua amiga se sentir confortável no ambiente.

Ao ouvir essa palavra, Zada abriu os olhos, até então fechados para não ver o que estava a sua frente. Era seu pesadelo. Livros por toda parte e pessoas também. Ela já podia ver no que isso ia dar. Suas pernas tremiam, seus batimentos cardíacos aceleravam, suas pupilas dilataram.

— Vocês tem certeza que é bom continuar com isso? – perguntou, virando-se. – Depois de todas as outras vezes em que não deu certo, não acho que haja chance de que dessa vez funcione.

— Não é desse jeito que superar fobias funciona. – falou a psiquiatra. – É preciso fazer isso repetidas vezes até que você se acostume e pare de sentir medo por livros.

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