Capítulo 3 - Como se esconder de um cara armado?

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- Senhorita Adamson? Senhorita, está tudo bem?

Alisson piscou algumas vezes. Olhou para todos ao redor. Nanette, a criada, a olhava com preocupação. Retribuiu com um olhar de confusão.

- Alisson, querida, está se sentindo bem? - perguntou uma voz à direita.

Alisson virou-se na direção da voz, parando em uma mulher de aparência respeitosa com um bufante vestido vinho. Um nome ecoou em sua mente.

- Oh, sim, sim, tia Margot! - disse Alisson, levantando-se com a ajuda de Nanette. - Eu... Eu não sei o que deu em mim.

- Oh, coitadinha. - disse uma voz masculina repleta de desprezo e falsidade. Henry Millicent. - Talvez tenha tido uma crise psicótica como ontem.

O clima na sala pareceu pesar enquanto Alisson os observava, confusa. O rosto de Nanette, que já era corado, ficou ainda mais a ponto de ser praticamente rosa. Henry tinha um sorrisinho de desdém. Edgar, por outro lado, no canto da mesa, estava distraído, observando Nanette. Alisson sorriu. Sabia do amor platônico entre Edgar e Nanette.

- Senhora Margot? - chamou uma outra voz, na porta da sala de jantar. Era o jardineiro, um rapaz jovem chamado Steve.

- Oh, Steve, o que deseja? - disse Margot, querendo fugir daquele lugar.

- A... "Encomenda" que a senhora desejava chegou. - disse Steve, sorrindo enquanto observava as pessoas na sala. Ele parecia se divertir muito com a situação.

- Claro, claro! - disse Margot, erguendo as camadas de seu vestido e se levantando com rapidez. - Lamento sair no meio do almoço, mas é importante.

E assim saiu da sala. Uma sensação estranha passou por Alisson e ela ergueu o rosto para a parede, onde um relógio-cuco mostrava as horas.

- Senhorita Adamson? - chamou Nanette.

- Eu estou um pouco tonta. - disse Alisson, olhando bem nos olhos de Nanette. - Vou para o meu quarto.

E, sem esperar resposta de qualquer um na sala, Alisson passou pela porta. A sensação de déjà vu veio e a garota parou um pouco, confusa. Tinha algo errado. Definitivamente errado.

Caminhou pelos corredores e escadarias sem fim da mansão. Pareciam muitos para um lugar só, mas ainda assim tinha algo mais, uma memória distante. Estava tão distraída que bateu em um pilar. Algo ficou em seu rosto, obstruindo sua visão.

- O que... O que é... - pegou o objeto e o observou melhor. - Um... Óculos? Eu estava de óculos? De onde ele veio?

- Senhorita Adamson? - chamou uma voz abafada no fim do corredor.

Alisson virou-se e logo recuou, surpresa. Era basicamente uma pessoa translúcida como uma nuvem de poeira o que estava em sua frente.

- Algo de errado? - perguntou a "pessoa".

- Você... Você está... Transparente!

- O que? A senhorita está bem?

Alisson balançou a cabeça sem entender nada.

- Eu... Eu só quero achar o meu quarto. - disse ela, trêmula.

- É essa porta aqui, senhorita. - disse o fantasma, apontando para a porta em frente a Alisson.

- Oh. Obrigada. - disse a garota, entrando no cômodo.

Fechou a porta rapidamente e se encostou.

- O que está acontecendo?! - sussurrou para si.

Viu um espelho sobre a cama. Com receio, pegou-o com cuidado e examinou seu reflexo.

- Ufa! - exclamou, aliviada. - Eu jurava que, considerando a estranheza do dia até agora, algo estranho ia acontecer...

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