Capítulo 3 - As fadas

150 24 139
                                    


A noite estava silenciosa. As luzes estavam apagadas e apenas as estrelas faiscavam no céu com a lua nova. Mas em uma rua nada incomum, percebia-se uma estranha movimentação em uma das casas. À primeira vista, ela não tinha nada de estranho. Mas se você prestasse muita atenção, veria que pequenos pontinhos brilhantes entravam pelas janelas. Esses pontinhos, se você estivesse próximo o suficiente, não se pareciam com vagalumes exceto pelas asinhas longas e pelo brilho que emitiam. Além disso, faziam barulhinhos muito agudos, como pequenos sinos. Após passarem pela janela aberta, os pequenos seres se depararam em um quarto bagunçado e ficaram extremamente contentes ao verem, em um canto, um ser humano dormindo na cama. O ser humano não era outro senão uma garota chamada Zada.

Ela estava tendo uma ótima noite de sono com um sonho confuso (que fazia todo sentido naquela hora) quando sentiu um farfalhar em seu nariz. Ela tentou distraidamente afastar o que quer que fosse com a mão, mas não conseguiu e, devido a tantas tentativas de afastar o “inseto”, acabou acordando. Sonolenta, seu cérebro demorou algum tempo até perceber a estranheza dos pequenos pontinhos brilhantes e embaçados em sua frente. Mas quando ela percebeu que o que estava voando a sua volta era o mais próximo de fadas que ela teria em sua vida, toda a sua calma pareceu ter ido embora.

— Ahn... Livro. – ela cutucou o livro branco em sua cômoda. – Livro! Livro, acorda! – ela sussurrou alto, tendo ciência do quanto essas palavras eram estranhas.

— Hã? Que foi? – falou o livro, meio irritado.

— O que são essas coisas? – perguntou ela, apontando para as fadinhas que flutuavam em seu quarto. Suas asinhas pareciam espalhar lentamente um pozinho cintilante ao redor delas, o que só aumentava a sua luzinha.

— Hum... – o livro encarou por um tempo os pontinhos brilhantes. – Nossa! – ele exclamou, chamando a atenção das fadinhas, que estavam até aquele momento mexendo no cabelo de Zada.

— O que foi? – ela perguntou, preocupada, apesar do sono que a envolvia.

— Quer vir aqui um instante? – ele falou com um tom quase displicente. – Ela já volta. – disse ele, com seu melhor tom amigável, para as fadinhas. Ele virou-se, sério, para Zada. – Zada, você precisa sair daqui. – disse ele, olhando, preocupado, para o pó brilhante que formava quase uma fumaça no quarto.

— Por... – Zada bocejou. – Quê...? – ela sentiu seus olhos pesarem.

— Zada? Zada! – chamou o livro, mas ela já adormecera novamente.

[...]

Zada acordou com os raios de Sol em seu rosto e se sentia muito bem disposta. Ela se sentou.

— Bom dia, Livro! – falou, sorrindo bobamente.

— Zada? Zada! Até que enfim você acordou! – exclamou Livro, do alto da cama.

Quase instantaneamente a cabeça de Zada doeu e todo o bem estar que ela sentira inicialmente se esvaiu.

— Ai, minha cabeça! O que aconteceu? – perguntou para ele.

— Eram fadinhas da Floresta Encantada, de Lyrian Días. – disse Livro. – Eu devia ter te avisado antes. Mas eram 20 e nós éramos só 2. – ele olhou a garota se apoiando na parede para se levantar. – Elas usam o Felicitis nas suas vítimas e sugam aos poucos a sua vitalidade. Mas o efeito só dura o suficiente para isso em seres vivos “normais”. E eu sou um livro mágico...

— E eu sou uma Tornacense. – disse Zada ainda com a mão na cabeça por causa da dorzinha irritante. – E o que a gente faz com elas? – perguntou ao livro.

— Temos que capturá-las. – ele disse, como se fosse óbvio. – Eu fechei todas as saídas da sua casa, então elas não poderão fugir. Eu só me pergunto por que ninguém do Departamento de Controle de Seres Fictícios não mandou ninguém até agora.

Apenas uma história...Onde histórias criam vida. Descubra agora