Capítulo 9 - Novos começos

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BELA

      Acordo com o sol entrando pelas cortinas verdes do quarto. Demoro a situar onde estou até sentir a agulha do soro no braço. A compressão da faixa presa no meu tórax aumenta quando me mexo; sinto um pouco de dor, mas menos que ontem e o alívio me inunda. Pela primeira vez me sinto segura. Não lembro quando dormi tanto. Escuto um suspiro baixo e viro para ver Theo, em todo seu tamanho dormindo no sofá.

      Vestindo calça preta de moletom e camisa de malha com manga longa, ele se passaria facilmente por um modelo de roupas esportivas. Parece ter uns 1,85m de altura, os músculos bem distribuídos indicam horas de treino em academia. As pernas são longas e fortes dando um ar imponente quando anda. Seu rosto é angular, o nariz é forte, porém proporcional, a boca é bem desenhada e possui uma pintinha no lado direito, acima do lábio superior e os olhos são bastante expressivos. Seu cabelo castanho médio é muito bem cortado, mas ele arruma de uma forma bagunçada e sexy. Não há nada nesse homem que seja comum. 

      É óbvio deve haver uma fila de mulheres esperando por ele. Talvez até uma namorada. Não vi aliança em nenhum dos dedos... não que seja da minha conta.

 não que seja da minha conta

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Este é Theo Reynold

(...)      

      Theo se mexe no sofá desconfortável e então abre os olhos lentamente se adaptando à claridade. Eu tento disfarçar que não estava olhando pra ele como uma maníaca. Mesmo acordando o homem parece recém saído de um catálogo de roupas masculinas.

- Bom dia. - Ele me dá um lindo sorriso preguiçoso, as pálpebras quase fechadas. - Dormiu bem?

- Eu... sim, dormi muito bem obrigada. - Coro facilmente e ele dá um sorriso afetado; o homem sabe que mexe comigo. - Você conseguiu dormir nesse sofá? Parece desconfortável. Me sinto mal por você.

- Já dormi em lugares piores pode acreditar. - Ele se senta esfregando o rosto e bagunçando ainda mais o cabelo sexy. - Além do mais eu não queria te deixar sozinha aqui. - Meu coração tomba apesar de eu não ter entendido o significado de suas palavras. Será que ele tem medo da minha mãe me achar?

- Gostaria de tomar um banho antes do médico chegar...tem problema eu ficar com o roupão? Minhas roupas estão imundas.

- Espere - ele anda até algumas sacolas na mesa do outro lado do quarto e volta até mim - eu pedi ao Andrew para trazer uma camisa minha pra você. Acho que vai funcionar por enquanto, você não é baixinha. - Seu olhar me percorre e cubro as pernas instantaneamente. Ele continua. - E ontem à noite no caminho do hospital ele comprou um tênis. Espero que não se importe de eu ter visto seu número. Seu pé é muito pequeno para seu tamanho.

      É verdade. Calço 37, porém tenho 1,77 de altura. Agradeço novamente e sigo para o banheiro. Outra sensação maravilhosa foi usar pasta de dente. Ultimamente só tinha uma escova e uma caixa de fio dental chegando ao fim. Foi milagre não ter tido nenhum problema dentário e meus dentes continuarem brancos como sempre. Após o banho, Beth ajuda a enfaixar meu tórax de novo, mas quando visto a camisa verde gigante de botões e manga comprida, fico parecendo um ratinho. O comprimento chega no meio das coxas. O tênis branco é lindo e combina com a camisa. O cheiro que sinto do tecido me deixa extasiada. Cheiro de Theo. 

      O Doutor Augusto, sempre atencioso, me receitou os remédios explicando quando deveria tomar e quanto retornar para a consulta; no final me abraçou e disse que tudo ficaria bem. Theo e eu andamos andamos até a área privativa onde o carro estava estacionado. 

Ele segurou minha mão, me ajudou a subir na SUV e perguntei para onde ele me levaria. - Vamos para minha casa -  ele disse me deixando receosa. Sempre achei que ele me colocaria em algum centro de tratamento. Ou na casa de alguém.

      Diferentemente da mansão dos meus pais localizada na parte mais agitada da orla, a casa de Theo fica numa área mais restrita da Praia Azul. É a praia mais badalada, o mar possui as águas mais calmas da região e um pouco mais quente também em vista das outras praias. Senti falta do meu bairro e apreciei a maresia enquanto crianças corriam pelas areias brancas. Era sexta, então as pessoas começavam a lotar o calçadão e mais tarde lotariam os bares. Quantos dias e noites passei aqui me divertindo com meus amigos. As corridas e mergulhos. Ou bebendo enquanto apreciava o por do sol. Parece que foi há anos.

      Paramos no final da avenida em frente a um portão enorme de ferro. Theo apertou um botão no painel do carro e o portão abriu rapidamente. Percorremos bons metros pelo caminho de pedras até a frente da casa onde uma área coberta que mantinha três carros estacionados: uma picape L200, um jeep Compass branco e um conversível azul que não reconheci, além de ainda ter vaga para mais dois veículos. A piscina fica na lateral direita da casa, depois de um jardim com gramado extenso e ao lado de um espaço gourmet com duas churrasqueiras e mesas.

     A mansão de três andares possui janelas amplas e um terraço aberto que se estende por toda lateral direita. É mais impressionante do que imaginei. Agora eu sabia quem era Theo Reynold, filho do magnata e poderoso empresário Antônio Reynold, que antes de morrer controlou toda a região dos lagos e boa parte do mercado imobiliário do Rio de Janeiro. Sem falar nos boatos sobre as fazendas de criação de gado e cavalos puro sangue que ele e o irmão Reynold seriam sócios. Todo o dinheiro era controlado por estes homens e, finalmente, entendi o motivo da minha mãe não tê-lo enfrentado ontem.

- Vamos? - Me tirando do meu devaneio e sem aviso prévio, ele estica a mão pegando a minha enquanto entramos na imponente casa.

- Vamos. - Sua mão segurando a minha é o incentivo que faltava para continuar. Sorrio para as novas oportunidades que a vida me deu.


Quando o Sol Nascer (Completo em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora