Capítulo 68 - Sacrifícios

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THEO

      Isso tem que acabar. Meses à procura de Beatriz e até agora nenhum resultado, nenhuma pista nova. Eu sei que existe muita corrupção por baixo do tapete em Santa Vitória, mas é impossível que essa mulher tenha mais poder do que eu nessa cidade. Não admito mais falhas.
Pressiono Marcus e o chefe de sua equipe, quero respostas quanto a absurda falha na contratação de um assassino para a festa de casamento do meu irmão. Por pouco não perdi a mulher da minha vida e de jeito nenhum podemos correr mais riscos.

      Depois que Bela foi para casa (nossa casa), passo algum tempo me despedindo dos convidados na festa atuando como se nada tivesse acontecido. Já no meu escritório passo quase duas horas com a equipe de segurança mapeando a possível localização de Beatriz e do homem identificado como Xande; passamos quase três horas fazendo uma varredura por todo o perímetro demarcado. Quando estamos a ponto de encerrar as buscas temporariamente, finalmente encontramos a casa.

      Fora da cidade e dentro da mata, a cerca vinte minutos de carro e mais de sete km, encontramos um casebre de dois cômodos e com indícios de uso recente. Já era manhã de domingo, portanto foi mais fácil vasculhar a casa sem iluminação. Dentro, em um sofá velho, encontramos algumas roupas femininas e uma calca jeans e camiseta masculinas; ao que tudo indica pertencem ao casal que procuramos.

Pego uma camiseta roxa e sei a quem pertence. - É de Beatriz. - Digo a ninguém exatamente, mas Marcus se aproxima lastimoso e um pouco envergonhado.

- Não sei como não identifiquei essa casa. Fica tão perto da entrada de Santa Vitória. Coloquei ótimos homens na busca.

- Tudo bem, Marcus - coloco a mão em seu ombro como conforto - você fez o melhor que podia. Seria impossível chegar aqui sem um 4x4 e fica fora de qualquer rota. Era verdade, não existia sequer sinal de celular, redes de telefonia ou energia elétrica em um raio de pelo menos cinco km adentro.

- Não existe nenhum sinal deles ao redor da casa - disse um dos seguranças que fez a ronda. - Uma fogueira esteve acesa a pelo menos 24 horas atrás, nos fundos da propriedade. Acredito que eles não voltaram depois que foram descobertos.

Fico apreensivo de repente por causa de Bela. Apesar de ter deixado quatro homens fazendo ronda na minha casa, não confio mais que Beatriz tenha um mínimo de consciência ou se preocupe com o fato de ser pega. Suas loucuras atingiram o ápice.

- Mario, Sandro, vocês ficam aqui e me avisem se Beatriz e Xande retornarem - disse Marcus - mas quero que fiquem escondidos para evitar confronto. Peguem os rádios com frequência por satélite da caixa no carro.

      Os homens fazem o que Marcus pediu enquanto tiramos fotos do local. Gravo um vídeo como prova de acordo com a orientação de Edgar e seguimos para a delegacia para contar o ocorrido ao novo delegado. Não entendo o motivo, mas o tempo todo sinto um aperto no peito, uma sensação de que alguma coisa está errada. Passa das seis da manhã quando terminamos na delegacia e eu finalmente decido ligar para Bela e saber se está bem. Na mata não foi possível fazer ou receber qualquer ligação. Olho a tela do celular e recebo inúmeras mensagens de tentativas de ligação e duas mensagens de voz. Todas do número fixo da minha casa.

      Imediatamente disco o correio de voz para ouvir o desespero. Bela.

(...)

Mensagem de voz 1

"Theo, me atende pelo amor de Deus. Beatriz conseguiu meu número. Não sei como! Ela diz que sua mãe está com ela. Eu procurei sua mãe e não achei. Os seguranças não viram nada. A câmera não mostra se ela voltou pra casa depois do casamento."

Quando o Sol Nascer (Completo em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora