Capítulo 13 - Mal entendidos

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BELA

      Você ainda não percebeu que as pessoas estão rindo de você, vira latas? Theo tem pena de você... todos nós temos. Então faça um favor e desapareça.

      As palavras de Tifany ecoam sem parar na minha cabeça e perco a concentração no que Anne Marie estava falando. Éramos duas deslocadas na festa e nos apoiamos mutuamente durante o interminável e depois dele. Quando a suposta namorada de Theo se aproximou de mim e disse aquelas palavras duras no meu ouvido, foi como um choque de realidade. Nunca imaginei que Theo fosse contar minha história para os amigos dele. Até minha nova amiga francesa percebeu que havia algo errado. Muito educada, não se importou que eu saísse da festa e disse que também pretendia chamar o noivo e dormir mais cedo. Eles estavam hospedados no primeiro andar da casa.

      Theo me assustou me encontrando no caminho para a casa e questionou o que Tifany havia me falado, mas preferi não falar nada para não me humilhar ainda mais. Foi um erro ter descido para a festa. Apesar de ter sido bem tratada, sei que foi unicamente por causa dos irmãos Reynold. As palavras venenosas me trouxeram de volta à realidade e me tranquei no quarto observando pela cortina da janela fechada enquanto Theo e Tifany conversavam na beira da piscina.

      Ela não tirava a mão dele, que apesar de tentar disfarçar, não se afastou. Pouco tempo depois eles seguiram juntos para o chalé e senti um aperto no peito. É lógico que ele não ficaria comigo... bastava olhar para nós duas  e entender que nunca tive chance alguma. Fecho as cortinas, coloco minha nova camisa/pijama do Theo e vou para a cama me repreendendo por ser tão ingênua.

(...)

      Acordo e vejo a hora no relógio de cabeceira: 05:18. Ainda está relativamente escuro e sei que não conseguirei dormir mais. Coloco uma calça de moletom que fica um pouco folgada devido ao meu peso, uma camisa de algodão, casaco de lã branco e sapatilhas. Todos foram presentes da família Reynold. Charlote fizera várias encomendas para mim e acho exagero quando vejo todas as caixas ainda fechadas no quarto. Porém me sinto muito grata.

      Desço e vou para os fundos brincar com Dido, mas hoje ele está preguiçoso e acho que tem relação com as vacinas. Deixo que ele descanse na nova casinha confortável e decido atravessar os portões da propriedade e atravessar a rua em direção à praia. Não está ventando e a maresia preenche o ar impregnando meu cabelo e roupas com o cheiro familiar. 

      Para mim não existe nada mais bonito no mundo do que assistir o nascer do sol. Trata-se de um hábito antigo e sempre fazia quando morava na minha antiga casa. É como se todos os seus sonhos, vontades, chances, coragem se renovassem naquele momento. Uma energia quase mágica que transborda.

      Me permito deixar tudo de ruim ir embora. Faço uma prece e medito até que sinto lágrimas grossas descerem pelo meu rosto. Não consigo parar até sentir meu corpo leve e a minha mente  mais tranquila, calma. Fico tanto tempo sentada ali observando o mar que perco a noção da hora.

(...)

      O sol está alto no céu no momento que saio da praia e vou para a cozinha de Jane. Passa das 07 horas e ela ainda não chegou, mas espero que não se importe que eu fique aqui. Adoro o espaço grande com bancadas em 3 cantos, a ilha no meio e uma mesa para 8 pessoas no lado direito. O fogão e os fornos ficam próximos à enorme janela colonial branca que proporciona uma vista linda para os jardins e piscina.

       Me preocupo com o café da manhã do enorme grupo instalado na residência, assim preparo café, três bolos simples e panquecas francesas, minhas preferidas. Jane chega animada e me dá um abraço de bom dia que me faz sentir querida.

Quando o Sol Nascer (Completo em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora