Capítulo 56 - Pesadelo sem fim

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BELA


      Assim que Theo me disse que precisaria ficar no Rio mais dias do que o esperado eu tive uma idéia: encontrá-lo em seu apartamento e aproveitar finalmente nosso final de semana no Rio. Na quinta falamos rapidamente antes de eu pegar estrada, meu motorista e guarda costas estavam esperando. Fiquei ansiosa para vê-lo a semana toda e mal contava os minutos para chegar. 

      Sabia da festa que Alesha estava dando, mas imaginei que pela hora não encontraria mais ninguém lá. Ou quase ninguém. Acertei quando Alesha abriu a porta para mim, seu olhar de escárnio automaticamente se transformou em surpresa e algo mais que não distingui imediatamente. Ela me deixou entrar, disse que Theo dormia. A porta estava entreaberta e assim que vi aquilo, não tive reação.

      Juliane andava no quarto enrolada numa toalha, Theo dormia profundamente só de cueca. Fiquei embasbacada olhando de um para o outro até reagir.

- O que está acontecendo aqui?!

- Você deve ser Bela. - a garota responde - Sou Juliane, a namorada do Theo. Sinto tanto que você descubra dessa forma!

- Descobrir o que?! - Estou pasma com tamanho absurdo. Só pode ser brincadeira.

- Theo me pediu para voltarmos e eu aceitei. Ele ia te contar tudo amanhã. - Então ela me mostra mensagens enviadas por ele, reconheci o número. Várias declarações que ele fez na terça-feira, que ela era o amor dele, que sentia saudades, que a queria de volta. Disse que eu era uma substituta ruim. Sinto tanto nojo que quero vomitar.

      Olho para ele pela última vez antes de sair do quarto. Não sei pra onde ir, peço para meu segurança voltar e decido por ficar num hotel, afinal o motorista me atendeu o dia todo e está cansado. Voltaremos amanhã para Santa Vitória e nunca mais olharei para Theo novamente.

(...)

      Um dia se transformou em uma semana. Pedi a Luis que ficasse em meu lugar enquanto viajava. Ele estava apto para tomar qualquer decisão, mas se tivesse dúvidas poderia me procurar. Ninguém sabe meu destino e nunca saí do Rio. Meu motorista e segurança foram fiéis a mim e dessa vez até Edgar ficou no escuro. Troquei novamente meu número em apenas duas semanas e apenas dei a Luis, Íris e Edgar que prometeram não passar para ninguém, principalmente Theo. Minha amiga sabia o que aconteceu e queria matar o cunhado. Disse para não se preocupar e logo tudo estaria bem.

      Ele partiu o meu coração. Esmagou, pisou e depois cuspiu. Nunca senti essa dor horrível, de perda. Nem quando papai faleceu me senti tão abandonada. Saber que Theo ia me deixar pela ex foi o estopim que precisava para explodir. Aluguei um apartamento de um hotel renomado no Leblon e me isolei da forma que precisava. Chorei, gritei, não quis comer e depois comi muito chocolate. Por fim entendi que não adiantaria mais sofrer por alguém que não me amava. Se eu tinha sobrevivido à Amanda, eu aguentaria qualquer coisa.

      Portanto na sexta-feira seguinte bem cedo eu voltei para a minha cidade e fui direto trabalhar. Estava péssima, olheiras e abatida, mas a vida deveria seguir. Ninguém me perguntou da minha ausência quando olharam para mim. Acho que no fundo todos entendiam e simpatizavam o pesadelo familiar que estava vivendo.

- Fico feliz que esteja de volta, Bela. - Luis me recebe com um sorriso amigável.

- Também estou feliz. Principalmente porque cuidou de tudo de última hora. Obrigada Luis, por tudo. - Decido que ele merece um aumento por ser mais que meu gerente de finanças. Ele é meu vice-presidente e o promoverei da forma que deve ser.

- Theo Reynold te procurou... - engulo em seco - todos os dias. Ele veio aqui ou ligou todos os dias da última semana. Disse que não conseguia falar com você, mas fiz o que pediu. Guardei seu número.

- Obrigada Luis. Gostaria de um último favor hoje, peça que a entrada do senhor Reynold seja proibida aqui. As ligações devem ser evitadas também.

      Ele me olha surpreso, mas concorda e faz o que pedi. Passamos o resto do dia trabalhando em minha sala. Várias vezes recebo aviso de que Theo tentou entrar, mas foi bloqueado. Inclusive agrediu um dos seguranças, mas não foi grave. Por volta das nove da noite saio da empresa esgotada mentalmente. 

      Quando chego em casa eu vejo o carro de Theo; meu sangue congela nas veias. Ele desce apressado, vem em direção ao meu carro e digo ao motorista para ignorar. Theo está transtornado, a barba grande, os cabelos revoltos (mais que o normal), ele grita. Suas roupas estão desalinhadas e eu não entendo o que faz aqui. eu vi as mensagens, vi o número dele. Entramos na garagem e eu subo sem olhar para trás. 

      Trabalho sábado e domingo da mesma forma que antes. Dido, Cacá e Sebastião ainda estão na casa dele e eu morro de saudades dos meus bichinhos, mas quando tentei buscá-los Theo mandou recado de que eu mesma deveria ir e covardemente neguei. Talvez precise pedir a ajuda de Edgar, mas não quero envolvê-lo em mais um assunto quando está sobrecarregado. Theo continuou no meu portão no final de semana, gritava meu nome, o de Marcus ou quem passasse na hora. Não entendia... dei a ele o que quis, mas ele insistia aqui. Meu coração estava em frangalhos. Era um pesadelo que nunca acabava.

Quando o Sol Nascer (Completo em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora