Capítulo: 2

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Dulce María esfregou os olhos quando os raios de sol da manhã banharam-lhe o rosto em cheio através da janela. Por um minuto, sentiu-se desorientada, como se tivesse voltado ao tempo. Foi ali que passou seus verões até a época da formatura do colegial. Os tios tinham- na deixado escolher a decoração daquele quarto que era seu. Quando ficou mais velha, opitou por uma decoração moderna nas cores preto e branco...um quarto austero, prático, para contrabalançar o palacio da Barbie em tamanho natural que os irmãos tinham criado pra ela em seu quarto no Distrito Federal.

O quarto fora um templo a sua adolescência e pureza. E céus, entre vigilância de seus dois irmãos e os sempre atentos tios, sua inocência merecera um.

Espriguiçando-se, ela deixou a cama devagar e adoantou-se até a comoda. Olhou para a as fotos de seus pais, tiradas à nove anos, logo antes do fatal acidente de carro. Ainda sentia falta deles, como se tudo tivesse acontecido recentimente.

Perguntou-se o que teriam dito sobre sua inflação da noite anterior. Ninguém de sua familia jamais fora detido por excesso de velocidade, muito menos por suspeita de porte de drogas. Céus, como pôde cometer uma distração imperdoável daquelas!

Aquele chefe de policia devia ter-se mudado para San Antônio depois da formatura do colegial dela, pois nunca o virá na cidade antes. Ele certamente tinha um sorriso agradável para um policial. Mas por absolutamente nada no mundo ela se envolveria com um policial, já havia excesso de policiais demais em sua vida.

A voz da tia interrompeu-lhe os pensamentos.

- Hora de comer!

- Já estou indo, tia Margarida. - respondeu ela. - estarei ai em um minuto. - falou colancando os chinelos e descendo a escada antiga de madeira para desfrutar do que a tia sempre chamava de " Um bom e reforçado café da manhã".

Ela estava ocupada diante do fogão, os cabelos grisalhos presos num coque. Dulce deu-lhe um abraço por trás, os braços mal conseguindo contornar a cintura larga da mulher mas velha.

- Dormiu bem querida?

- Como nunca. - Dulce sorriu e lançou um olhar no prato repleto de tacos a sua espera na mesa. O tio Nicolas já estava sentado em seu lugar de costume, o rosto escondido atrás do jornal local, O Sentinela.

Aproximando-se ela afastou o jornal para vê-lo.

- Bom dia tio. - disse enquanto o irmão do seu falecido pai lhe deu um sorriso caloroso.

- Bom dia, doçura. - falou enquanto Dulce observou o jornal com interesse.

- Já terminou de ler os classificados?

- O pouco que há deles. - O tio entregou-lhe uma única página de jornal.

- Só isto?

- San Antônio não é uma cidade grande como a Grande Monterrey ou a Capital do pais querida. - falou a tia, servindo-lhe uma xicara de café fumegante.

- Para que precisa dos classificados? - indagou o tio. - Vc já tem um emprego.

- Preciso de um lugar pra ficar.

- Vc já tem um lugar pra ficar. Aqui mesmo, no seu antigo quarto. - protestou ele, franzindo as sobrancelhas grisalhas e espessas.

- O senhor soa exatamente como meus irmãos tio. Eles andaram lhe telefonando? Já estão querendo saber a meu respeito.?

Corando Nicolas tornou a afundar o rosto no jornal.

- Vc sabe que é muito bem vinda pra ficar aqui. - Sorriu a tia, enchendo-lhe também um copo com suco de laranja.

Meu Irresistivél VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora