Capítulo: 5

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        Estar no interior do mesmo veículo com ele era mais dificil do que organizar centenas de fichas, concluiu Dulce María. Não podia negar sua forte atração por Alfonso, mas tinha que ignorá-la. Tinha de esquecer como se sentira enquanto haviam estado sentados lado a lado à mesa da biblioteca. Tinha de desenvolver algum bloqueio mental no que dizia respeito ao carisma e à Incrivél aparência dele. Tinha de lembrar, acima de tudo, que por trás daquele irresistivél magnetismo, voz sexy e corpo de tirar o fôlego, havia mais um policial como seus irmãos.

         Numa questão de minutos, Alfonso parava a viatura na entrada de sua garagem. Contornando a frente do carro, abrindo-lhe a porta do passageiro feito um perfeito cavalheiro.

- Obgd! Pelo serviço de escolha. - disse ela, descendo da viatura. - Estou livre para ir, chefe Herrera, ou quer inspecionar minha casa primeiro para ver se esta segura antes de eu entrar?

- Não é uma má ideia. - Alfonso adiantou-se na direção da porta da frente dela.

- Ei, eu só tava brincando. Boa noite, policial.

- Boa noite... Vizinha.

        Ele a observou até vê-la desaparecendo no interior da casa e fechando a porta.

   Vencendo os poucos passos até sua própria varanda, deu-se conta de que ter estado tão perto de Dulce sem poder tocá-la o deixou tenso como nunca. Aos vinte e sete anos, considerava-se um homem bastante equilibrado, tranquilo e controlado, mas num periodo de tempo espantosamente curto, Dulce María Espinosa Saviñon conseguiu deixar tanto suas emoções quanto seus hormônios em um caos.

    Trancando a porta da frente atrás de si, Alfonso adiantou-se até a cozinha, pegando uma lata de soda e uma maçã da geladeira. Rumou, então direto até os seus aparelhos de ginástica, que mantinha no quarto extra. Sob as atuais circustâncias, uma boa e árdua série de exercício talvez fosse tão eficaz quanto um banho gelado para aplacar o fogo que corria pelas veias. Talvez, daquele modo, conseguisse tirar uma certa e linda jovem de sua mente.

    Mas uma hora e muitos exercicios depois, Dulce continuava povoando seus pensamentos. E certamente seria a sensual protagonista de seus sonhos também.

                       xxx

(...)

- Pare!

    Ignorando propositadamente o grito que emergiu da casa de seu vizinho intrometido, Dulce continuou subindo na velha mesa de vime que encontrará no bazar da igreja por umas pratas. Enquanto estendia os braços para desenroscar a lâmpada queimada no teto da varanda, sentiu as mãos de alguém agarrando-a pela cintura e acolocando-a sem cerimônia de pé no chão.

    Determinada, ela girou nos calcanhares, lançou um olhar atravessado ao intruso, sem realmente observá-lo, e tornou a se adiantar até a mesa. Já estava irritada o bastante com o que leu no jornal naquela manhã. A "Assuntos da Cidade", a coluna intrigante que não deixava nada a desejar aos piores tablóides de cidade grande, estava sem duvida passando dos limites.

Que tipo de assuntos a bibliotecária da cidade e nosso admirado chefe de policia tem numa biblioteca pública à meia noite?
Assuntos do Coração, talvez?

    Dulce ficou chocada quando leu aquilo. Que audácia! E o culpado pelo fato de sua boa reputação esta indo por água abaixo encontrava-se em sua frente, prestes a se meter em sua vida mais uma vez.

   Endireitando os ombros, o queixo erguido com obstinação, Dulce preparou-se novamente para subir na mesa. Daquela vez, Alfonso a pegou antes que ela sequer tivesse chance de tocar na mesa. Virando-se ligeramente, ele colocou-se entre ela e o objeto em questão.

Meu Irresistivél VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora