Capítulo: 15

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Alfonso estava na soleira da frente...aquela sem porta graças a seus subordinados. Observando os irmãos de Dulce enfim deixarem a casa no carro de Nicolas. Sairam cantando pneus e deixando um rastro de poeira atrás.
Deveria persegui-los e dar aqueles cabeças duras uma multa. Ou deveria prendê-los por terem-lhe apontado uma arma carregada ou melhor duas armas carregadas. Deveria colocá-los atrás das grades por terem arruinado a melhor coisa que já estivera lhe acontecendo.
Ora, a audácia dos dois o chamando de pervertido e insinuando que gostava de usar aquele robe cor de rosa. Alfonso estremeceu, apesar da jaqueta de couro forrada que usava por cima do agasalho.
Ele começou a recolher os pedaços restantes da velha porta do chão da sala de estar, embora seu corpo ansiasse por repouso. A cabeça latejava a cada vez que se inclinava pra pegar um pedaço de madeira partida.
Na metade da limpeza, decidiu encerrar a noite. Um bom banho quente faria sentir-se melhor.
Com o vapor preenchendo o banheiro, ele manteve-se debaixo do chuveiro, deixando que a água lhe massageasse o corpo dolorido, pensando em sua quase noite de paixão. O que deu errado? Primeiro Dulce o nocauteou literalmente apenas para conseguir um beijo. Depois, ela se aninhara junto a ele na própria cama. Agora, não queria vê-lo nem pintado de ouro. Ambos tinham voltado à estaca zero. Droga! Ele não sabia mais se os dois estavam querendo as mesmas coisas a final.
Dul... Ele fechou os olhos, lembrando-se do perfume dos cabelos dela. Da cor de seus olhos, da maneira como mordia o lábio inferior quando estava concentrada em algo, de sua suavidade. Pequenas coisas e ele lembrava de todas. O fogo do desejo alastrou-se instantaneamente por suas veias, e ele olhou pra o regulador de temperatura do chuveiro. Apesar da concussão, um banho frio talvez não fosse má ideia.

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Dulce não deveria ter-se a ir a casa dos tios para o almoço de Ação de Graças, mas no momento, preferia esta em sua cama, consumindo-se em auto miseração.
O perfume de Alfonso ainda estava nos lençois. Odiava-o, tentou se convencer. Depois admitiu que o adorava e jurou que jamais tornaria a lavar aqueles lençóis nos quais ele estivera deitado quatro dias atrás.
Abrindo Promessas Eterna de Amor... O livro de ambos...começou a ler. Quando chegou a última passagem em que ela e Alfonso tinham lido juntos sentiu os olhos marejados.
A campanhia tocou, sobressaltando-a. Ajeitando melhor em torno do corpo o robe cor de rosa que ele usou por cima dos ombros, ela resolveu ignorar a visita indesejada e virou a página do livro.
A campanhia tornou a tocar. Leu mais uma passagem. Ao terceiro toque, gritou contrariada em resposta:

- Vá embora! Não há ninguém em casa.

- Dulce María Espinosa Sarviñon, esta frio aqui fora. Vai me deixar entrar o seus vizinhos encontarão meu corpo congelado na sua varanda amanhã de manhã?
Mesmo com a inclinação da tia para o drama, Dulce ouviu o uivo do vento e soube que fazia bastante frio do lado de fora. Com um suspiro, levantou-se e adiantou-se até a porta da frente. Um olhar ao espelho na parede da sala só a deixou mais deprimida. Um rosto pálido, com sombra escura sob os olhos vermelhos e inchados pelas lágrimas e cabelos despenteados encarou-a do outro lado do espelho. Ótimo parecia tão arrasada quanto se sentia.
Abriu apenas um pouco da porta e olhou pra fora.

- Está sozinha? Não quero ver homem algum hoje, nem mesmo tio Nicolas.

- É claro que estou sozinha. Os homens estão repetindo a torta de abóbora e assistindo ao futebol sentados diante da Tv, nem sequer notaram que sai.

Margarida arregalou os olhos quando a sobrinha abriu a porta lhe dando passagem.
- Céus vc esta péssima. - Metendo-lhe uma sacola de papelão nos braços, começou a retirar seu casaco. - sabe, eu não entendo vc e Alfonso. Estão sendo tão tolos. Vc se recusou a tomar parte de um excelente almoço de Ação de Graças, e ele também não apareceu.

Meu Irresistivél VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora