Capítulo: 9

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        A igreja estava apinhada na manhã de domingo, Dulce ocupando um dos poucos lugares vazios na última fileira de bancos. A congregação estava de pé, terminando de cantar um hino, quando as pessoas do banco começaram a dar passagem a alguém que chegou atrasado.
     Alfonso Herrera.

        Achando-se uma tola pelo descompasso de seu coração, Dulce resolveu ignorá-lo. Até que se deu conta de que todas as pessoas a sua volta esperavam que se movesse para o lado, para que ele tivesse um lugar pra se sentar.

         Sem se mexer um milimetro sequer, ela tornou a sentar-se depressa quando o hino terminou, ganhando murmúrios de reprovação das senhoras da igreja. Tinha certeza de que se o ignorasse, Alfonso entenderia o recado e escolheria outro lugar para oculpar. Engano seu. Com um largo sorriso, ele passou por cima de Dulce, roçando o máximo que pôde de seu corpo no dela...o que a fez prender a respiração... Até alcançar o lugar vago do outro lado de suas pernas imovéis.

        Alfonso sentou-se ruidosamente no banco, pressionando a coxa junto à dela. Lançando-lhe um olhar contrariado, Dulce tentou afasta-se um pouco, ansiosa por escapar do efeito que o homem lhe exercia, mas não teria como fazê-lo sem colidir com a outra pessoa a seu lado. Que atrevimento do homem, agindo de maneira tão inconveniente. E bem na frente do reverendo Layton e de toda a congregação! Não bastara o pastor tê-los visto numa pose supostamente comprometedora daquela vez na varanda? Sem mencionar o que a coluna de mexericos continuava publicando sobre os dois,

      Ela mal pôde acreditar quando leu a nota daquela semana:

Pelo que soubemos, o chefe de policia e a bibliotecária andam dividindo algumas tarefas domésticas nos últimos tempos. Será que têm planos...para subirem ao altar?

Assuntos da Cidade.

Céus, houvera algum paparazzo empoleirado no alto de uma das árvores no quintal dos fundos da casa da tia? Como aquelas pessoas conseguiam ser tão bem informadas? Por que não tentavam um emprego nos tablóides das cidades grandes e a deixavam em paz de uma vez por todas?

       Sentindo o calor do corpo de Alfonso junto ao seu no banco, ela fez nova tentativa de encolher-se o mais que podia para escapar, mais foi em vão.

- Afaste-se um pouco, vc está me apertando! - Seu susssurro foi alto o bastante para atrair varios olhares curiosos dos bancos mais proximos.

        Mantendo os olhos respeitosamente no reverendo, Alfonso aproximou-se ainda mais dela e passou o braço pelo encosto, quase tocando o ombro dela. Respirando fundo, Dulce fechou os olhos e tentou concentrar-se apenas nas palavras do hino seguinte. Seu corpo inteiro vibrava e tinha certeza que que acabaria sendo fulminada por um raio divino a qualquer momento por causa das imagens impuras que foram passando por sua mente atordoada.

        Alfonso observou-a com um sorriso amplo e satisfeito quando o reverendo iniciou seu sermão do dia: O Amor é a Resposta.

                                         xxx

             Dulce María havia decorado cada cômodo de sua casa, incluindo a cozinha e o banheiro, para o feriado de Halloween. Os primeiros visitantes da noite chegaram, e ela adiatou-se para atender a porta.

- Travessuras ou gostosuras? - Quatro garotinhas fantasiadas a olharam com ar expectante.

         A amiga dela de infância Maite Perroni, vestida como cigana seguiu-as pelos degraus da varanda e entrou na casa. Abrindo caminho pelas varias pilhas de livros ao redor, avisou as filhas para que tomassem cuidado pra não tropeçar em nada.

Meu Irresistivél VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora