Ela não viu Alfonso durante o restante da semana e, ironicamente o fato só a inquietou ainda mais. Ansiosa, esperou que ele aparecesse a sua porta a aqualquer momento. Por volta do final da tarde de sexta feira, ele ainda não se materializara.
Talvez ela tivesse agido com pouco tato na maneira como recusou o convite dele pra sair. Começando a questionar a sensatez da regra que impusera a si mesma de não vê-lo mais, de se distaciar, reavaliou suas próprias exigências. Quando tornasse a vê-lo, remediaria aquilo. Deixaria claro que mudara de idéia...não havia poblema em conviverem como amigos e vizinhos, mas nada mais. Queria-o tanto... Como amigo, lembrou a si mesma.
No alto da escada, grata por ter ido trabalhar com calça de lã escura, ela recolocava livros devolvidos em seus lugares nas prateleiras quando ouviu alguém limpando a garganta. Sabia que ele não ficaria longe por muito tempo. Ainda se mantendo de costas para o visitante, disse:
- Bem, já era tempo de vc aparecer. Eu estava começando a achar que estava me evitando de propósito. Ouça, mesmo que não possamos ter encontros românticos, não há razão para não sermos amigos. Afinal somos vizinhos e estou disposta a fazer uma tentativa. Sabe de uma coisa? Eu o convido para um hambúrguer na lanchonete da rua principal quando a biblioteca fechar. Conclui que talvez eu tenha sido um tanto precipitada...
- Essa deve ter sido a melhor oferta que já recebi o dia todo. Ou ao longo desta semana, na verdade. - A voz era decididamente masculina, mas não se aparecia nem um pouco com a de Alfonso.
Dulce virou-se na escada. Um par de olhos azuis cintilou na sua direção. Dizer que ela estava mortificada era pouco. Aquela fora a única vez em sua vida inteira que tomou a iniciativa para convidar alguém para um encontro e acabara sendo o homem errado.!
- Vc não esta se lembrando de mim, não é mesmo Dulce Maria? - O recém-chegado exibia um sorriso de orelha a orelha
O sorriso era familiar, mas ela não queria admitir que não fazia absolutamente a menor ideia de quem era aquele homem. Já se sentia tola o bastante da maneira como as coisas estavam.
Observando-o discretamente enquanto descia a escada, viu que era alto e atlético, seu fisico semelhante ao de um corredor. Os traços eram bonitos, os cabelos loiros e ondulados. Poderia se dizer que era tão perfeito quanto um galã de cinema. Mas não a atraia nem um pouco, era realmente curiosa aquela quimica que existia apenas entre determinadas pessoas, pensou a imagem de Alfonso passando-lhe pela mente.
Tratando de afastar o pensamento incoviniente, ela fez uma breve pausa na escada e fechou os olhos, tentando se lembrar de seus amigos e conhecidos de San Antônio. Abrindo um sorriso acabou de descer.
- Sebastian? Sebastian zurita? Ha anos que...
O sorriso no rosto dele alargou-se.
- Os negócios estavam devagar na funerária e, portanto eu decidi vir dizer "Olá" a nossa nova bibliotecária. E ver se ela estava livre pra jantar.
- Livre pra jantar? Bem, eu não... Quero dizer, não posso... - Dulce vasculhou a mente em busca de possiveis pretextos.
O Sebastian que conhecia do seus verões na picina comunitária foi uma especie de versão tétrica do gozador da turma, com uma inclinação para fazer brincadeiras macabras e de péssimo gosto. Ele parece adorar o fato de ser filho do agente funerário da cidade.
- A sua oferta de minutos atrás não foi um autêntico convite para jantar? - interrompeu-a ele, esperançoso.
Ela repreendeu a si mesma de imediato por ter feito uma pergunta tão importante sem ter se virado para verificar a quem estava perguntando. Não se sentia com a menor disposição para sair com Sebastian, mas talvez aquilo abrandasse um pouco os rumores em torno dela e Alfonso.
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Meu Irresistivél Vizinho
Romance👉Um emprego numa pacata cidadezinha do interior era tudo que Dulce Maria precisava para tornar-se independente e viver longe dos irmãos que , por serem mais velhos e oficiais de policia, jugavam-se o direito de controlar sua vida. Porém, quando o a...