Capítulo: 8

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       Dulce jamais havia se sentido tão confusa em toda sua vida. Nunca mais queria ver Alfonso e, ao mesmo tempo, não queria ficar longe dele um minuto sequer. Só podia esta perdendo o juizo. Mas o fato era que não conseguia tira-lo de seus pensamentos. A situação chegava a um ponto em que sua fixição pelo sexy chefe de policia local afetava por completo sua concentração, dia e noite. Tinha dificuldade em pegar no sono. Enquanto, enfim, conseguia, seus sonhos eram invariavelmente povoados por Ele.

         Obrigando-se a pensar em outra coisa ela correu os olhos em torno da sala de jantar da tia Margarida e deixou que antigas lembranças oculpassem sua mente... A comemoração que os tios haviam lhe praparado ali quando se formou no colegial na Capital, afesta surpresa para o aniversário de cinquenta anos da tia Margarida...

       Aquela também seria uma noite especial, a de um jantar intimo que a tia preparou para celebrarem o aniversário de Nicolas Espinosa, irmão do falecido pai dela. Ela ficou responsavel por arrumar a mesa, Dulce abriu as portas e gavetas da cristaleira da tia e começou a tirar dali a melhor toalha de linho bordada, o delicado jogo de jantar de porcelana de motivo floral, os cristais e os talheres do faqueiro usado em ocasiões como aquela.

         Recuando um pouco da mesa, ela admirou o resultado. Três lugares postos com precisão simétrica e muito carinho. Sim, tudo estava perfeito para celebrarem os sessenta anos de seu querido tio. Ela deu mais um passo atrás e colidiu com algo sólido. Algo musculoso. E bastante, bastante músculo.

- O que? Apenas três lugares à mesa? Vc não vai jantar conosco?

        Ela virou-se ao som familiar da voz possante e deparou-se com ninguém menos do que o objeto constante de seus pensamentos.

- Alfonso, vc não deveria esta aqui. - sussurrou-lhe.

- É o que vc pensa.

    Dulce encarou-o e, pondo as mãos na cintura, franziu o cenho.

- Então, quem o convidou? - perguntou, desafiadora. - Eu me lembro nitidamente de ter lhe dito que não socializo com policiais.

- Mas seus tios sim. - Ele apontou para um lugar na grande mesa retangular. - É ali que sempre sento. Pode colocar meu prato e talheres lá.

- Não, vc pode colocar seu prato e talheras onde bem entender. Eu terminei de arrumar a mesa.

      Lançando-lhe seu sorriso mais encantador, Alfonso segurou o queixo dela, delicado por um instante. Não podia acreditar que a memoria dela fosse tão fraca. Não haviam trocado um beijo sensacional poucos dias antes? Tinha sido feitos um para o outro. Mas aquela cabecinha- dura lhe daria ouvidos? Era evidente que não.

       Até então, suas tentativas de despertar o interesse de Dulce María tinham sido, no minimo, desastrosas. Não se lembrava de já ter tido problemas semelhantes com mulheres alguma em sua vida antes. Nem de nenhuma que já o tivesse afetado tanto. Concluiu que uma mudança drástica de tática funcionária melhor. Afinal, não havia como se sair pior do que até o momento, argumentou consigo mesmo.

        Adotaria outra estratégia. Usaria o plano B. Seria alegre, espirituoso, charmoso e cativante. Podia fazer aquilo. Além do mais, estava passando uns maus bocados ao manter aquele distanciamento dela que se impós.

- Dul. - disse num tom galante, como se nada tivesse acontecido. - Gosto desse nome.

- Bem, eu não. - Ela o estudou com ar desconfiado.

- Oh, Dul - Alfonso sacudiu a cabeça. - Apenas para que saiba, sua tia teve pena de um sólitario, patético e faminto solterão e me convidou para o jantar de aniversário do Sr. Nicolas. Tenho de lhe dizer, ninguém faz um assado e um molho como Margarida Espinosa. A comida dela tornou-se uma lenda local. Só de sentir o aroma da cozinha já fico com água na boca. - Ele respirou fundo com ar de apreciação.

Meu Irresistivél VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora